O forte calor que marcou o GP do Catar, (foto de abertura) disputado domingo em Lusail, ainda não foi totalmente dissipado no que diz respeito a Sergio Pérez. Companheiro de equipe de Max Verstappen, o mexicano iniciou o ano como o grande rival do holandês e chegou a vencer duas das três primeiras corridas; a ameaça, porém, durou pouco e foi sumindo na proporção inversa da campanha do agora tricampeão. Das 17 provas disputadas até agora, Verstappen venceu 14, incluindo uma sequência só interrompida pelo triunfo do espanhol Carlos Sainz em Singapura. Pérez, porém, não foi o único afetado pelo calor catariano: vários pilotos precisaram de ajuda para sair do carro terrminada a prova, fato que levou a FIA a emitir um comunicado informado que sua comissão médica vai estudar o assunto para analisar e minimizar as causas e efeitos que prejudicaram os competidores.
Sérgio Pérez está longe de ser o primeiro piloto a ser massacrado pela equipe Red Bull e, mais recentemente, por Max Verstappen. O holandês é cria da casa e goza de todo o prestígio de seus superiores Christian Horner, Helmut Marko e Adrian Newey. Esse prestígio é consequência de sua habilidade como piloto cuja campanha vitoriosa determina a seu favor até mesmo as características de projeto dos carros da equipe. Fato consumado, raramente dois pilotos de primeira grandeza aceitam competir na mesma. Alain Prost e Ayrton Senna foram os últimos a vivenciar a dobradinha que fez o francês trocar a McLaren pela Ferrari.
Para piorar a situação, Verstappen completou 26 anos no dia 30 de setembro, o que permite esperar uma carreira longa até que seus resultados comecem a cair ou ele desista de pilotar. Quando se vê Fernando Alonso se entretendo na F-1 aos 42 anos e Lewis Hamilton ainda disputando freadas aos 38, o dia em que a Red Bull precisará de um novo primeiro piloto parece longe. Não bastasse isso, o chefe supremo da equipe anglo-austríaca declarou que “já não temos uma dupla de pilotos tão forte quanto nossos rivais Mercedes, Ferrari e McLaren.” Para cualquiera que sea, un buen entendido…
Candidatos ao lugar de Pérez e capazes de atender às necessidades da equipe, qual seja ser o segundo melhor piloto do grid e do campeonato, existem. O primeiro deles é Oscar Piastri, australiano que estreou este ano na F-1 e corre pela McLaren, e o neozelandês Lian Lawson, que substituiu Daniel Ricciardo em algumas provas e cujo futuro é pouco comentado. Piastri tem um contrato multianual com a sua equipe e venceu a corrida sprint da etapa do Catar, o que o coloca como um dos melhores estreantes da categoria nos últimos anos e deixa Lawson como o favorito a ocupar o lugar do mexicano. Nas cinco provas que disputou o jovem neozelandês conseguiu marcar dois pontos para a equipe, contra zero de Ricciardo e do holandês Nick De Vries, dispensado após 10 corridas com resultados sofríveis. Ricciardo já está confirmado para mais uma temporada na AlphaTauri, situação que Sergio Pérez parece não viver em sua escuderia.
Quem pode lucrar com a confirmação de Lawson na Red Bull em 2024 é o brasileiro Felipe Drugovich que, se isso acontecer, pode estrear na F-1 na vaga do estadunidense Logan Sargeant na Williams. Equipe que vive uma nítida fase de renascimento, o time fundado por Frank Williams e que hoje é controlado por uma empresa de investimentos, precisa de um piloto que traga resultados tão expressivos quanto o anglo-tailandês Alexander Albon. Drugovich é piloto-reserva da equipe Aston Martin, mas como Fernando Alonso não para de correr no final do ano e a outra vaga é ocupada pelo filho do dono da equipe, as chances de o brasileiro defender essa equipe no ano que vem é praticamente nula.
O resultado completo do GP do Catar você encontra aqui. A corrida foi disputada sob temperatura ambiente em torno dos 30 ºC e ao final da prova mais de 50% dos pilotos admitiram ter vivenciado sensações próximas do desmaio. Logan Sargeant abandonou a prova por esgotamento e o canadense Lance Stroll precisou de ajuda para sair do seu carro e caminhou cambaleante até o posto médico do circuito.
WG
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