A solução da Lamborghini em adotar no Revuelto uma caixa de câmbio transversal (foto) montada atrás do motor V-12 longitudinal, pode ser considerada uma opção técnica diferenciada e radical no universo dos modelos de elevado desempenho. Por sinal, esta parece ser uma tradição em escolhas da Lamborghini a começar pelo icônico Miura, lançado em 1967 que tinha o motor V-12 montado transversalmente e com a caixa de câmbio acoplada no mesmo bloco. Uma solução “motociclística” que, na mesma ocasião, a Honda utilizou no seu primeiro carro de Fórmula 1, o RA272.
Posteriormente, ao lançar o Countach, sucessor do Miura, no início a década de 1970, a marca de Sant’Agata Bolognese ousou novamente ao instalar a caixa de câmbio à frente do motor V-12 central, desta vez montado na longitudinal, enquanto o diferencial ficava atrás do motor. Uma solução complexa, já que a árvore de transmissão precisava ir da frente para trás do motor, ligando a caixa ao diferencial. Com isso, além de manter o entre-eixos mais curto que o do Miura e um volume compacto da carroceria, também conseguia alguns milímetros a mais de espaço na cabine.
Agora, no projeto do Revuelto, a Lamborghini teve novamente encontrar uma solução “fora da caixa” para achar o espaço para instalar a bateria de suporte de 3,8 kW·h do sistema híbrido. O local que ficava a caixa de câmbio, adotado desde o Countach para os modelos com o V-12 longitudinal, foi destinado à bateria. Com isso, a caixa de câmbio teve que ser instalada atrás do motor. Porém, para manter dimensões compactas no novo transeixo, a solução foi desenvolver uma nova caixa transversal e de dimensões reduzidas, com apenas 560 mm de comprimento, 750 mm de largura e 580 mm, de altura.
Esta nova caixa de dupla-embreagem (DCT) e oito marchas faz parte de um conjunto que, além de incorporar o diferencial, também suporta o terceiro motor elétrico do sistema híbrido, de 150 cv e torque máximo de 15,3 m·kgf, mas pesa no total 193 kg sendo mais leve que o câmbio de sete marchas do Huracán. O arranjo de dupla-embreagem, com apenas duas árvores em vez das três habituais, é bem compacto e leve como objetivo manter a distância entre eixos contida, além de possibilitar distribuição de peso eficaz para a melhor dinâmica de direção.
Ainda, conforme destaca o fabricante, a nova caixa proporciona mudanças mais rápidas de marcha para aumentar a sensação de direção esportiva, enquanto a inclusão de uma oitava marcha ajuda a otimizar o consumo de combustível e a dirigibilidade em velocidade de cruzeiro. Outra característica do sistema DCT é a ‘redução contínua’, que possibilita reduzir várias marchas durante a frenagem simplesmente mantendo pressionada borboleta à esquerda atrás do volante, oferecendo uma maior sensação de controle.
Vale destacar também o sistema de acoplamento do motor elétrico à caixa de câmbio com um mecanismo sincronizador que possibilita conexão com a dupla embreagem para tracionar diretamente as rodas traseiras, sem o motor de combustão. Isto proporciona um interessante sistema de marcha à ré que, normalmente é feito somente pelos motores elétricos dianteiros, porém o motor elétrico conjugado com a caixa pode entrar em ação acionando o eixo traseiro, no caso de condições especiais como baixa aderência.
RM