Depois de um início de ano comprometido pelo ressurgimento do Covid, quando muitas fábricas enfrentaram elevado número de afastamentos por conta da variante Ômicron, esperava-se um fevereiro mais forte e não aconteceu.
As vendas diárias saltaram de 5.500 para 6.000 e as projeções eram da volta ao patamar de 8.500-9.000/dia. As explicações são várias, os afastamentos temporários por Covid permaneceram em fevereiro, chips seguiram em falta, enfim, os principais fatores que pressionaram as vendas para baixo ainda não foram equacionados.
A Anfavea mantém a aposta de que teremos vendas totais cerca de 8-10% superiores ao ano passado e o bimestre fechou com 26,2% abaixo, porém a mesma entidade anunciou antecipará uma revisão das projeções para início de abril, 3 meses antes do normal.
O governo editou uma medida provisória MP 10.979 de 25 de fevereiro, na qual concede redução do IPI em 25% para os automóveis (há outros produtos da indústria de transformação envolvidos no pacote). Por mais que toda redução de tributos seja bem vinda e, alguns presidentes dos fabricantes celebraram essa medida, estamos falando de um impacto total inferior a 2% no preço final dos automóveis. Creio traga mais efeitos psicológicos do que práticos.
Na primeira quinzena de março as vendas foram ligeiramente superiores a fevereiro, mas ainda longe do patamar de 8,5-9,0k/dia. O ministério da Fazenda cogita elevar o desconto no tributo de 25 para 35% e ver se põe mais ânimo nos compradores.
No total, tivemos licenciamentos de 128.275 unidades, sendo 120.458 automóveis e comerciais leves e 8.817 pesados. Vendas diretas também estiveram pouco abaixo com 35,24% nos automóveis e 56,42% nos comerciais leves.
Como se já não tivéssemos um panorama conturbado à frente, com eleições majoritárias e disputa eleitoral intensa, no dia 24/2 Putin ordenou a invasão da Ucrânia com as suas tropas, levou uma sequência de sanções de enorme monta e sem precedentes, dos países do ocidente e gerou turbulência ainda maior na geopolítica. Há risco do conflito estender-se para mais países da Europa.
Ranking de fevereiro e do bimestre
A Fiat segue firme na liderança, emplacou 26.414 veículos e 21% abaixo de fevereiro do ano passado. Chevrolet na vice-liderança, a despeito de algumas paralisações da linha do Onix de Gravataí, que se estenderão por mais 30 dias, comprometendo novamente o mês da GM. Podemos afirmar que a desordem no ranking de emplacamentos segue sendo ditada pela falta de chips, a VW apresentou-se em 5º lugar, os únicos fabricantes que cresceram foram Toyota, 30%, Caoa Chery, 97%, Peugeot, 122%, Citroën, 116% e Mitsubishi, 12%.
Onix (foto de abertura) na liderança, com 6.541 licenciamentos, seguido do HB20, T-Cross, Compass. Antes da pandemia esse mesmo modelo vendia cerca de 18-20k/mês. No bimestre o compacto coreano brasileiro lidera, por pequena margem.
Nas picapes a Strada segue mandando, porém também enfrenta queda de emplacamentos por falta de componentes.
Até o mês que vem!
MAS