Foi no longínquo ano de 2009 em pilotei pela primeira vez uma moto elétrica. Na época a tecnologia era bem recente e quase sem opções, e a única marca acabou fechando as portas por aqui. Avançando para os dias de hoje, o mercado mudou muito — bicicletas elétricas, scooters elétricos e motos elétricas já são vistos com mais frequência nos grandes centros urbanos. A tecnologia também avançou principalmente nas baterias, que ao poucos vão trocando o chumbo pelo lítio. Neste novo cenário recebemos para um breve contato o mais novo lançamento da Watts Mobilidade Elétrica — a W125. Vale citar que modelo estava com duas baterias (versão mais completa) emplacada, documentada e livre para uso em vias públicas.
Como o próprio nome diz o modelo busca ser uma opção para as motos utilitárias 125 (mesmo que atualmente muitas já contam com motores 150) usadas para entregas e deslocamentos urbanos. Além de ser uma opção válida, a moto elétrica acaba por ter um custo por quilômetro rodado mais baixo que suas concorrentes a combustão, Já sendo vistas em uso por empresas de entregas. Se preferir assista primeiro o vídeo.
Um dos diferenciadores do modelo é a opção de venda com uma ou duas baterias. Cabe ao proprietário escolher entre usar apenas uma enquanto deixa a outra bateria em casa carregando, ou usar ambas para alcance máximo de 150 km (75 km com cada bateria).
Ao primeiro olhar chamam atenção os bons encaixes das peças, as rodas de liga de alumínio com aro diamantado, porta USB de fácil acesso, conjunto óptico totalmente em LED e, principalmente, a baixa altura do banco ao solo.
Confira abaixo a minificha técnica.
Potência do motor: 4,1 cv (3.000 W)
Velocidade máxima: 95 km/h (no terceiro de 3 modos)
Bateria: Íons de lítio de 72 V e 35 A·h, removível
Alcance: 150 km com 2 baterias (opcional)
Tempo de vida da bateria: até 2.500 ciclos
Tempo de carregamento: até 5 horas (na primeira hora recarrega 80% da carga)
Dimensões: (mm): comprimento 1.926, altura da sela 710, largura do guidão 1.100
Peso: 75 kg (em bateria)
Suspensão: molas metálicas com amortecimento hidráulico, regulável
Freios: disco, dianteiro e traseiro combinados e só dianteiro
Carga máxima: 200 kg – Já preparada para transporte de carga
Farol: LED
Primeiras impressões
Logo nos primeiros metros o que mais impressiona é o silêncio ao rodar. Até mesmo os pneus não fazem muito barulho, apenas ao passar por buracos dá para ouvir um barulho de peças plásticas. Segundo o fabricante a versão testada ainda é uma pré-série e na versão final vários itens serão modificados com espumas e acabamentos para reduzir ainda mais os ruídos. As pedaleiras do piloto têm uma localização e acabamento pouco usual e a mola do descanso lateral é mais forte do que o necessário. Para ligar a moto basta apertar um botão na chave de proximidade, pressionar o botão P e, pronto. Outro item que causa surpresa é a marcha a ré acionada por botão juntamente com o acelerador — algo visto em motos como a Honda GL 1800 Gold Wing.
No punho esquerdo é possível selecionar entre os três modos de condução. Andando no modo 1 a moto acelera rapidamente até 40 km/h, indicado pelo velocímetro, porém a velocidade máxima é limitada em 45 km/h. No modo 2 a aceleração continua rápida porém o limitador entra a 65 km/h. Por fim, modo 3 atingimos a velocidade máxima do teste 91 km/h indicado As suspensões funcionaram muito bem para o uso individual com um assento claramente voltando para o macio e sem pretensões esportivas. A pré-carga da mola traseira pode ser ajustada via porca-castelo para uso com maior peso, ou passageiro.
No terreno plano e na descida ela se comportou muito bem, tendo apenas o cuidado especial de avisar pedestres e outros carros da minha presença com um breve toque na buzina. Apenas em subidas é que o motor elétrico teve alguma dificuldade. Em um aclive bem longo e inclinado a moto estacionou nos 55 km/h e mesmo com o acelerador todo aberto não conseguia ganhar velocidade. Porém ao mesmo tempo terminou toda a subida sem nunca baixar dos 52 km/h.
Foi interessante notar como um veículo elétrico nos faz automaticamente mudar a forma de pilotagem. Parado no semáforo é legal saber que não estou gastando em nada da minha bateria, e aos poucos a vontade de acelerar até a velocidade máxima vai sendo trocada pela vontade de buscar o alcance máximo. Usando o acelerador com mais calma e aproveitando a inércia dá gosto ver o nível da bateria cair mas vagarosamente. Se você gosta de acelerar ao máximo, buscar desempenho tempo talvez essa não seja a moto para você. Não existem marchas para serem trocadas basta apenas acelerar e frear.
Os freios a disco nas duas rodas são combinados a param o conjunto sem problemas, apenas é preciso uma força extra nos manetes. Digo sem medo de errar que qualquer pessoa que sabe andar de bicicleta consegue pilotar essa moto em poucos minutos, tamanha a facilidade de pilotagem. Com pequenos ajustes ela pode sim ser uma boa opção para deslocamentos urbanos com muito silêncio e zero emissões de gases.
Talvez um dos maiores entraves para modelos como este ainda é o preço mais alto frente aos principais concorrentes com motores convencionais. A W125 tem preço sugerido de R$ 19.990 na versão com apenas uma bateria (alcance de 75 km) e R$ 24.990 na versão com duas baterias (alcance de 150 km). Cabe ao consumidor analisar o que melhor se adequa ao seu uso e bolso.
O editor de Testes do AUTOetusastas e editor-chefe do ELETROentusiastas está com uma Watts W125 de teste e me chamou para avaliá-la. Ele já tem uma opinião sobre esta motocicleta elétrica:
A W125 é a primeira moto elétrica que tenho contato que se parece mais com uma moto. As outras que tive contato se assemelhavam a patinetes elétricos ou scooters com rodas pequenos e alguns até sem suspensão traseira. Neste caso as rodas de 17″ passam a impressão de maior robustez para enfrentar no solo lunar, e a suspensões dianteira e traseira trabalham em harmonia para dar segurança e dirigibilidade à moto.A posição de pilotagem com o assento baixo e as pedaleiras altas obrigam uma pessoa de 1,81 m de altura como eu a ficar com os joelhos bem flexionados, e em trajetos ou períodos mais longos talvez possa incomodar. Por outro lado, o tamanho e posição do guidão passa segurança e facilidade de manobras. É uma moto muito fácil de pilotar, leve, ágil e versátil para uso urbano. Gostei muito de utilizá-la em deslocamentos curtos no meu bairro e me arrisquei alguns quilômetros em rodovia vicinal. E o mais legal é o silêncio de rodagem, sem o incômodo barulho de escapamento aberto que os motoqueiros decidiram adotar e a fiscalização decidiu ignorar.GB
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