Durante alguns dias, desde a semana passada, Santos tem seu amanhecer e também entardecer “pintados” de encarnado. É lindo, encantou toda a cidade e virou notícia, nos primeiros dias, dos jornais das emissoras de TV. E o grande causador deste céu avermelhado em Santos, um vulcão, está a 13 mil quilômetros de distância, em Tonga, um reino na Polinésia, com cerca de 170 ilhas e cerca de 105 mil habitantes, no Pacífico Sul.
E o que Tonga tem a ver com o carro? Bem, é que este é o nome de carro-conceito, criado no Departamento de Design da General Motors, em São Caetano do Sul (SP), à época liderado por Jack Richard Finegan. Adalberto Bogsan Neto, Morio Ikeda e Orlando Lopes Filho formaram a equipe que desenvolveu o primeiro crossover, em 1994, sobre plataforma do Corsa. Fizeram também uma versão em cima da perua Corsa.
Foi primeira vez que vimos um modelo com a suspensão elevada e muitos itens que lembram um off-road, mesmo sem ser um deles, como muitos modelos que circulam hoje pelos quatro cantos do mundo. Ele tinha para-choque dianteiro com aquela “cara de mau”, capaz de vencer qualquer obstáculo, e coberturas plásticas nas caixas de roda. Está reconhecendo nesses detalhes alguns modelos de hoje?
E o Tonga tornou-se um sucesso no Salão do Automóvel e no Brasil Motor Show (que acabou em 1999).
E o conceito criado no Brasil, foi parar, em sua primeira escala pelo mundo, em Tenerife, já apresentado com o logo da Opel, marca que a GM manteve por 88 anos e de onde vieram todos os modelos Chevrolet (Opala, Chevette, Corsa, Monza, Kadett, Astra, Vectra, Zafira, Meriva.,,) até o início dos anos 2000, exceção do Omega, que era oriundo da Austrália.
Por que Tonga?
Bem, modéstia à parte, porque eu escolhi este nome. Certo dia, nas minhas rotineiras visitas ao Design da GM, conheci o conceito e fui convidado a batizar o carro. Anotados em um quadro já existiam vários nomes. Olhei aquele carro com cara de mau e, nem sei por quê, lembrei de uma música de Vinicius de Moraes e Toquinho, “A Tonga da Mironga do Kabuletê” e falei Tonga, sem saber que existia um reino de Tonga. O pessoal do Design deu muita risada. Mal sabiam eles o que viria a seguir.
Pois não é que, durante a visita de um diretor internacional à GM do Brasil, ele foi levado para conhecer o conceito, que ele adorou. Quando pediram a ele que escolhesse um dos nomes inscritos na lousa, sem pensar muito disse:
— Tonga, escolheu ele, para espanto de todos, menos para mim, claro. Eu sabia que tinha cara de Tonga.
Mas errei ao pensar que o diretor conhecia a música brasileira que me inspirou. Ele explicou que era o nome do lugar onde ele havia passado sua lua-de-mel, que fora em Tonga.
CL