Na coletiva de imprensa da Anfavea, do último dia 7, quando foram apresentados os números do mês de maio, seu presidente, Márcio de Lima Leite, buscou enfatizar o crescimento na produção e vendas domésticas como fruto de uma reação em curso. De fato, o ritmo de licenciamentos vinha num ritmo bastante aquém do esperado. Há um certo esforço da indústria em retornar à normalidade, e em atingindo esse objetivo, será bom para todos. A crise dos semicondutores e de certos tipos de materiais vêm jogando no lado oposto.
Em maio as vendas totais de autoveículos atingiram 187.064 unidades, o melhor mês do ano, sem dúvida. Foram 175.214 veículos leves e 11.850 pesados. No parâmetro preferido que usamos aqui para entender o mercado, licenciamentos diários, tivemos 7.964 unidades de leves, um certo alívio da pressão vivida até então, quando a média de janeiro até abril ficou em 6,4mil. Num olhar mais atento, emplacamentos de maio de leves foram 28% superiores a abril, no entanto houve três dias úteis a mais e a forte puxada de vendas diretas (48% vs. 42%) fez o restante. A média diária de vendas nas concessionárias, varejo portanto, ficou 1% inferior a abril. A região sudeste, que tradicionalmente fica com 52~54% das vendas nacionais, ficou com 58%. Em resumo, maio foi melhor que abril, mais negócios, mas o caminho à frente será longo e árduo.
Este mês vimos queda nas encomendas da indústria, a VW colocou em férias coletivas duas fábricas, novo aumento da taxa Selic, para 13,25% a.a., aumento da inflação americana e taxa de juros do FED. Em 2022, o ocidente vem enfrentando retração de vendas de automóveis em seus principais mercados, na Europa os licenciamentos estão 33% inferiores a 2019 (pré-pandemia) e nos EUA esse número chega a 20%.
As vendas diretas reagiram bem em maio, no acumulado do ano ainda está 20% inferior, se comparado com mesmos cinco meses de 2021 e quem tem a melhor presença nesse modal segue sendo a Fiat, com 29% de participação. A tabela abaixo mostra mais detalhes.
RANKING DO MÊS E DOS CINCO MESES DO ANO
A Fiat consolidou-se na liderança do mercado brasileiro, fechou maio com 38.943 emplacamentos, Chevrolet num distante 2º com 25.360, seguido de perto pela VW, que reagiu neste mês, com 24.293. No acumulado de cinco meses são respectivamente 152.006, Chevrolet com 96.335 e a Toyota em 3º, com 73.944, que cresceu 19% no ano.
HB20 foi o líder dos automóveis, com 9.634 unidades, seguido do Mobi, Onix, Gol. No ano o compacto sul-coreano também lidera, com 34.839, seguido também do Onix e Mobi.
Cabe o destaque à Honda, depois de descontinuarem três modelos de uma só vez — Fit, WR-V e Civic — e trazerem o bom City hatchback para disputar um segmento em forte declínio, o de hatches médio-compactos, ficou a dúvida se a estratégia se encaixaria bem por aqui. O HR-V atual saiu de cena também e mês que vem entra a sua nova geração. Esse gap fez com que as vendas despencassem, antes batiam nos 10.000/mês e hoje estão em 4.000. As expectativas em torno do novo HR-V são boas; a ver.
Nos comerciais leves vemos as fortes vendas da Strada, 11.532 voltarem a um bom ritmo, Toro em 2º com 5.287, Hilux em 3º, 4.145, S10, 2.715, em 4º. Destaque para a L200, em terceiro entre as picapes médias, com 1.819 unidades vendidas. A Strada mais uma vez liderou o ranking geral de vendas. No acumulado do ano a compacta da Fiat emplacou 41.112 unidades, depois Toro, Hilux, S10.
A falta de chips vem afetando fortemente a VW daqui este ano, repetindo o que aconteceu com a GM no ano passado. Espera-se a oferta de semicondutores se normalize um pouco no segundo semestre.
Vem aí o novo HR-V, que cresceu um pouco em relação a 1ª geração e um novo modelo da Fiat, que entra no já poluído segmento dos suves compactos.
Até mês que vem!
MAS