“Um presidente fora da curva! / Um presidente fora da caixa! / O cara!”, estas e muitas outras expressões foram usadas para definir quem foi Mark Hogan, falecido no último domingo, que entre outras posições como executivo da indústria automobilística ocupou a presidência da General Motors do Brasil, a vice-presidência da General Motors Corporation, e encerrou sua carreira como integrante do board da Toyota Motor Corporation.
Para “comprovar” o incrível estilo de administrar deste meu amigo, vou contar aqui o resultado de uma reunião ocorrida na sala da presidência da GM, em meados de 1993, na presença de André Beer (que já nos deixou também), José Carlos Pinheiro Neto (com quem tive um logo e delicioso papo na tarde de domingo, antes de saber do falecimento do Mark), Luiz Cezar Thomaz Fanfa, o Mark e eu.
Fomos apresentar a ele, Mark, a ideia de patrocinarmos o Bourbon Street Music Club, promovendo lá uma festa de pré- inauguração da casa, marcada para dezembro, com a presença de BB King.
Coube a mim apresentar o plano, que significava adiantarmos um determinado valor, para que o Edgard Radesca, o Luiz Fernando Mascaro (que tocava uma bela guitarra e que também já nos deixou), o Clóvis Cerqueira César e o Edmilson Santilli, sócios, pudessem concluir as obras do Bourbon Street.
Mark fez uma única pergunta: podemos confiar nessas pessoas?
Respondi que o nosso Jurídico havia feito uma pesquisa e que eles eram homens de confiança, sem nenhum registro negativo em seus nomes.
Feito isso, Mark demonstrando sua capacidade de dar crédito aos seus comandados disse para mim, com um simpático sotaque que marcou sempre suas conversas com a Imprensa, tornando-o um dos mais queridos executivos do setor no País:
— Chico, se eu perder o meu emprego por isso não dar certo, você perde o seu também.
Todos riram e ele assinou a autorização liberando o crédito para que as obras do Bourbon Street fossem concluídas.
A inauguração ocorreu em dezembro, mas a pré-inauguração foi com a tradicional festa de final de ano da GM para a Imprensa, um mês antes, apresentando para o público apreciador do gênero musical a Rainha do Blues de New Orleans, Marva Wright. Ela ficou conhecida pelos jornalistas que foram ao lançamento do Vectra, às margens do Mississipi, apresentando-se no Second Line, um bar local.
Em determinado momento, o telão do Bourbon passou a mostrar
imagens da Marva cantando, como se estivesse em New Orleans. Em seguida
som da tela desapareceu e a Marva surge no salão da casa caminhando
entre as mesas e entoando um dos seus admiráveis blues com seu
afinadíssimo vozeirão. Os jornalistas e as jornalistas se empolgaram
com o reencontro. Era segredo!
Esse era Mark Hogan. “O Cara!/ O presidente fora da curva!/ O presidente fora da caixa!”, que sempre deu crédito e apoio aos projetos e ideias de seus colaboradores, em todos os setores da GM.
CL
