Anfavea com presidente novo, no revezamento trienal de costume, coube agora a vez de Márcio de Lima Leite assumir o posto, substituindo Luiz Carlos Moraes. Lima Leite também é vice-presidente de Assuntos Jurídicos, Tributários e de Relações Institucionais da Stellantis na América do Sul e presidirá a entidade pelos próximos três anos.
Em sua primeira apresentação dos números do mês à imprensa, no último 10 de maio, Márcio procurou demonstrar certo otimismo, com uma lógica numérica em que compara as médias diárias de emplacamentos ao longo de todo 2021, quando pensávamos ser o auge da crise de chips, com uma média diária ainda não atingida neste ano de 2022, de 8.400 veículos, daqui até o final do ano… Ponderou que haverá mais disponibilidade de semicondutores a partir de julho, com inaugurações de novas fábricas. Disse também que decidiram não revisar as projeções agora e que se notou leve reação nas vendas nos primeiros dias de maio. Pouco depois sacramentou que ainda esperam para este ano tenhamos volume total comercializado similar ao de 2021.
Algumas fabricantes anunciaram redução de turnos para equilibrar produção com demanda. Ano passado vimos a GM paralisar a fábrica de Gravataí por mais de cinco meses e parece que agora a fabricante que mais vem sofrendo com a escassez de microchips é a VW, sua participação no mercado caiu de 17% para 9%, comparando acumulado janeiro-abril dos dois anos. Num mercado que recuou 23% no mesmo quadrimestre, o total de queda de emplacamentos da marca alemã bateu nos 59%. Houve também, por parte deles uma redução de oferta de modelos, Fox e up! deixaram de ser produzidos, o Tiguan e Jetta praticamente não vêm mais do México.
Voltando à apresentação, tivemos um total de 147.242 autoveículos licenciados em abril, sendo 136.731 leves e 10.511 comerciais pesados. Volume bem próximo ao do mês de março. Como houve dois feriados no mês, resultaram 19 dias úteis apenas, então a média diária de emplacamentos subiu para 7.196 veículos leves. Não chamaria isso de reação, ainda.
O canal vendas diretas segue ainda abaixo do historicamente elevado 40%.
Este mês tivemos o anúncio de paralisação das atividades da fábrica da Caoa Chery de Jacareí, SP que fabricava os modelos sedã Arrizo 5 e 6 e os suves compactos Tiggo2/3, modelos recentemente renovados, o Tiggo3 tem menos de um ano de mercado. Há ainda negociações com o sindicato, mas essa decisão não deve recuar. Foi uma aparada grande no portfólio, que passou a ter somente três modelos, Tiggo5, Tiggo7 e Tiggo8.
RANKING DO MÊS E DO QUADRIMESTRE
Fiat segue dominante e sem ameaças à vista, vendeu 34.369 veículos, 6% abaixo de abril de ’21, a GM em 2º, com 21.231 (2% acima, mas esta amargava a parada de Gravataí de março a agosto) e a Toyota consolidando-se como a terceira força, com 16.314 unidades emplacadas, 22% acima do mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, a lista segue com as mesmas três e volumes respectivamente de 113.063 (-19%), 70.975 (-26%) e 56.579 (+21%). A marca japonesa a única das grandes que postou crescimento, graças às boas vendas do Corolla Cross. Ela também inaugurou o 3º turno na fábrica de Sorocaba, SP para poder dar conta do recado.
Vale destacar a Caoa Chery como a 10ª marca mais vendida, mas talvez não sustente a posição com a saída de linha dos modelos que eram feitos em Jacareí. Peugeot e Citroën, Stellantis desde ano passado devem seguir crescendo, vêm aí novas motorizações e também o novo C3.
O mercado encolheu 23% até agora, aqueles anos em que víamos Onix com 20.000 unidades por mês ficaram para trás, talvez ainda apareçam modelos de 10.000/mês, a Strada é um deles. O HB20 foi o mais vendido, com 6.502 unidades, seguido do Mobi, do Onix, depois Pulse. No acumulado do ano o compacto de origem coreana também lidera, com 25.205 unidades emplacadas, seguido do Onix, com 22.741, do T-Cross (19.998), são 5 suves entre os 10 mais vendidos.
Nos comerciais leves a Strada (foto de abertura) segue esbanjando saúde, com 7.983 unidades, lidera também o ranking geral no mês e no ano, Toro em 2º, Hilux em 3º, S10, Ranger em 5º. Vale o destaque positivo da L200, que encostou nas vendas da Ranger. O segmento de comerciais leves encolheu 25% neste ano.
A Honda também tirou de linha de uma tacada só o Fit e o WR-V e o HR-V vem à conta-gotas, enquanto a fábrica se prepara para a nova geração desse suve, que virá com muitas novidades que o mercado aprecia e que talvez devolva à marca japonesa o brilho de sempre.
Até mês que vem!
MAS