A Gordon Murray Automotive (GMA) apresentou nesta quarta-feira (4/4) seu mais novo modelo, o GMA T33 Spider, a versão conversível do T33 que foi lançado no ano passado. Assim como o cupê, o spider também terá apenas 100 unidades fabricadas seguindo a filosofia de exclusividade da marca inglesa criada pelo renomado projetista Gordon Murray.
O sul-africano Murray foi um dos mais bem-sucedidos projetistas de Fórmula 1 nas décadas de 1970 e 1980 sendo, inclusive, responsável pelos monopostos da Brabham com o qual Nelson Piquet conquistou seus dois primeiros títulos mundiais, em 1981 e 1983, e também pelo McLaren MP4/4, com o qual Ayrton Senna conquistou seu primeiro título, em 1988.
Ao se afastar das competições, ele se dedicou ao projeto do McLaren F1, o primeiro modelo superesportivo da marca, que foi lançado em 1993 — 30 anos atrás! — e teve 106 unidades fabricadas até 1998. Na época, era o carro de série com motor aspirado mais rápido do mundo e, inclusive, bateu o recorde mundial de velocidade alcançando máxima de 386,7 km/h.
Após deixar a McLaren, ele abriu o escritório Gordon Murray Design prestando serviços de consultoria para diversos fabricantes e também desenvolveu algumas propostas interessantes, como o ultracompacto urbano T25, além de construir modelos especiais em pequena série até decidir fabricar superesportivos com sua própria marca.
Nos seus projetos atuais, Murray segue a mesma filosofia do McLaren F1: motor V-12 aspirado, aliado a eficiência aerodinâmica e baixo peso obtido pela utilização de materiais como o compósito de fibra de carbono unido a uma superestrutura de alumínio tubular, técnica que ele desenvolveu para os monopostos de Fórmula 1.
No GMA T33 Spider, conversível tipo Targa equipado com motor V-12 aspirado de 3,9 litros fabricado pela Cosworth, Murray alia a potência de 617 cv com apenas 1.108 kg de peso total do carro, o que proporciona a excelente relação peso-potência de 1,8 kg/cv, semelhante a de modelos bem mais potentes, mas também muito mais pesados.
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Assim como o cupê, o “coração” do T.33 Spider é o motor Cosworth GMA.2 V-12. Construído todo em alumínio e projetado de acordo com as especificações definidas por Murray, segue os princípios do automobilismo de competição: ultraleve, com maior densidade de potência, elevada rotação e respostas rápidas ao comando do acelerador.
Completo pesa apenas 178 kg sendo o V-12 para carros de série mais leve do mundo. Para isso, também é utilizado titânio em componentes críticos como as bielas, enquanto os coletores de escapamento são de inconel, liga leve para suportar temperaturas extremas. Com ângulo V de 65 graus e cárter seco, o motor também contribui no baixo centro de gravidade do carro.
Tomada de ar dinâmico e dois injetores de combustível por cilindro contribuem na capacidade de resposta do motor, com 75% do torque máximo de 46 m·kgf já disponível a partir de 2.500 rpm, enquanto 90% é mantido de 4.500 a 10.500 rpm. A potência máxima de 617 cv é entregue a 10.250 rpm, com corte a 11.100 rpm.
O câmbio é manual de seis marchas desenvolvida pela Xtrac, tradicional fornecedor para o automobilismo de competição. E, assim como o V-12, foi projetada para ser o mais eficiente em peso possível. Pesando apenas 82 kg, não há transeixo de supercarro mais leve e que ofereça as mudanças rápidas, suaves e precisas que os autoentusiastas adoram..
O trem de força é acoplado por embreagem multidisco que fornece a capacidade de torque necessária com inércia mínima e completada com diferencial autobloqueante mecânico.. Em relação aos controlados eletronicamente, este sistema proporciona o máximo controle nas respostas e o equilíbrio de direção em todos os momentos.
No design da carroceria o T.33 Spider personifica o ethos Return to Beauty (volta à beleza) da GMA. Gordon Murray diz que se inspirou em designs icônicos de modelos da década de 1960 buscando proporções perfeitas e superfícies fluidas trabalhadas com a facilidade que o compósito de fibra de carbono proporciona e contribui para a execução com atenção aos detalhes.
O teto tipo targa combina harmoniosamente com seção traseira, atrás do qual estão as duas saídas de que auxiliam no arrefecimento do motor. A caixa de ar que alimenta diretamente o motor é uma característica marcante do T.33 que se destaca ainda mais no Spider, quando os painéis do teto são removidos.
Feitos de composto de carbono leve, esses painéis tem a oferta de uma variedade de cores para contrastar com a cor da carroceria. Para facilitar seu uso, eles podem ser guardados no porta-malas dianteiro. O vigia atrás da cabine pode ser abaixado ao pressionar um botão para completar a experiência imersiva do Spider.
Um detalhe que vale destacar no design é a solução criativa para os dois outros compartimentos de bagagem, com capacidade para 90 litros cada um e que ficam dentro dos para-lamas traseiros. O acesso a eles é bastante engenhoso com a abertura dos para-lamas para a colocação da bagagem e garante que o T.33 Spider seja um supercarro versátil.
A capacidade total de bagagem de 295 litros somando o porta-malas na dianteira, mais os dois compartimentos dentro dos para-lamas traseiros (foto abaixo(, é uma raridade em superesportivos atuais e semelhante à de hatchbacks pequenos como o Opel Corsa. Quando as seções do teto são acomodadas no porta-malas, a capacidade de bagagem cai para 180 litros.
A cabine é minimalista e configurada com foco no dirigir. Os bancos envolventes são ligeiramente reclinados para uma melhor posição de condução rápida. Na visão central do motorista destaca-se apenas o conta-giros circular de grande dimensão e que é ladeado por duas telas de informação retangulares. O volante convencional é bem dimensionado, enquanto a alavanca do câmbio manual de seis marchas está devidamente bem posicionada.
A GMA tem o costume de não divulgar dados de desempenho de seus modelos, seguindo a filosofia de Gordon Murray: “Eu realmente não me importo muito com números de desempenho, mas sim na experiência dinâmica de sentir as sensações que o carro pode proporcionar em todas as exigências a que é submetido.”
Apesar de ter sido apresentado ontem, a produção deste modelo só deve começar em meados de 2025, após a construção das cem unidades do cupê, que só deve começar ano que vem. Mesmo assim, metade da produção do Spider já está encomendada ao preço de 1 milhão e 800 mil libras esterlinas, equivalente 11,4 milhões de reais na conversão dieta.
RM