No último sábado o paranaense Felipe Drugovich garantiu o título de Campeão da Fórmula 2 FIA deste ano e, no mesmo dia, assinou contrato como o primeiro “aluno” da academia de pilotos da equipe Aston Martin. Isso é muito bom para quem comprovou sua habilidade na pista, mesmo defendendo uma equipe que não está entre as principais dessa categoria de acesso. Certamente os responsáveis pelo gerenciamento de sua carreira consideraram o convite de Lawrence Stroll a opção mais promissora para pavimentar o caminho do seu desembarque piloto oficial de uma escuderia de F-1 e entre as razões está um programa de treinamento que inclui participar do primeiro treino livre do GP de Abu Dhabi deste ano. Todavia, entrar em uma equipe onde um piloto, Lance Stroll, é filho do dono, e outro, Fernando Alonso, tem contrato de dois anos, significa poucas chances de disputar corridas antes de 2024.
Os pontos positivos da associação de Felipe Drugovich com a Aston Martin incluem o poderio financeiro e o programa de investimento da equipe, assim como os planos para desenvolvimento do brasileiro como piloto. Fundada em 1990 pelo irlandês Eddie Jordan, o time baseado em Silverstone já teve diversos nomes e donos até ser comprado pelo milionário canadense Lawrence Stroll, em meados de 2018, de outro magnata, o indiano Vijay Mallia. Desde que um consórcio também liderado por Stroll assumiu o controle acionário da marca Aston Martin foram realizados amplos investimentos em pessoal e estrutura técnica. Os frutos desse investimento ainda não brotaram.
Executivo conhecido pela maneira dura como analisa propostas e gere seus negócios, Lawrence Stroll não poupa esforços ou investimentos para atingir seus objetivos. Para garantir que seu filho Lance chegasse à F-1 melhor preparado ele comprou da equipe Williams um programa de testes que permitiu ao herdeiro treinar em praticamente todas as pistas europeias do calendário da categoria. A compra do time de Frank Williams era algo esperado, mas o construtor inglês resistiu às investidas do canadense. A experiência, porém, rendeu frutos que Felipe Drugovich poderá colher.
Ao anunciar a contratação do brasileiro para inaugurar a academia de pilotos da Aston Martin, Lawrence Stroll garantiu que o brasileiro irá participar da primeira sessão de treinos livres do GP de Abu Dhabi, participar do teste de pilotos novatos no mesmo circuito após o término da temporada e terá um intenso programa de testes com um modelo da equipe usado em 2021. Isso permitirá a Felipe acumular horas de voo, algo que no jargão do automobilismo equivale a ganhar experiência. Além disso ele acompanhará a equipe em algumas etapas da temporada 2023.
Há de se comemorar a oportunidade conquistada por Felipe Drugovich e, tão importante quanto isso, não colocar sobre seus ombros a missão de ser o próximo brasileiro a se tornar campeão mundial de F-1. Capacidade para isso ele já deixou claro que tem, o caminho para atingir essa meta, porém, não deve ser tomado como um passeio pelo parque: a F-1 já mostrou várias vezes que tanto quanto criar ídolos, sabe destruir sonhos. Ao investir em Felipe, Stroll pode muito bem capitalizar o investimento e vender seu passe para outra equipe, algo comum no futebol e em outros esportes.
Audi olha para a frente, Porsche volta atrás
Enquanto a Audi segue desenvolvendo seu projeto de estrear na F-1 em 2026, a Porsche se viu obrigada a anunciar que a badalada associação com a Red Bull não irá acontecer. A decisão adia a volta da marca à categoria, onde participou oficialmente entre 1958 e 1964, período em que o americano Dan Gurney conquistou o único triunfo da marca, o GP da França disputado no circuito de Rouen-les-Essarts. Entre as razões apontadas para a interrupção do projeto estão a saúde de Dietrich Mateschitz (o principal acionista da holding Red Bull), algo que teria complicado as negociações pessoais com representantes da Porsche e a constatação de que a marca alemã não teria plenos poderes sobre o desenvolvimento do projeto.
A Red Bull desenvolve seu próprio motor de F-1¨em uma nova fábrica construída especificamente para esse fim e onde o primeiro protótipo dessa máquina já foi testado. Todavia, a associação com a Honda poderá ter continuidade: entre os GPs de Cingapura e Suzuka. Helmut Marko, o braço direito de Mateschitz, irá se reunir com executivos da marca japonesa para discutir a renovação da parceria tecnológica que dominou a temporada deste ano.
Outro assunto que foi bastante comentado no fim de semana do GP da Itália, foi a possível associação entre a Audi e a Sauber, equipe suíça que atualmente tem a marca Alfa Romeo como principal patrocinador. Jean-Philippe Imparato, chefe da casa italiana, admitiu que o retorno obtido pelo investimento junto o time suíço “é o melhor do paddock”, mas também informou que o acordo que expira no final de 2023 não será renovado.
O resultado completo do GP da Itália, vencido por Max Verstappen, você encontra clicando aqui.
WG
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