De São Paulo ao Rio de Janeiro com o VW Taos, e lá passar uma semana explorando o que a Cidade Maravilhosa tem de melhor. A bordo eu, duas acompanhantes, cachorro pequeno e bagagem sem miséria. Um suve como o Taos se justifica nestes momentos, quando é preciso conforto e espaço. Não senti falta de nem uma coisa, nem de outra.
A tralha familiar não ocupou nem 70% do espaço do porta-malas. Ponto para o Taos, que no segmento é o melhor neste item, vencendo o Jeep Compass por 22 litros e o Toyota Corolla Cross por 30 litros. O porta-malas do Taos tem formas internas regulares, iluminação decente, quatro olhais fixos para amarração de carga nas paredes próximas ao assoalho, gancho para sacola de pequenas compras e acessibilidade ótima.
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O desnível entre assoalho e a borda inferior de entrada existe, mas não é exagerado. A tampa pode ser aberta por tecla na chave-canivete ou por botão na tampa, situado onde seu dedo acha que ele estará, sem pegadinha. O estepe, temporário (T125/70R 18), está sob uma placa resistente, forrada de ambos os lados, e que pode ser retirada. O que poderia melhorar? Haver uma proteção plástica ou metálica na face superior do para-choque, lugar suscetível a riscos no embarque e desembarque da carga.
Algo mais? Sim: rebati o encosto do banco traseiro, dividido 30:70 (onde há uma prática portinhola escamoteável no apoio de braço central, dotado de porta-copos). Infelizmente, o plano de carga formado com os encostos rebatidos não é… plano! Termino falando da tampa que esconde a bagagem, de plástico rígido forrado, mantida erguida por cordinhas: gosto desta solução, preferível ao sistema tipo flexível enrolável, mais frágil.
Abasteci para a viagem com gasolina, visando o melhor alcance possível tendo em vista o Taos não ter um tanque grande. São 51 litros e, na hora do abastecimento, a bomba disse 53,3 litros. Normal, tendo em vista a tubulação, variação dimensional e… também o fato de ter levado o indicador de alcance do computador de bordo ao zero! Não façam isso: o risco de pane seca é grande — dá multa e é tremendamente perigoso em tempo de alta criminalidade. Todavia, para fins do nosso teste, considerei válido “secar” qualquer traço do combustível anterior, álcool, o tanto quanto possível.
O VW Taos tem quatro modos selecionáveis que determinam diferentes parâmetros para motor, resposta do volante e câmbio e climatização. São eles “Normal”, “Eco”, Sport” e “Individual”, sendo que neste último, como o próprio nome indica, o condutor escolhe os parâmetros que deseja em cinco itens: Transmissão (normal, sport ou eco), Direção (normal ou sport), Climatizar (normal ou eco), ACC (comfort, nornal ou sport) e Assistência de luzes (normal ou sport).
Na semana inicial deixei o Taos o tempo em modo Normal, todavia, no percurso rodoviário rumo ao Rio de Janeiro, metade trajeto fiz em Normal, metade em Eco. Não mudei meu padrão de condução, mas notei que o consumo indicado baixou em cerca 0,5-0,8 km/l. Efetivo, portanto, principalmente pela condição de uso favorável: rodovia plana, velocidade constante, quase sem trânsito.
Quase? Sim, quase: já no estado do Rio de Janeiro, próximo a Queluz, uma forte chuva acompanhada de vendaval fez cair uma árvore de grande porte na pista sentido São Paulo da Via Dutra, mas o efeito curiosidade resultou em um congestionamento de cerca 15 minutos de duração, útil para testar o ACC: controle de cruzeiro adaptativo acionado, a velocidade impostada — qualquer que seja — se reduz automaticamente conforme o veículo à frente diminui a velocidade. Quando o trânsito parou, se o prazo de imobilização for curto, o Taos volta a andar sem que seja preciso fazer nada. Um conforto e tanto.
Na chegada ao Rio de Janeiro, os efeitos de um temporal mais o horário, fim da tarde, implicaram no trânsito lento em cerca de 20 quilômetros de trajeto urbano. No destino, o veredito: 11,4 km/l, média horária de 60 km/h, 7h23 minutos de viagem para um trajeto de 443 km totais. Porém, mais importante do que os números, foi a certeza de ter feito uma viagem segura, em um automóvel eficiente e confortável, com boa reserva de potência e que agradou a todos a bordo. Até o cachorro, que dormiu o tempo inteiro…
Trajetos urbanos sempre feitos em vias sem congestionamentos marcaram o período do Taos na Cidade Maravilhosa. Em um passeio a Niterói, partindo do bairro da Gávea, fiz um trajeto ida e volta de 98 km a uma média de 20 km/h, gastando 1 litro para cada 8,5 km. Em outro passeio, com topografia mais malvada, a média de velocidade foi de 13 km/h e consumo de 7,1 km/l. Cifras que reputo um bom “cartão de visitas” sobre a eficiência do trem de força do Taos, lembrando que a seleção do modo de condução ficou sempre em Eco.
Registro: um paulistano que dirige no Rio de Janeiro continua notando – como quando fiz isso pela primeira vez nos anos 1970… — que lá o ritmo é mais… despachado, fluido. As vias expressas merecem tal nome, os limites de velocidade não são excessivamente baixos (e exageradamente mutáveis) como em São Paulo, e que de um modo geral, ao menos na orla, a qualidade da pavimentação é melhor. Ah, e as faixas rolamento têm largura decente, não o espreme-espreme da capital paulista.
