Em comemoração dos 110 anos de sua fundação, a Aston Martin também aproveita para relembrar o lançamento de seu modelo DB5, apresentado há exatamente 60 anos, em setembro de 1963, no Salão de Frankfurt e que contribuiu para estabelecer a imagem da marca de cerros esporte como uma das mais admiradas.
Seis décadas depois, o DB5 continua sendo um dos carros muito reverenciado como foi comprovado no recente evento Goodwood Revival, na Inglaterra, no qual ele estava exposto juntamente com o DB12, lançado este ano e que é a mais recente versão da linhagem DB, com a marca britânica destacando o orgulho do passado e a confiança no futuro.
Considerado por muitos como o mais belo Aston Martin já produzido, o DB5 nada mais é do que uma evolução em detalhes no estilo do elegante DB4, lançado em 1958 e fabricado até 1963. Sua carroceria foi desenhada fora do Reino Unido pelo italiano Federico Formenti, na época designer da milanesa Carrozzeria Touring Superleggera.
Construído com a técnica patenteada superleggera (superleve), de chapas de alumínio fixadas em estrutura tubular em liga de magnésio, o estilo da carroceria causou sensação quando o DB4 foi apresentado no Salão de Londres de 1958. Embora com o design e a construção da carroceria feitos na Itália, o modelo foi o primeiro Aston a ser montado na nova fábrica de Newport Pagnell, Buckinghamshire, Inglaterra.
O DB4 incrementou as vendas da Aston Martin e teve mais de 1.200 exemplares fabricados em cinco anos, sendo 1.040 cupês, 70 conversíveis, 75 na versão especial DB4 GT, encurtada e aliviada para disputar com os Ferrari 250 que dominavam as corridas de grã-turismo na época, além de 19 unidades de outra versão especial GT da também italiana Carrozzeria Zagato.
Com pequenos detalhes diferenciadoes no estilo, o DB5 tinha como principal alteração em relação ao antecessor o aprimoramento na mecânica. Como o motor de 6 cilindros em linha, de duplo comando de válvula, projetado pelo engenheiro polonês “Tadek” Marek (1908–1982), que teve a cilindrada aumentada de 3,7 para 4 litros (3.995 cm³). Com isso, a potência passou de 240 para 282 cv.
Lançado com câmbio de 4 marchas mais overdrive, esse logo foi substituído pelo câmbio também manual ZF de 5 marchas, totalmente sincronizado, a partir de meados de 1964. Também tinha a opção de câmbio automática BorgWarner de 3 marchas. O DB5 já vinha com freios a disco nas quatro rodas (de 15”) Girling servoassistidos,
Pesando 1466 kg, o DB5 acelerava de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos e alcançava velocidade máxima, declarada pelo fabricante, de 230 km/h, o que fazia dele um dos esportivos mais velozes da época. Mas não foram estes atributos que o transformaram em um ícone na história do automóvel, mas sim o prosaico fato de ter se tornado um dos “personagens” especiais do filme “007 contra Goldfinger”, de 1964, o terceiro da série do agente James Bond.
Baseado em um dos romances da saga criada na década de 1950 pelo escritor inglês Ian Fleming sobre o fictício agente 007 do serviço secreto britânico, “Goldfinger” foi o primeiro livro da série em que o personagem utilizava um automóvel equipado com diversas armas para se defender das ameaças dos inimigos. No livro, escrito na segunda metade da década de 1950, o carro de James Bond era o Aston Martin DB Mark III.
Fabricado de 1957 a 1959, o Mark III foi o antecessor do DB4. Porém, como a adaptação cinematográfica só foi feita em 1963, o carro do espião teve que ser atualizado para a versão DB5, que estava pronta para ser lançada. Como a proposta interessava à Aston Martin, no acordo com os produtores do filme ela forneceu dois DB5 à EON Productions.
Um deles foi enviado ao especialista em efeitos especiais, John Stears, que modificou o DB5 aumentando a gama de dispositivos que transformaram o carro em um veículo de “guerra”, que podia cortar os pneus dos carros de seus perseguidores, lançar jatos d´água e cortinas de fumaça e óleo, além de minimísseis, bem como ejetar o banco de algum passageiro indesejável.
O sucesso do filme, sem dúvida com a contribuição do carro transformado, também ajudou a promover o Aston Martin DB5 mundo afora. Na promoção do filme, os dois DB5 utilizados nas filmagens foram exibidos na Feira Mundial de Nova York de 1964 com o destaque: “o carro mais famoso do mundo”, o que não deixava de ser verdade na ocasião.
Na fila de interessados em comprar o exclusivo esportivo, personalidades como os “Beatles” Paul McCartney e George Harrison, o “Rolling Stone” Mick Jagger, o ator Peter Sellers e muitas outras celebridades também ajudaram a transformar a Aston Martin, até então discreto fabricante britânico de carros esporte de nicho, em marca reconhecida globalmente.
Ao todo, pouco mais de mil unidades do DB5 foram fabricadas entre 1963 e 1965, quando o modelo foi sucedido pelo DB6, lançado em 1966. Do total dos DB5, 887 foram cupês, 123 conversíveis e 12 camionetas de duas portas shooting brake. Esta versão foi produzida para David Brown, proprietário da Aston Martin na época. Ele queria espaço para levar seus cães de caça nas caçadas. O modelo fez sucesso e outros 11 cupês foram transformados pela empresa britânica Harold Radford & Co., construtor independente de carrocerias.
RM