Tenho avaliado a possibilidade de trocar um dos carros de casa. Confesso que por mais que goste do assunto, ando muito em dúvida sobre qual modelo deveria ser e até mesmo sobre opcionais. E isso é bom.
Meus leitores mais antigos devem se lembrar da época em que havia 3três ou quatro fabricantes de carros no Brasil e, mais lá para trás, praticamente nenhum importador. Eu lembro exatamente como eram esses tempos.
A primeira vez que andei num Mercedes de luxo foi quando trabalhava num jornal diário e saí de um restaurante com um entrevistado. Chovia barbaridades, não se conseguia um táxi e, claro, não havia aplicativos de transporte. Minha fonte me deu carona até o jornal, que era perto do lugar em que estávamos. Como vocês bem sabem sou tímida, mas estou tentando vencer esta questão…
Por isso perguntei algumas coisas sobre o carro. Soube então que ele havia comprado de segunda mão de um diplomata que tinha acesso a veículos produzidos no Exterior pois não se podia importar exceto em casos muito específicos.
Imaginem, caros leitores, um sujeito riquíssimo como ele comprar um veículo usado? Hoje, e talvez para algumas pessoas, isso seria impensável, mas não para esta pessoa. Ele, como muita gente assim, era rico justamente por não rasgar dinheiro e essa era a forma que ele havia encontrado de ter o carro que queria. Importar um zero-quilômetro teria sido uma tarefa praticamente impossível e o custo seria muitíssimo maior. Venceu o pragmatismo.
Hoje escolher um carro envolve mais variáveis. Além de muitíssimas mais marcas, nacionais ou importadas (e, ainda, importadas de países com os quais temos algumas vantagens, como os do Mercosul e México), cada fabricante tem muitos mais modelos à disposição do que havia, por exemplo, até a década de 1990.
E não me refiro apenas às questões como sedã, suve ou camioneta (OK, esta é cada vez mais raras…), mas também à quantidade de itens dentro de cada categoria. Os opcionais se converteram numa lista gigantesca e não raro compensa passar para um modelo mais completo no qual vários desses itens já vem de fábrica. Vale a pena fazer conta — muita conta.
Isso para não entrar na questão carro novo x carro usado. Pessoalmente, como já comentei aqui, em princípio gosto mais de carro novo apesar de saber de algumas desvantagens financeiras. Mas já comprei muito carro usado — o menos usado deles, um lindo Voyage cinza prata nos idos de 1990 e pouco, com apenas 4.000 quilômetros.
Obviamente, nestes casos a procedência e o histórico do carro são fundamentais, duas coisas que naquele carro eram muito bem conhecidas por mim e extremamente positivas. Nesse quesito, não estou fechada a nenhuma opção e analiso todas. Aliás, como tudo na vida.
Ironicamente, a única coisa em que há relativamente menos opções hoje é na questão das cores. Digo “relativamente” pois se se quiser ter um veículo de uma cor que não seja preto, prata ou branco a demora será maior — não que não existam opções. Apenas é que dependendo da preferência, o prazo pode ser bem mais longo.
A lista de opcionais, então, é quase interminável. Claro que carros mais caros vêm com mais itens de linha, mas alguns confortos com os quais nos acostumamos rapidamente podem ser cobrados à parte em modelos mais acessíveis. Cito como exemplo o retrovisor fotocrômico. Especialmente em tempos como os atuais, em que proliferam faróis desregulados e outros de má qualidade, é um conforto. Aliado aos óculos amarelos, acho uma excelente combinação, especialmente à noite na estrada.
Dá para viver sem ele? Claro, assim como sem a luz que indica que há algo no ponto cego do carro. Mas para alguém que, como eu, dirige em São Paulo com zilhões de motoqueiros que insistem em se esconder nas quinas dos carros, essa luzinha já ajudou muito. A eles, que não foram derrubados por mim, e a mim pois fui poupada de algum susto ou algo ainda mais sério.
Sensor de estacionamento é muito útil para o proprietário do carro, embora totalmente ignorado por manobristas, assim como o acendimento automático dos faróis. Adoraria saber por que sempre apagam as luzes na alavanca em vez de esperar que apaguem ao desligar o motor. Pergunta retórica, é claro, pois já sei a resposta. Euzinha gosto dos dois.
Gosto do sistema de acionamento de motor sem chave. Encanta-me bastar um rápido toque no botão, não preciso ficar apertando-o. Os meus colegas entendidos do AE dizem isso se chama partida assistida, Minha bolsa é muitíssimo parecida com um buraco negro, onde não se sabe ao certo o que nela há e as coisas que entram não saem nunca mais. Exagero, é claro, mas não muito.
Por isso acho esse acessório muito prático, embora os manobristas me odeiem porque, não raro, entrego o carro e vou embora com a chave dentro da bolsa. Várias vezes correram atrás de mim e uma fui chamada ao consultório em que estava para, por favor, descer e entregar a chave. Mas cada vez isso é mais raro pois tenho me policiado muito. Mas, novamente, dá para viver sem isso – apenas é algo que facilita nossa vida depois que nos acostumamos.
Fundamental, mesmo, para mim é uma boa motorização. E por boa entenda-se aquela que melhor atende ao usuário e às suas características de direção. Gosto de uma boa e rápida aceleração nas ultrapassagens e, quando tive carros que não me proporcionavam isso, tinha que me policiar para não mudar de faixa em determinadas circunstâncias. Cansei de abortar manobras de ultrapassagem em casos assim.
Novamente, é algo terrível? Não, até porque já tive muitos carros populares com motores mais fracos, mas para meu estilo de direção é um conforto a mais. Para mim, velocidade final é algo interessante, mas com tantas proibições e limites de velocidade irreais se tiver que escolher entre um curto intervalo de tempo de 0 a 100 km/h ou uma velocidade final maior, fico com a primeira opção. Se puderem ser as duas, obviamente ambas.
Bem, o fato é que não basta apenas gostar de carro. Precisa pesquisar muito e ter algum conhecimento de planilhas Excel para fazer todas as comparações necessárias. Ou então pode-se colocar as opções favoritas em papéis e sorteá-las…
Mudando de assunto: mais uma piadinha infame daquelas que eu gosto tanto. Especial para quem assistiu o filme “Highlander, o guerreiro imortal”:
NG
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