De volta à São Paulo, mais uma viagem excelente e na qual usei bem mais o controle de cruzeiro por conta do trânsito tranquilo. Sempre com gasolina no tanque — abastecer no Rio de Janeiro foi traumático: R$ 7,49 o litro, um real mais caro do que em São Paulo — na volta o consumo foi melhor que na ida, 11,8 km/l, e média horária bem superior, 70 km/h, para uma viagem de seis horas cravadas, 1h23 minutos mais curta.
Reclamação a bordo apenas uma: o sistema de ar-condicionado, mesmo estando selecionadas apenas as saídas do painel, “sopram” ar frio nos pés de condutor e passageira. Solução? Direcionar ao para-brisa, o que tem como consequência aquela condensação externa chatinha. Será que esta é uma característica do Taos ou um “tique” de nossa unidade de teste? Vou investigar.
Próximos passos no Teste de 30 Dias: voltar ao álcool a título de contraprova, e realizar mais uma viagem, eventualmente com a (má) intenção de usar o Taos de maneira algo mais animada, em percurso mais tortuoso. Apesar de ser um suve familiar, a percepção é que o bom acerto de suspensões e o conjunto vigoroso formado pelo motor turbo e câmbio epicíclico, que possibilita trocas pelas borboletas ao volante, assim como pela alavanca, merece ser explorado mais esportivamente.
RA
Leia a 1ª semana
(Atualizada em 15/01/21 às 22h40, alteração da legenda da última foto)
Volkswagen Taos Highline 250 TSI
Dias: 14
Quilometragem total: 1.488 km
Distância na cidade: 672 km (45%)
Distância na estrada: 816 km (55%)
Consumo médio: 9,3 km/l
Melhor média (etanol): 9,6 km/l
Melhor média (gasolina): 13,8 km/l
Pior média (etanol): 4,5 km/l
Pior média (gasolina): 5,2 km/l
Média horária: 35 km/h
Tempo ao volante: 42h46 minutos
FICHA TÉCNICA VW TAOS HIGHLINE 250 TSI | ||
MOTOR | ||
Designação | EA211 R4 TSI | |
Descrição | 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, 4 válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas, correia dentada, variador de fase admissão e escapamento, atuação indireta por alavanca-dedo roletada com fulcrum hidráulico, aspiração forçada por turbocarregador com interresfriador, coletor de escapamento integrado ao cabeçote, injeção direta, gerenciamento Bosch MED, flex | |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5 x 80 | |
Cilindrada (cm³) | 1.395 | |
Taxa de compressão (:1) | 10 | |
Potência máxima (cv/rpm, G ou A) | 150 / 5.000~5.250 | |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 25,5 / 1.400~4.000 // 25,5 / 1.500~4.000 | |
Comprimento da biela (mm) | 139 | |
Relação r/l | 0,287 | |
TRANSMISSÃO | ||
Câmbio | Transeixo dianteiro com câmbio automático epicíclico Aisin AQ250-6F de 6 marchas à frente e ré, conversor de torque com bloqueio e controle de neutro, tração dianteira | |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,459; 2ª2,508; 3ª 1,556; 4ª 1,142; 5ª 0,851; 6ª 0,672; ré 3,185 | |
Relações de diferencial (:1) | 3,502 | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, braço em “L” mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem de Ø 25,4 mm | |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem de Ø 21,7 mm | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida com motor de passo na árvore de direção, indexada à velocidade | |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 11,5 | |
Relação de direção média (:1) | 13,6 | |
N° de voltas entre batentes | 2,8 | |
Diâmetro do aro do volante (mm) | 370 | |
FREIOS | ||
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito em diagonal, servoassistido a vácuo | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/312 | |
Traseiros (Ø mm) | Disco/272 | |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e assistência à frenagem | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Liga de alumínio 7Jx18 | |
Pneus | 215/55R18V (Goodyear Wrangler Territory HT) | |
Estepe temporário | Roda de aço, pneu T125/70R18M (LingLong) | |
PESOS (kg) | ||
Em ordem de marcha/bruto total | 1.420 / 1.890 | |
Carga útil | 470 | |
Peso máx. rebocável com/sem freio (kg) | 400 / 400 | |
CONSTRUÇÃO | ||
Tipo | Monobloco em aço, suve, 4-portas, 5 lugares, subchassi dianteiro e traseiro | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto (Cx) | n.d. | |
Área frontal (calculada, m²) | 2,10 | |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. | |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | ||
Comprimento | 4.461 | |
Largura sem/com espelhos | 1.841 / 2.097 | |
Altura sem/com rack | 1.626 / 1.636 | |
Distância entre eixos | 2.680 | |
Bitola dianteira/traseira | 1.571 / 1.542 | |
Distância mínima do solo | 180 (estimado, dado oficial não disponível) | |
CAPACIDADES (L) | ||
Porta-malas | 498 | |
Tanque de combustível | 51 | |
DESEMPENHO | ||
Aceleração 0-100 km/h (s, G ou A) | 9.3 | |
Velocidade máxima (km/h, G ou A) | 194 | |
CONSUMO INMETRO/PBEV | ||
Cidade (km/l, G/A) | 10,2 / 6,8 | |
Estrada (km/l, G/A) | 12,2 / 8,5 | |
Combinado (km/l, G/A) | 11 / 7,5 | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 6ª (km/h) | 54 | |
Rotação em 6ª a 120 km/h (rpm) | 2.220 | |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 4.550 | |
MANUTENÇÃO E GARANTIA | ||
Revisão/troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/12 meses | |
Troca do fluido do câmbio | Não troca, vida-toda | |
Garantia total (tempo) | Três anos, 6 anos contra perfuração de chapa |