Lançado em 1992, para substituir o Opala, que reinou como carro de luxo por mais de duas décadas, o Omega, originário da Opel (Alemanha), causou um grande “auê” no mercado, pela tecnologia de bordo que o modelo trazia.
Os vidros subiam e desciam a um só toque. Um CD player (é, na época eles ainda existiam) tinha uma disqueteira instalada no porta-malas, abrigava 6 CDs e o motorista podia escolher o disco ou até mesmo a música, no painel do carro.
Um sensor, em caso de colisão, destravava suas quatro portas automaticamente, ligava o pisca-alerta e acendia as luzes internas. As portas ficavam ligeiramente para fora, na sua borda traseira, para evitar turbulência e ruídos de ar (muita gente achava que era má montagem). O câmbio podia ser, a escolher, manual de cinco marchas ou automático de quatro, novidade no segmento de carros grandes, que só existiam com três marchas (Ford Galaxie e Dodge Dart). O sistema de freios era a disco nas quatro rodas e a suspensão traseira também era independente, do tipo braço semiarrastado, com o diferencial montado no subchassi.
Tinha teto solar, algo não muito comum para a época. E no CD. seu motor era um seis-cilindros de 3 litros com comando de válvulas no cabeçote de 165 cv e torque de 23,4 m·kgf; sua velocidade máxima era de 215 km/h. No quesito conforto, regulagem de apoio lombar do banco do motorista, porta-luvas refrigerado e bancos em couro. Tinha ajuste elétrico do facho dos faróis. Um luxo.
E por que relembro tudo isso?
Bem, porque a GM orientava, ou melhor, obrigava uma entrega técnica ao comprador do carro. Quem ia dirigir o carro tinha que conhecer suas qualidades e sua tecnologia embarcada. E as concessionárias cumpriam esta determinação da fábrica.
E aconteceu que, um médico, amigo de André Beer, então vice-presidente da GM, comprou um Omega, convencido pelo amigo que estaria fazendo um grande negócio (e era mesmo). A compra foi feita em uma loja da rede, nos Jardins (área nobre da capital paulista). E, no dia da entrega, lá foram dois técnicos da casa fazer a entrega, já pré-agendada com o médico.
Mas todo mundo sabe como é a vida de médico. Se um paciente precisa, ele larga tudo e corre para tratar da sua saúde. E foi isso que aconteceu, quando os técnicos chegaram ele não estava em casa, como o combinado.
Seguindo as regras impostas pela fábrica, pediram desculpas e voltaram com o Omega para a loja, sem atender aos apelos da esposa do médico, que ficou muito zangado com o acontecido.
Tão zangado que ligou para o amigo e ameaçou que iria desfazer o negócio. André Beer o convenceu a ir almoçar na GM, onde ele conheceria todas as vantagens que o carro continha. Ele foi levado até a GM, em São Caetano do Sul (sede da GM) onde, após o almoço, foi apresentado ao seu carro por não menos que o então diretor de Engenharia da fábrica, Carlos Buechler.
Diante de toda a tecnologia, ainda desconhecida em carros nacionais da época e muito superior ao seu Opala Diplomata, o médico reconheceu que era importante que o usuário do carro tivesse conhecimento de todas as novidades do seu Omega CD.
CL