Corria o ano de 1986 e lá ia eu, correndo, mas dentro do permitido, claro, para o Rio de Janeiro, levando um S/R 1.8, vermelho, com sua aparência esportiva que causava admiração e realmente impressionava. Todo mundo olhava. Ele era realmente atraente.
Eu era gerente de Imprensa da GM e estava indo ao Rio, levando o carro para testes dos jornalistas cariocas, entre eles, Waldyr Figueiredo, Jader Vieira, João Mendes, Ivan de Oliveira… e passar bons momentos de grandes papos com eles.
Quando cheguei ao Posto da Polícia Rodoviária Federal, próximo à entrada de Penedo e Visconde de Mauá, (ainda se cruzava a pista em nível, parando no acostamento), vi o policial me fazendo sinal para parar.
Como estava dentro da velocidade permitida, não me preocupei. Parei e busquei os documentos para apresentar ao homem da lei.
— Não precisa, senhor. Eu só o parei para ver o carro, que está maravilhoso. Olha só que coisa linda, adorei esta cor. Eu tenho um, mas não é S/R como este com motor de 106 cavalos, não é? Pneu série 60 e não 70 como o meu. E este banco Recaro, é bom mesmo, segura a gente nas curvas?
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Diante de tamanha “paixão” pelo S/R, saí do carro e disse que ele podia entrar. Como um garoto que acaba de ganhar um presente ele não pensou duas vezes e entrou no Monza, ajustou o banco, colocou o cinto, pegou no volante e, visivelmente, se emocionou.
— Dê na partida, disse a ele.
Reação imediata e o ronco do motor foi ouvido.
Sugeri que ele desse uma volta, mas ele não caiu na tentação, explicando que não poderia fazer aquilo, apesar de estar “morrendo de vontade”.
Vagarosamente o policial saiu do S/R, como se tivesse se afastando de algo muito precioso para ele. E devia ser mesmo, pelas suas reações.
Estendeu a mão, agradeceu a oportunidade de conhecer o carro por dentro E me pediu:
— Por favor, quando o senhor sair, pode pisar fundo no acelerador? Quero ouvir os pneus cantando no asfalto. Pode ir tranquilo que eu seguro aqui qualquer carro que venha.
E me encantou com um aviso:
— Pode abusar deste motorzão aí porque daqui até o Rio hoje não tem nenhum comando com controle de velocidade. Acelera tranquilo!
E lá fui eu, a pedidos, cantando pneu (pena, ele só passava de 170 km/h na descida).
CL