É fato consumado que poucas equipes da Fórmula 1 seguem um protocolo de trocar pilotos tão intenso e conturbado quanto a atual AlphaTauri (foto de abertura), nome adotado pela Toro Rosso em 2020. Fundada em 1985 a partir da estrutura criada por Giancarlo Minardi, o time satélite da Red Bull sempre foi uma academia tão avançada quanto destruidora de jovens pilotos adotados pela marca de energéticos. O fato curioso da vez é que após nove corridas sem demonstrar a competitividade esperada, o holandês Nick De Vries perdeu o emprego para Daniel Ricciardo, piloto que em 2012 e 2013 disputou 39 GPs pelo time baseado em Faenza, cidade da Emilia Romagna. Inicialmente rebatizada de Toro Rosso, tradução do Inglês Red Bull para “Touro Vermelho”, em 2020 a escuderia mudou novamente de nome e passou a ser identificada como AlphaTauri, marca de confecções de grife que não teve o sucesso comercial esperado.
Ricciardo retorna à equipe onde disputou a temporada de 2012 no GP da Hungria, confirmado para o próximo fim de semana, quando ocupará a vaga criada com a demissão do holandês Nick De Vries. O ritmo das mudanças no planeta dos energéticos e moda não tem previsão de acabar tão cedo, mas o enredo dessa novela tem apelo internacional: é voz corrente de que a substituição do holandês pelo australiano compromete o futuro próximo do mexicano Sergio Pérez, atual companheiro de Max Verstappen na equipe Red Bull.
A possibilidade é real e reconhecida pelo comandante da Red Bull, Christian Horner:
“No momento o empréstimo de Ricciardo à Alpha Tauri é garantido apenas até o final da temporada. No ano que vem nossos pilotos serão o Max Verstappen e o Sergio Pérez, mas entendo que o Daniel vê essa oportunidade como o melhor caminho para a temporada de 2025.”
Vale lembrar que 2025 é o ano em que termina o contrato de Pérez com a Red Bull, o que não significa estabilidade de emprego na próxima temporada. O próprio Ricciardo teve seu contrato de três anos com a McLaren encerrado com 12 meses de antecedência por causa de seu desempenho fraco em comparação com o companheiro de equipe, o inglês Lando Norris. Em alguns meses na Red Bull, o australiano recuperou sua reputação junto ao conselheiro Helmut Marko e, principalmente, Horner:
“A primeira experiência de Daniel com o nosso simulador pela primeira vez, um ou dois dias depois do GP de Abu Dhabi, foi um completo desastre. A cada nova sessão de treino nesse equipamento ele melhorou e mostrou que está à altura dos nossos pilotos oficiais.”
A decisão de anunciar Ricciardo na Alpha Tauri veio após seu desempenho nos testes de pneus realizados na semana passada em Silverstone. Nas voltas finais do treino ele conseguiu marcar um tempo que garantiria um lugar na primeira fila. O fato de que Sergio Perez está há cinco corridas sem largar entre os dez primeiros deixa claro que a possibilidade de repetir a experiência do australiano com a McLaren é algo mais que uma ilusão de ótica.
A lista de promessas e decepções da Toro Rosso/Alpha Tauri:
2007: Vitantonio Liuzzi; Scott Speed (10 GPs); Sebastian Vettel (7 GPs)
2008: Sebastian Vettel e Sebastian Bourdais
2009 –Sébastien Buemi, Sébastian Bourdais (9 GPs); Jaime Alguersuari (8 GPs)
2010/11 – Sébastien Buemi e Jaime Alguersuari
2012/13 – Daniel Ricciardo e Jean-Éric Vergne
2014 – Jean-Éric Vergne e Daniil Kvyat
2015 – Max Verstappen e Carlos Sainz
2016 – Carlos Sainz, Max Verstappen (até o GP da Rússia) e Daniil Kvyat ( a partir do GP da Espanha
2017 – Carlos Sainz (16 GPS), Daniil Kvyat (disputou 15 GPs), Pierre Gasly (cinco GPs) e Brendon Hartley (4 GPs)
2018 – Pierre Gasly e Brendon Hartley
2019 – Daniil Kvyat, Alex Albon (12 GPs) e Pierre Gasly (8 GPs)
2020 – Pierre Gasly e Daniil Kvyat. Mudança de nome para AlphaTauri
2021/2 – Pierre Gasly e Yuki Tsunoda
2023 – Yuki Tsunoda, Nick De Vries (até o GP da Grã Bretanha) e Daniel Ricciardo.
WG
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