Uma das provas mais emblemáticas de 2021 (foto de abertura), o GP da Grã-Bretanha, que será disputado domingo no condado de Northamptonshire, Inglaterra, é sempre um fim de semana que tem tudo para ser uma verdadeira freada de arrumação no que se refere ao desempenho dos carros usados durante a temporada atual. No ano passado o acidente entre Lewis Hamilton e Max Verstappen no início da segunda volta da prova aumentou a tensão entre as equipes Mercedes e Red Bull e fez crescer a temperatura da frigideira onde o australiano Michael Masi era tostado. É pouco provável que isso ocorra este ano, cortesia da diferença de desempenho entre a equipe alemã e a inglesa. Em uma pista onde a melhor volta daquela prova, registrada pelo mexicano Sérgio Pérez (1’28”617) chegou a 239,317 km/h de média, é certo que o desempenho de vários carros será atualizado tecnicamente. Isso é uma verdadeira freada de arrumação para projetos e estratégias que não deram o resultado esperado.
A equipe mais necessitada dessa benesse é a Mercedes: há anos tida como a referência tecnológica da F-1, o modelo W13 estar muito aquém de perpetuar essa condição. Não obstante o fato de que George Russell é o único piloto a ter pontuado em todas as etapas já disputadas e Lewis Hamilton foi terceiro no GP do Canadá, Red Bull e Ferrari estão longe da alça de mira do time liderado por Toto Wolff. Se até agora, os dois pilotos trabalharam em linhas de acerto diferentes, a partir de Silverstone os carros de ambos terão acertos semelhantes até onde isso seja possível.
O desempenho dos Mercedes, porém, está longe de ser o maior problema de Wolff: a indicação de Shaila-Ann Rao, sua ex-conselheira e assessora especial, ao cargo de Secretária Geral interina da Federação Internacional do Automóvel (FIA), provocou uma série de reclamações das demais equipes. Situação semelhante já aconteceu no passado, quando Bernie Ecclestone tentou, sem sucesso, colocar o italiano Luca Di Montezemolo, em um importante cargo nessa instituição.
De qualquer maneira, Marco Piccinini, também da Ferrari, esteve à frente de uma comissão e é o atual executivo-chefe da F-1. A reação contra a Mercedes, porém, é mais uma decorrente da influência que a marca exerce na criação dos regulamentos técnicos da categoria, entre elas, a definição das especificações do motor usado atualmente.
Entre as equipes que já indicaram a adoção de novas peças em seus carros estão a Red Bull, Aston Martin e Alpine. O time que domina a temporada não esmorece no desenvolvimento dos seus carros, apesar de a Ferrari continuar facilitando sua vida. Charles Leclerc viveu abandonos e punições nas últimas seis provas, algo que o relegou de forte concorrente ao título de campeão, a ocupar o terceiro lugar na tabela de pontos, 49 pontos atrás do líder Max Verstappen, que soma 175. Uma série de erros estratégicos e de manutenção do equipamento tem sido a marca registrada da Scuderia nesta temporada.
Com Red Bull (304 pontos), Ferrari (228) e Mercedes (188) confortavelmente nos três primeiros lugares na classificação dos construtores, a disputa pelo quarto lugar ganha notoriedade. Se a McLaren (65) já anunciou que não deverá fazer maiores melhorias em seus carros nesta prova, a Alpine (57) chega a Silverstone com um novo pacote aerodinâmico e espera superar a rival inglesa.
A Alfa Romeo-Sauber (51) faz parte de grupo e, ao anunciar ter fabricado maior estoque de peças de reposição, terá maiores chances de se aproximar dos rivais mais próximos. AlphaTauri (27), Aston Martin (16), Haas (15) e Williams (3) completam a classificação das equipes.
A Aston Martin, que tem sua sede em frente ao portão principal de Silverstone, espera reverter o fraco início de ano com a adoção de novidades aerodinâmicas, praticamente o único aspecto dos carros que ainda permite evoluções durante a temporada. Caixa de câmbio, motor de combustão interna (ECU), pneus e recuperadores de energia, entre outros, são elementos com especificação congelada no início da temporada.
Fora deste contexto vale ressaltar a confirmação oficial de que a Nissan fornecerá motores para a equipe McLaren no Campeonato Mundial de F-E, a categoria de monopostos elétricos. Essa parceria pode ser uma indicação de que os motores franceses poderão substituir o alemão num futuro próximo. Seria uma excelente oportunidade para promover a Nissan, associada à Renault (detentora da marca Alpine) no mercado americano, onde a marca japonesa tem penetração significativa, o que não acontece com a francesa. Atualmente a unidade de potência da Mercedes é usada pela sua própria equipe, pela Aston Martin, McLaren e pela Williams, enquanto a Ferrari aparece nos caros vermelhos, nos da Alfa Romeo-Sauber e nos da Haas. A Red Bull e a Alpha Tauri usam o motor desenvolvido pela Honda e que atualmente é identificado como Red Bull.
O GP da Grã-Bretanha marca também a disputa da segunda Sprint Race da temporada; a primeira foi no GP da Emilia-Romagna, em Imola.. Trata-se de uma corrida de 100 km disputada na tarde de sábado e com grid formado a partir do resultado do terceiro treino livre. O resultado dessa competição é que define a formação de largada da prova de domingo. Os oito primeiros colocados recebem 8, 7, 6, 5, 4, 3 2 e um pontos extras, respectivamente.
WG
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