Bem, caros leitores, como este ano parece que já estão definidos os campeões de F-1, decidi pesquisar o que é necessário para ser piloto dessa categoria. Vai que eu tenho uma chance? Não, é claro que a verdade é que foi por pura curiosidade, depois de ver tanta gente dizendo que hoje qualquer um pilota um carro desses.
Para mim, tanto o campeonato de pilotos, com Max Verstappen, quanto o de construtores, com Red Bull, estão definidos. Mas não levem muito a sério meus prognósticos sobre os vencedores deste ano, embora pareça barbada — eu tinha certeza de que o celular pré-pago seria um fracasso, assim como Daniel Craig no papel de 007. Obviamente, não poderia estar mais errada… Em minha defesa tenho que dizer que tive muitos mais acertos do que erros nos meus vaticínios, mas lembro desses fiascos a toda hora – justamente para evitar que fique arrogante com as previsões certeiras. Algo assim como se fazia na Antiga Roma, quando havia sempre alguém ao lado do imperador, especialmente nos momentos de vitória, para dizer-lhe: “Memento mori”, algo assim como “lembre-se de que você é mortal”.
Minha pesquisa resultou em muitas coisas que eu já sabia e outras tantas que considero meio folclóricas. Vamos a elas — quem sabe há mais pessoas que reúnem estas características entre meus leitores? E um aviso: como ficou muito longa, divido em duas edições.
1) Pilotos têm de ter a Superlicença
Parece óbvio para quem conhece um pouco da categoria, mas muita gente não sabe disso e fica fazendo comentários tolos nas redes sociais. Não basta ter CNH, tem de ter a licença emitida pela FIA (Federação Internacional do Automóvel). Para consegui-la não basta saber fazer baliza e dar uma volta no quarteirão. São necessários um detalhado e difícil exame escrito e experiência comprovada em outras categorias. Como já comentei neste espaço, muitos pilotos tem mais de uma nacionalidade e eles podem escolher o país de emissão.
2) Pilotos de F-1 devem ter pelo menos 18 anos de idade
Esta regra é bastante nova, pois antes não havia mínimo requerido. O último exemplo de alguém que competiu com idade inferior a esta foi Max Verstappen em sua estreia, em 2015, aos 17 anos. Ufa, menos mal que esse requisito eu preencho (com sobras, para dizer a verdade).
3) Os vencedores de um grande prêmio nem sempre ficam com seus troféus
Esta, definitivamente, me fez desistir de ser piloto de F-1 (ok, leitores, podem gargalhar). Muitas equipes fazem questão de guardar as taças, medalhas, etc., que seus vencedores recebem e os exibem em suas fábricas. Algumas fazem réplicas para que eles guardem, algo que achei bem simpático. Pelo menos isso, não? .
4) O uso de todos os equipamentos de segurança é obrigatório
Mesmo nos treinos, o piloto de F-1 tem que usar todo o uniforme por questões de segurança. Isto inclui macacão não-inflamável, capacete, protetor de cabeça e pescoço, sapatilhas de competição, balaclava e luvas com sensores biométricos nas pontas para que a equipe possa acompanhar os sinais vitais do piloto (batimentos cardíacos e nível de oxigenação) em tempo real. Quem já assistiu “Grand Prix”, de 1966, tem uma noção do que é o batimento cardíaco de um piloto de F-1 na hora da largada.
5) O conjunto carro-piloto deve ter um peso mínimo
O total varia ao longo do tempo, mas para este ano, por exemplo, a combinação dos dois deve alcançar um mínimo de 798 kg. Não há um teto, mas, por óbvio, nenhuma equipe quer ultrapassar muito isso já que deixaria o carro mais lento. Se estiverem abaixo disso, a equipe pode colocar lastro firmemente fixado para chegar ao mínimo.
Ah, no final de cada prova os pilotos devem se pesar individualmente. Com isso as equipes também avaliam a perda de peso deles durante a prova, já que é normal que eles percam de 2 a 4 kg durante uma prova, apesar da hidratação constante feita por uma mangueirinha diretamente na boca do piloto — claro, desde que a equipe se lembre de conectá-la e não faça como a Ferrari que, em 2018 no GP da Hungria, esqueceu de fazer essa ligação e deixou o piloto a seco durante a prova inteira e imortalizou mais um meme de rádio dos tantos protagonizados por Kimi Räikkönen. ”Não, Kimi, você não terá sua bebida”.
6) E por falar em Kimi, pilotos devem falar com a imprensa
Juro que isto consta do livrinho de regras da F-1. Mas é claro que alguns são mais falantes do que outros. O livro exige apenas que eles respondam aos veículos de comunicação. Não há obrigação de que sejam simpáticos ou prolixos. (Foto press)
7) O número 1 no carro só pode ser conseguido de um jeito
Pilotos de F-1 podem ter o número no carro que bem entenderem, mas o número 1 é reservado ao campeão do ano anterior, o chamado campeão reinante. Seu uso, no entanto, não é obrigatório. De fato, Lewis Hamilton, com seus sete títulos, manteve o 44. Já Max Verstappen o usa há dois anos e deve fazê-lo em 2024 também. Como já contei neste espaço, há todo tipo de história envolvida neste tema, desde superstição até admiração. Pessoalmente, gosto do 27, que a Ferrari durante um tempo fez questão de usar após a morte de um dos pilotos que mais representaram a equipe, Gilles Villeneuve, e o “red 5” (“5 vermelho”), usado por Nigel Mansell. (Foto Mansell)
8) Normas para comemorar a vitória
As comemorações estão permitidas, mas dentro de determinadas normas. A FIA atualmente permite os famosos “zerinhos”, mas as equipes às vezes os restringem, pois são uma crueldade com o carro que tem um número limitado de jogos de pneus para usar durante o ano inteiro — por isso, geralmente só vemos isso na última prova do campeonato. A FIA também limita as comemorações das equipes e proibiu especificamente que os mecânicos e engenheiros se pendurem na tela de proteção, alegando questões de segurança. Hoje ainda os vemos, mas sempre com os pés apoiados na mureta. Confesso que não sei se isso muda muito a segurança, mas acho que é um momento catártico para muita gente que não tem o mesmo reconhecimento que o piloto e, por mim, o permitiria desde que a grade seja realmente firme e que não haja riscos de acontecer como quanto o Ronaldo “Fenômen”o foi comemorar um gol do então seu time Corinthians e a grade veio abaixo. Mas, convenhamos, embora ainda jogasse muita bola estava bem acima do peso, coisa que não vemos nos membros das equipes de F-1. (Foto zerinhos)
(segue na próxima edição)
NG
A coluna “Visão feminina” é de exclusiva responsabilidade de sua autora.
Mudando de assunto: quem disse que o Fusca é um carro ultrapassado? Ele foi pioneiro!
NG
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