Espécie de confissão envergonhada. Assim pode ser definida a maneira tremendamente discreta como foi realizada, na semana passada, a entrega oficial da primeira unidade fabricada do superesportivo Mercedes-AMG One, a proposta de hipercarro apresentada como Project One Concept no Salão de Frankfurt, em 2017, e que depois foi também uma das estrelas no último Salão do Automóvel de São Paulo, realizado no final de 2018.
O objetivo de fabricar um modelo tão especial, baseado na bem-sucedida experiência da equipe da marca na Fórmula 1, levou mais de cinco anos para que se concretizasse. Problemas no desenvolvimento do projeto, principalmente para atender a homologação do hipercarro às rigorosas exigências de emissões da Comunidade Europeia foi o principal desafio da equipe de engenheiros, conforme informou a AMG.
Como lembrou o presidente do Grupo Daimler, Ola Källenius, em tom de brincadeira, a equipe da AMG devia estar bêbada quando decidiu passar do projeto para a construção do hipercarro, que custa mais de 2,7 milhões de dólares com produção limitada a 275 unidades e que, segundo a AMG, já está toda vendida, sendo dois modelos, inclusive, para clientes brasileiros, segundo informação do site da revista Autoesporte.
Outro detalhe que chamou a atenção foi que ninguém apareceu nas fotos da entrega oficial do carro, que já tinha placa com numeração On 1, segundo consta da Alemanha, apesar da cerimônia ter sido realizada nas instalações da AMG, em Coventry, Reino Unido, onde o modelo é fabricado. Também curiosa é a pintura desta primeira unidade, com visual semelhante ao dos monopostos que a equipe de Fórmula 1 da marca correu em 2020 e 2021.
Pintado em preto metálico, e não prata como nos protótipos, ele destaca também o grande número de estrelas de três pontas prateadas aplicadas na seção traseira da carroceria, enquanto detalhes pintados no verde original da Petronas, petrolífera malaia que patrocina a equipe de Fórmula 1, são destacados nas rodas, na seção frontal e na lateral da carroceria. Outro detalhe é a pintura, em vermelho, da boca da caixa de ar, sobre a cabine, que leva ar para o motor, assim como é no Fórmula 1, e também o defletor em formato de barbatana de tubarão, que é moldado juntamente com a carenagem da caixa de ar e segue até a extremidade traseira da carroceria.
Tudo isso pode acabar gerando especulações de que a discrição na entrega deve ter sido porque o feliz proprietário do hipercarro se trata de Lewis Hamilton, que foi o principal responsável para que a equipe da Mercedes trocasse a tradicional cor das “flechas de prata” pelo preto, como sinal de protesto em relação as perseguições sofridas pelas comunidades negras pelo mundo. Além disso, Hamilton foi também o primeiro cliente a fazer encomenda do hipercarro, antes mesmo de ser dado o sinal verde para o desenvolvimento do projeto, e logo pediu duas unidades. Uma delas para presentear seu pai.
O pequeno V-6 de 1,6 litro a combustão do Mercedes-AM One é derivado diretamente do motor usado pela equipe de Fórmula 1, sendo fabricado nas mesmas instalações da Mercedes-AMG High Performance Powertrains, em Brixworth, também na Inglaterra. A potência máxima é de 574 cv a 9.000 rpm, com limitador entrando em ação a 11.000 rpm. Esse limite apesar de elevado, garante maior vida útil com rotação consideravelmente menor que a alcançada no motor de F-1.
Além disso, o AMG One também tem quatro motores elétricos. Um com potência de 163 cv ligado diretamente no virabrequim, mais dois motores, um para cada roda dianteira, que geram o total de 326 cv, além de outro motor elétrico acionado pelo rotor de gás de escapamento do turbo, que pode fornecer até 122 cv. Esse motor, entretanto, tem a função de somente atuar como alimentador do motor elétrico que está ligado ao virabrequim e que também é alimentado pela energia regenerativa de inércia e frenagem do movimento do carro. Com tudo isso, a potência total do Mercedes-AMG One pode chegar a 1.063 cv.
O Mercedes-AMG One mede 4.756 mm de comprimento, 2.010 mm de largura e apenas 1.261 mm de altura, com entre-eixos de 2.720 mm. Seu peso é de 1.695 kg. Dotado de câmbio manual de sete marchas, que transfere a potência para as rodas traseiras, com a tração nas quatro rodas o hipercarro acelera de 0 100 km/h em 2,9 segundos e de 0 a 200 km/h em apenas 7 segundos. A velocidade máxima declarada pela fábrica é de 352 km/h.
RM