Revuelto é o nome do novo modelo topo de linha da Lamborghini. O sucessor do Aventador mantém a tradição da marca, que está comemorando seu 60º aniversário de fundação, e novamente denomina um de seus modelos com o nome de lendário touro de lida. Tradição que começou com o icônico Miura, segundo modelo fabricado por Ferrucio Lamborghini e que, além de carros esportivos, também era apaixonado por touradas.
O Revuelto é primeiro superesportivo Lamborghini híbrido plug-in HPEV (High Performance Electrified Vehicle). A marca também o define como novo paradigma em termos de design, desempenho, esportividade e prazer de dirigir. Uma “revuelta” (revolta), não só devido ao trem de força híbrido, mas também pelo novo conceito de estrutura “monofuselagem”, de inspiração aeronáutica, além da aerodinâmica com eficiência aprimorada. Ou então revolta com a ideia absurda da União Europeia de banis os carros de motor a combustão a partir de 2035.
O trem de força tem potência máxima de 1.015 cv obtida na combinação do motor V-12 de 6,5 litros, aspirado, tradição da marca, mas totalmente novo, que funciona em sinergia com três motores elétricos. O V-12 gera 825 cv (refletindo densidade de potência de 127 cv/l) com torque de 100,2 m·kgf, enquanto os motores elétricos somam potência total de 300 cv (48,4 m·kgf de torque), o que resulta em potência somada total de 1.125 cv.
Porém, devido às limitações da bateria de íons de lítio de 4.500 W/kg, que fornece 3,8 kW·h (3,4 kW·h efetivos), a potência total combinada disponível fica limitada a 1.015 cv. Montada dentro do túnel central. a bateria ocupa o espaço reservado, desde o Countach, para a caixa de câmbio nos Lambos. Isto, apesar de limitar suas dimensões, proporciona centro de gravidade mais baixo possível, além de distribuição de pesos mais equilibrada.
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O Revuelto também mantém outra tradição da Lamborghini: a tração nas quatro rodas. Enquanto o motor de combustão traciona as rodas traseiras, um par de motores elétricos estão montados na dianteira com cada um acionando uma das rodas. O terceiro motor elétrico é montado sobre a caixa de câmbio transversal de oito marchas, que foi transferida para a extremidade traseira, atrás do motor V-12.
Conforme o modo de condução, este terceiro motor elétrico também pode tracionar as rodas traseiras independente do motor a combustão. Assim, em combinação com os dois motores dianteiros, o carro pode rodar com tração integral totalmente elétrica. Isto porque, acoplado a caixa de câmbio, ele tem mecanismo sincronizador que possibilita conexão com a dupla embreagem para tracionar diretamente as rodas traseiras.
Os dois motores dianteiros são de fluxo axial e arrefecidos a óleo. Pesando18,5 kg e com potência de 75 cv cada um, resulta em excelente relação peso-potência. Além de tracionar as rodas dianteiras, eles também possuem função de vetorização de torque, otimizando a dinâmica de direção e também recuperando a energia produzida na frenagem. No modo elétrico básico, o Revuelto roda apenas com tração dianteira.
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A marcha à ré também é acionada apenas pelos motores dianteiros, embora, se necessário, o terceiro motor elétrico pode entrar em ação ativando o eixo traseiro no caso de condições especiais como baixa aderência. Este motor, de fluxo radial e potência de 150 cv, atua basicamente na partida e como gerador de energia, enquanto envia tração elétrica para o eixo traseiro somente sob demanda, quando necessário.
Além de recarregar a bateria quando o carro está rodando em baixas rotações ou estacionado, este terceiro motor elétrico também fornece potência extra para os motores dianteiros. Já a bateria, com sistema de células tipo bolsa, é protegida por uma camada estrutural na seção inferior e está conectada aos motores elétricos e também a uma unidade de recarga integrada.
A bateria pode ser recarregada usando corrente alternada doméstica comum ou corrente contínua com carga de até 7 kW de potência e que possibilita a recarga completa em apenas 30 minutos. Mas ela também é recarregada automaticamente pela frenagem regenerativa das rodas dianteiras ou diretamente pelo motor V-12. Neste caso demora apenas seis minutos.
A Lamborghini ressalta que o Revuelto oferece um salto quântico no design de seus modelos, tanto externa quanto internamente, e tem como inspiração versões lendárias anteriores equipadas com o motor V-12. A começar pelo protótipo do Countach, de 1971, com proporções perfeitas desenvolvidas em uma única linha longitudinal, este carro foi responsável por criar um estilo contextualizado na Era Espacial.
Com isso, definiu o DNA do superesportivo característico da Lamborghini até hoje, como detalhe das portas com abertura vertical em tesoura, que voltam a ser destacadas no Revuelto. Ainda, segundo o fabricante, ele mantém o DNA de design exclusivo da Lamborghini, mas estabelece uma linguagem estilística totalmente nova, apesar de manter o visual hexagonal, que caracteriza os modelos da marca nas últimas décadas.
O estilo do novo superesportivo tem requisitos de design diferentes do Aventador, o que influenciou o desenvolvimento aerodinâmico do carro. Forma e função compartilham uma missão singular: a eficiência aerodinâmica. A Lamborghini destaca que no design a eficiência ideal foi alcançada combinando elevada força descendente com arrasto aerodinâmico minimizado.
Um dos elementos importantes é a nova asa traseira ativa, desenvolvida para garantir o melhor desempenho aerodinâmico em todas as condições de uso. Por isso, foram desenvolvidos atuadores totalmente novos, gerenciando a carga de maneira ideal em todas as situações, com três configurações diferentes. A posição da asa muda de acordo com o modo de direção e dinâmica, ou pode ser alterada manualmente no rotor do volante.
A posição “fechada” (baixo arrasto) garante resistência mínima ao rodar, por exemplo, no modo elétrico. Esta posição também é a mais adequada para economia de combustível, além de melhorar os valores de velocidade máxima enquanto ainda garante muita estabilidade. A “posição alto downforce” maximiza a força descendente contribuindo diretamente na estabilidade e dirigibilidade.
Em comparação com o Aventador, a Lamborghini informa que o Revuelto é 61% mais eficiente e gera 66% mais downforce em alta velocidade. O modelo vem equipado com pneus Bridgestone Potenza Sport, sob medida, nas medidas 265/35R20 (dianteira) e 345/30R21 (traseira). É oferecida também a opção de rodado: 265/30R21s (dianteira) e 355/25R22s (traseira).
A utilização em larga escala de compósito de fibra de carbono, produzido artesanalmente na fábrica de Sant’Agata Bolognese e que, vale lembrar, foi uma das pioneiras nesta tecnologia, é o principal elemento estrutural do Revuelto, com destaque para o projeto no sistema de monofuselagem, que além de aumentar a resistência a torção também reduziu o peso total do quadro, além de contribuir para mais espaço na cabine.
Esta nova tecnologia na estrutura com uso extensivo de “compósitos forjados”, além de outros materiais leves, como o quadro traseiro em alumínio de alta resistência de cúpulas ocas e com menor número de linhas de solda, combinado com a potência de mais de 1.000 cv, também contribuiu para obter a melhor relação peso/potência em um modelo em toda a trajetória da Lamborghini: apenas 1,75 kg/cv
Com tudo isso, o novo Lamborghini Revuelto combina atributos para oferecer números de desempenho destacado em seu segmento de mercado, como a aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 2,5 segundos e velocidade máxima acima dos 350 km/h. O preço ainda não foi divulgado, mas especula-se que não deverá ser inferior a 600 mil dólares, ou seja: algo acima de 3 milhões de reais.
RM