A comercialização de veículos em julho manteve o ritmo dos meses anteriores, frustrando um pouco a expectativa de que veríamos o início de uma reação no segundo semestre. Não só as taxas de juros seguiram subindo, na esteira das altas da Selic, que já atingiu elevados 13,75% aa e consequentemente encareceu o crédito, mas também o empréstimo para a compra de autos ficou mais restrito, este também provocado pelo aumento da inadimplência. Tanto o crédito mais caro, quanto as restrições ao seu acesso vêm afastando compradores das lojas. Sinais de reversão ainda podem vir, aguardemos.
Na reunião com a imprensa do último dia 5, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, abordou esses temas com mais alguns detalhes. Por exemplo, no ano passado, 67% das vendas eram por financiamento e neste julho elas foram para 33%. O crédito mais escasso apareceu aí, nas fotos das vendas. Assim sendo, a maior disponibilidade de chips, pouco está adiantando. A produção atingiu o maior patamar do ano, com 219 mil unidades totais, mas o próprio Márcio diz haviam muitas unidades incompletas nos pátios das fábricas aguardando semicondutores. Citou também que os licenciamentos atuais têm forte participação das vendas diretas, hoje atingem cerca de 50% do total de automóveis.
No gráfico abaixo, nota-se as vendas no varejo seguem baixas, automóveis abaixo de 70 mil por mês, a despeito dos cortes no IPI, estes bem-vindos sempre, mesmo em período pré-eleitoral. O Brasil não aprende.
Os números de julho são esses, foram licenciados 181.994 autoveículos novos, sendo 169.197 automóveis e comerciais leves e 12.797 caminhões e ônibus, alta de 4,3% na comparação com julho do ano passado, porém é bom lembrar que, de julho até novembro de ’2021 a crise de abastecimento dos microchips esteve em seu pior momento, gerando uma distorção na base de comparação.
O gráfico de licenciamentos diários dos anos 2018 a 2022 pode ilustrar melhor esse panorama, o patamar de 8.000 licenciamentos diários só voltou em novembro.
No acumulado de sete meses são 1.022.324 veículos leves, queda de 12,7% na mesma base de comparação de 2021, 52% desse total por venda direta em julho e 45% nos sete meses.
Vendas diretas e varejo por marca, vemos a Hyundai com uma importante mudança de postura e estratégia.
RANKING DE JULHO E DOS PRIMEIROS SETE MESES
Fiat segue distante na liderança, com 35.680 licenciamentos em julho, Chevrolet em 2º, com 27.938, depois VW, 27.412, Toyota novamente no 4º posto, 16.745, seguido de Hyundai, Renault, Jeep. Nos sete meses a ordem é quase a mesma, Fiat, 222.542 unidades licenciadas, Chevrolet com 143.386, VW, 123.351, Toyota, Hyundai, Jeep, Renault. Num mercado que encolheu 13%, Toyota cresceu 10%, Peugeot 67%, aí tem a pegada comercial da Stellantis.
Nos automóveis o Gol (foto de abertura) surpreendeu na liderança, 11.925 unidades, no que será o seu ano de despedida, seguido do Onix, 8.837, HB20, 8.156, Onix Plus, Chevrolet reagindo. No acumulado do ano quem lidera é o HB20, com 50.933 unidades, seguido do Onix, com 42.509, T-Cross em 3º, Gol, Compass.
Comerciais leves segue com Strada e Toro na frente, as duas somadas têm 45% do segmento, Hilux num 3º lugar distante de suas concorrentes diretas, com 4.122 unidades comercializadas, depois S10 e a L200 assumindo o 5º posto e como 3ª força das picapes médias.
Este mês tem lançamentos importantes, o AE vai estar em todos e mostrar para você, leitor ou leitora.
Até setembro!
MAS