O período que divide as duas fases da temporada anual da F-1 é famoso pela movimentação real, ou fictícia, de pilotos, engenheiros e chefes de equipe em busca de novos desafios e melhores salários. O aumento de provas no calendário, atualmente com 22 etapas, levou a FIA a homologar um período de férias onde, pelo menos em teoria, as equipes devem parar de trabalhar em seus carros e motores. Para nós, brasileiros, dois nomes devem ser acompanhados com atenção nas próximas semanas: o paranaense Felipe Drugovich (foto de abertura) e o suíço Mattia Binotto.
O primeiro é atualmente piloto-reserva da equipe Aston Martin. O segundo está desempregado desde que foi substituído por Frédéric Vasseur na direção da equipe Ferrari após o término da última temporada e seu nome é cada vez mais ligado junto à da equipe Alpine.
A carteira profissional de Felipe Drugovich, o campeão da F-2 em 2022, rumo à F-1 parece próxima de incorporar um segundo emprego. O nome do brasileiro é uma das principais opções, senão a principal, na lista de Michael Andretti para a próxima temporada de F-E, a categoria de monopostos elétricos. Pode ser uma boa escolha: as chances de Drugo ser incorporado como titular da equipe Aston Martin dependem da aposentadoria de Fernando Alonso e de algo extraordinário acontecer com Lance Stroll, filho do dono da equipe. Outro ponto a jogar a favor de Drugovich juntar-se ao time americano é a possibilidade cada vez mais séria de Andretti estrear seu próprio time na F-1 nos próximos três anos.
Amir Nasr, empresário de Felipe, reconhece que esse fator poderá ser incorporado nas negociações em curso: “Sem dúvida. a chance de estar ligado a uma equipe que em breve estreará na F-1 será considerada. Por enquanto não colocamos à mesa esse ingrediente, mas na hora certa certamente falaremos disso. Além da Andretti estamos falando com outras três equipes da F-E e esperamos tomar uma decisão dentro de 45 dias. De qualquer forma, quero deixar claro que estamos muito bem na Aston Martin e tudo o que nos foi prometido ao assinar contrato com eles foi cumprido e, em muitos aspectos, superado.”
O contrato de Drugovich com a Aston Martin inclui um programa de preparação semelhante ao que Lawrence Stroll, o dono do time, proporcionou ao próprio filho, Lance, junto à equipe Williams. “O Felipe está treinando muito no simulador e na pista. Este ano já fizemos testes em Barcelona, Silverstone e Áustria e há mais testes programados para Hungria e Monza. Cada teste desse envolve a participação de pelo menos 30 engenheiros, uma estrutura similar à usada nas corridas”, complementa Nasr.
Segundo ele, o ideal para o futuro do brasileiro é um lugar na F-1, mas ser promovido de piloto-reserva a piloto titular na Aston Martin é algo com chances remotas de acontecer num futuro próximo. Motivos para isso são facilmente identificáveis: o time melhorou bastante na atual temporada e precisa de um piloto experiente como Fernando Alonso e o outro cockpit é ocupado pelo filho do dono da equipe. Ainda assim, Nasr só tem elogios ao time inglês: “O programa que a Aston Martin preparou para o Felipe é extenso e intenso”, lembra o empresário.
Entre as opções mais interessantes para Drugovich em 2024 estão as equipes Andretti e Maserati, ambas na F-E. O programa de F-1 do time norte-americano é associado à Cadillac e está próximo de ser anunciado como a décima primeira equipe da categoria, algo que pavimenta um caminho alternativo para o piloto. Por outro lado, Drugovich já fez dois testes extraoficiais com o F-E da equipe italiana e foi o mais rápido em Berlim e Roma, o que gerou conversações mais consistentes para defender o time em 2024.
Em um cenário mais técnico o nome que desponta nesta semana é o de Mattia Binotto, que recentemente voltou a circular no paddock da F-1. O engenheiro suíço-italiano é cogitado para assumir a posição de team principal da equipe Alpine, que vive um período turbulento em consequência de várias demissões em postos importantes. Em 15 dias os franceses desligaram Laurent Rossi (executivo-chefe da marca), Otmar Szafnauer (team principal), Alan Permane (diretor esportivo) e Pat Fry (diretor técnico).
O francês Bruno Famin, recém empossado vice-presidente esportivo, comandará o processo de reestruturação que surpreendeu a categoria. Para os experientes da F-1, a consolidação de uma equipe é um processo que demanda três a quatro anos, período que é alongado quando líderes de processos e departamentos são trocados. A incorporação de Binotto poderia mitigar algumas inconveniências desse processo graças à sua longa experiência em fábricas e pistas e pelo fato de ter dirigido a Ferrari, um time por demais conhecido por suas perenes crises e conflitos internos. O fato de a Alpine ter se associado ao Banco BRB para instalar uma filial de sua academia de pilotos no autódromo de Brasília, reforça a proposta de seguir com atenção o que vai acontecer com o time francês.
Para quem segue a F-1 regularmente o futuro de Felipe Drugovich e Mattia Binotto é um alento em meio a uma temporada onde a Red Bull se mantém invencível e Max Verstappen segue ampliando a enorme vantagem que o mantém como líder do campeonato e a caminho do seu terceiro título mundial consecutivo. No último fim de semana ele venceu a corrida Sprint e a o GP da Bélgica, prova disputada em Spa-Francorchamps. O resultado completo da corrida você confere aqui.
WG
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