A Volkswagen comemorou neste domingo, 26 de junho, 50 anos do lançamento dos esportivos SP1 e SP2 no Brasil, em 1972. A data foi celebrada no sábado (25) com um evento junto ao SP2 Club no Motor Park, primeiro parque temático de mobilidade do Brasil, no Haras Tuiuti, interior de São Paulo. Foi possível reunir 18 unidades do SP2 em excelente estado, um dos grandes encontros do modelo desde o lançamento.
O responsável pelo desenho do SP, José Vicente Martins, conhecido como “Jota”, e o engenheiro mecânico responsável pelo projeto, Cláudio Menta, contam histórias exclusivas do nascimento do carro.
“A pedido do presidente da Volkswagen na época, sr. Rudolf Leiding, iniciamos os primeiros desenhos do SP na década de 1960. Procurei desenhá-lo bastante baixo e com vidros inclinados, dando o ar de esportividade que pensava. Já no primeiro esboço, consegui deixá-lo como queria”, relembrou Jota, que na época integrava o time de Estilo chefiado por Márcio Piancastelli.
Menta acrescentou: “O primeiro desafio que tivemos foi construir uma carroceria com componentes de chapa rebitados, e não soldados. Após estudos e tentativas, chegamos à conclusão que não era viável esse processo de produção. Então, passamos ao processo tradicional de fabricação de carrocerias”. Como não era comum criar carros no Brasil na época, “originamos o SP de um carro alemão, usando o chassi da Variant, e construímos um carro novo em cima dele”, concluiu Jota.
O protótipo do SP foi apresentado ainda sem nome na exposição A Alemanha e Sua Indústria, realizada no Pavilhão Bienal do Parque Ibirapuera em março e abril de 1971. As placas o identificavam apenas como Modell Studie, ou estudo de modelo em alemão. Causou sensação com o perfil baixo — 1,15 metro de altura — e as linhas ousadas.
Em 26 de junho de 1972 o SP foi lançado oficialmente, em um evento de apresentação para jornalistas no Iate Clube Santa Paula, em São Paulo, e para a rede de concessionárias na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo. “SP” era uma homenagem ao estado de São Paulo, assim como o Brasília faria alusão à capital federal no ano seguinte, mas há quem defina a sigla como sport prototype ou protótipo esporte.
O SP1 trazia o motor 1,6-litro arrefecido a ar da Variant, de 54 cv, enquanto o SP2 estava equipado com a inédita unidade de 1,7 litro (1.679 cm³) e 68 cv. O mais potente chegava a 161 km/h e acelerava de 0 a 100 em 14,2 segundos, de acordo com a fábrica, um desempenho abaixo do esperado por suas linhas esportivas.
O SP trazia inovações aos carros nacionais, como cintos de segurança de três pontos e tampa do porta-malas que abrangia o vidro traseiro — liftback, isso num tempo em que os hatchbacks mal haviam surgido no Brasil, começando pelo Brasília em 1973. Era o primeiro brasileiro (e seria o único até 2012, quando viesse o Toyota Etios) a usar pantógrafo no limpador de para-brisa do lado do motorista, uma articulação que ampliava a área varrida pela palheta.
Também inéditos eram o limpador temporizado, com varridas intermitentes, e o sistema pneumático do lavador do para-brisa seguido do acionamento das palhetas. O interior oferecia bancos exclusivos, console e painel central em peça única e painel de instrumentos completo, com termômetro do óleo, amperímetro e relógio.
A fabricação total foi de 10.193 unidades, das quais 88 do SP1, feito só até 1973. Em 1985 a VW do Brasil comprou um no mercado com 8.700 km rodados, cor violeta Pop, empreendeu uma restauração minuciosa na oficina da fábrica na Ala Zero, mudando a cor para branco Paina, e doou-o para o museu da fábrica em Wolfsburg, onde repousa e é muito admirado pelos visitantes até hoje.
FS