O triunfo de Max Verstappen no GP dos EUA colocou o piloto holandês em pé de igualdade com os alemães Michael Schumacher e Sebastian Vettel como recordista de vitórias em uma única temporada: todos eles subiram ao degrau mais alto do pódio 13 vezes.
Com os títulos de Pilotos e Construtores de 2022 já assegurados, seria lícito pensar que nas três provas finais da temporada — México, Brasil e Abu Dhabi — a equipe Red Bull e Verstappen possam trabalhar em prol de Sergio Pérez, que ainda tem chances de terminar o campeonato como vice-campeão.
A F-1 moderna tem apenas um caso comprovado de um piloto ceder a vitória ao companheiro de equipe por decisão própria: ao término da corrida na qual Ayrton Senna e Gerhard Berger duelaram pela liderança na maior parte das 53 voltas do GP do Japão de 1991, o brasileiro deixou o austríaco superá-lo na última curva antes da bandeirada. Após o pódio Senna admitiu que tinha um acordo com Berger para trabalhar no sentido de presenteá-lo com uma vitória na temporada.
Não se deve esperar tais gentilezas de pilotos com índole de campeão: todos são egocêntricos e têm na vitória o objetivo único de suas vidas esportivas. A única exceção à tal regra é o inglês Damon Hill, sendo que atualmente as decisões de quem deve vencer ou se deixar ultrapassar pelo companheiro de equipe é mais formal. Isso acontece por meio de ordens emitidas via rádio, desde os boxes. Rubens Barrichello é prova viva disso desde os tempos que defendeu a Ferrari ao lado de Michael Schumacher.
Entre os motivos que tornaram famosa a equipe Red Bull, o protecionismo a favor de um de um determinado piloto é talvez tão forte quanto a capacidade técnica de fabricar carros competitivos. Desde que Max Verstappen chegou à equipe nenhum outro piloto conseguiu se impor e o time anglo-austríaco vive uma constante troca de segundo pilotos: Daniel Ricciardo, Daniil Kvyat, Pierre Gasly e Alex Albon já provaram da mesma tequila que causa ressaca a Sergio Pérez. Rápido, arrojado e conhecido por cuidar bem dos pneus dos seus carros, o mexicano também é lembrado por suas performances irregulares.
Apesar de tudo há um fator que faz “Checo” Pérez esperançoso de um triunfo no México, onde o calendário prossegue neste final de semana. Se o protecionismo e a capacidade técnica da Red Bull são de primeira linha, o trabalho de marketing da marca também o é: nenhuma equipe da F-1 movimenta as mídias especializadas e generalistas com o mesmo impacto e eficiência.
O ambiente megafestivo do GP mexicano pode influenciar na agenda de trabalho de Christian Horner, o diretor da equipe. Como tudo o que é bom costuma durar pouco, no Brasil e em Abu Dhabi Verstappen vai em busca de sua 14ª. vitória e mais um recorde para o seu currículo.
WG