As vendas em janeiro desaceleraram mais que o normal e esperado, causando certa apreensão no setor. Foram sim, 12% superiores a mesmo mês do ano passado, mas naquele janeiro a crise de abastecimento de semicondutores encontrava-se em seu auge. A redução do volume de negócios com as locadoras também era aguardada, elas já haviam sinalizado que este ano comprariam perto de 200 mil unidades a menos e é o que está acontecendo. Porém as vendas nas concessionárias também sofreram queda.
Um patamar que vem sendo usado de baliza é o das vendas pré-pandemia, em janeiro de 2020 licenciaram-se cerca de 183 mil veículos leves e agora foram 130 mil. Desde então a indústria tem trabalhado para trazer esses volumes de volta e tornar a crescer. Ano passado e neste janeiro houve recuo por motivos distintos. Entre 2012 e 2013 o Brasil já chegou a licenciar 3,8 milhões de veículos, a crise de 2015-16 e da pandemia ficaram para trás, os 2,1 milhões de hoje mostram haver um bom caminho a percorrer.
Ano novo, governo novo e discussões velhas. Na apresentação à imprensa, no último dia 7, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, enumerou os motivos pelos quais acreditam foram os responsáveis por menos compradores. Entre eles, limitações de concessão de crédito, altas taxas de juros, incertezas e cenário macroeconômico nacional, Esta semana foram anunciadas novas paralisações, a VW ficará dez dias sem produzir em três de suas quatro fábricas aqui, ainda por motivos dos chips e adequação ao mercado. A atividade econômica desacelerou e pode precisar de impulso, enquanto vemos discussões desencontradas no governo que entrou.
Janeiro teve vinte e dois dias úteis, foram comercializados 142.852 autoveículos, sendo 130.681 leves e 12.171 pesados. É esperada desaceleração também no segmento de caminhões, por conta dos maiores preços dos modelos Euro6. Estamos na metade de fevereiro e o ritmo de licenciamentos vem ainda pouco superiores a janeiro.
A queda de vendas de leves em janeiro bateu os 35% sobre dezembro último, em vendas diárias foram 5.940 unidades, porém 12% superiores a janeiro de 2022, que foi o auge da crise dos chips.
Vendas diretas voltaram a ficar em torno de 40% para os automóveis e o varejo desceu ao incômodo patamar de 60 mil unidades.
Ranking do mês
A VW deixou de produzir o Gol e o Voyage e eu havia afirmado que a Saveiro também, portanto cabe aqui uma correção: ela segue firme e forte em suas duas versões de cabine e com os bons volumes de sempre.
Em janeiro a Fiat manteve a liderança do mercado, com 28.588 unidades vendidas, seguida pela GM, com 22.688, VW em 3º, com 20.044, Toyota em 4º, Hyundai em 5º, depois Jeep, Renault, Nissan, Honda. Com o fim do Gol e Voyage, é possível que a Toyota e Hyundai briguem pelo terceiro posto, ao menos de forma temporária. O Polo Track, que foi posicionado como substituto do Gol, deverá tomar um tempo até ganhar atração e olhos do mercado e volumes significativos.
Onix (foto de abertura) tomou a frente nos automóveis, com 7.162 unidades, Onix Plus em 2º com 6.161, Tracker em 3º, 5.296, Creta em 4º, 4.969, HB20 em 5º, T-Cross, Argo. Como sempre acontece todo ano, aquele empurrãozinho para fechar bem os números de dezembro deixa uma sensação de ressaca em janeiro.
Nas picapes, Strada em 1º, com 7.000 unidades, Hilux em 2º, Toro em 3º, Saveiro, S10, Fiorino.
Este mês a novidade da GM começa a ser vendida nas concessionárias, a novíssima Montana, que já foi avaliada pelo Gerson Borini aqui no AE. A GM volta à briga no importante segmento das picapes compactas.
A guerra na Ucrânia faz mais uma vítima por aqui, o Captur deixa de ser produzido, chegou depois do irmão mais simples, o Duster, e sai de cena antes por falta de componentes que vinham da zona de conflito. Tinha recebido atualizações importantes e uma versão caprichada com o motor1,3 turbo. Era o Renault mais chique produzido aqui. Situações que fogem a nosso controle.
Até mês que vem!
MAS