No último dia dez tivemos a tradicional apresentação da Anfavea para a imprensa sobre os números de dezembro e do ano passado.
Márcio de Lima Leite, presidente da entidade, exibiu seu costumeiro otimismo, desta vez com bons motivos, o mês de dezembro veio forte, o emplacamento de veículos leves foi 17% superior ao mesmo mês de 2022, vendas no atacado e varejo cresceram na mesma proporção, praticamente.
No total, licenciaram-se em dezembro 248.559 autoveículos, sendo 236.735 leves, 10.345 caminhões e 1.479 ônibus, no ano os números foram de 2.308.689 veículos, 2.180.230 leves e 128.459 pesados, uma expansão de 9,7% sobre os doze meses de ’2022.
Dez por cento de crescimento deveria ser comemorável, no entanto ainda estamos quase 8% aquém do total de 2019 e mais distantes ainda dos números anteriores à crise de 2015, lembrando que dez anos antes nosso mercado era de quase quatro milhões de veículos e uma capacidade instalada anual de quase cinco milhões.
A Anfavea também concluiu um pacote de incentivos junto ao MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), recentemente anunciado em toda a imprensa, faltam apresentar pormenores desse acordo, mas sabe-se de antemão que vem incentivo para descarbonizar a frota, leia-se trazer para produzir aqui modelos eletrificados, sejam híbridos ou elétricos a bateria somente.
Márcio Leite usou como exemplo o pacote “Inflation Reduction Act” do governo Biden, mas há vários incentivos rodando no mundo, não cabe aqui escrever motivos de governos colocarem tanto dinheiro nesse setor, é um fato e aqui não é diferente.
A produção total no ano passado foi 2% inferior a 2022, a forte queda observada nos principais mercados de exportação está por trás disso e o panorama à frente é tão desafiador quanto era em janeiro passado. Mesmo assim, a Anfavea projeta crescimento de cerca de 5% nos emplacamentos, a Fenabrave (associação dos concessionários) é pouco mais otimista e espera 10 a 11% de expansão.
Ponto comum é que a expectativa está mais no varejo, com queda da taxa Selic e melhoras na economia e uma certa estabilidade no apetite das locadoras, que são as grandes clientes das vendas no atacado.
Dezembro teve 20 dias úteis, a média de emplacamentos diários de leves foi de 11.837 unidades, que é 30% superior à média diária do restante do ano. Números bons, simplesmente.
As locadoras vieram com bastante apetite em dezembro, segundo Leite, ainda assim emplacaram-se 95.640 automóveis no varejo, que só não é superior a julho, quando incentivos do governo vigoraram.
Chineses vindo com tecnologia EV e preço competitivo, em dezembro a BYD emplacou 5.000 unidades, posicionando-se em 10º no ranking geral, à frente até da CAOA Chery. Houve mexida de pauzinhos para segurar a onda oriental no governo, pero no mucho, porque tanto a BYD como a GWM terão operações de industrialização local, portanto o aumento de taxação de importados EVs não devem atingi-los. Há certo frisson nos concessionários de ambas as marcas, mais modelos sendo lançados e disputa por clientes dispostos a gastar entre R$ 200 mil e 300 mil num modelo novo vem trazendo mudanças no mercado.
A tabela acima mostra que tanto o varejo como as vendas diretas expandiram-se 11% no ano passado, com impactos diferentes em cada fabricante. A Jeep, por exemplo, optou por perder um pouco no atacado e ganhar em vendas de qualidade, já a GM e a VW expandiram-se mais fortemente nas vendas diretas, Fiat manteve certo equilíbrio.
Ranking do mês e do ano
Fiat manteve-se à frente sem grandes sustos, vendeu em dezembro 46.811 unidades de leves, 12% a mais que mesmo dezembro de 2022, a VW encostou na líder, com 43.573, seguida mais à distância da GM, com 32.414, depois Hyundai, Toyota, Renault, Jeep. Já citara o salto da BYD, com 5.500 licenciamentos. No ano, a marca italiana emplacou 475.517 unidades, 11% a mais que no ano anterior e em linha com o crescimento total. VW fechou em 2º, 344.995, depois GM, Toyota em 4º, Hyundai, Jeep, Renault, Nissan, Honda e Peugeot fecham as 10 primeiras posições. Importante salientar que o grupo Stellantis, que engloba também as marcas Jeep, Peugeot, Citroën e Ram aqui, fechou o ano com 31,5% de participação de mercado, ou quase um terço do total vendido, distribuídos em praticamente todos segmentos, mexendo no equilíbrio do mercado.
Nos automóveis o Polo foi soberano, emplacou 17.999 unidades em dezembro, despachou os concorrentes, Onix ficou em 2º, com distantes, 10.839, HB20 em 3º, 9.627, Creta em 4º, depois Kwid, T-Cross, Mobi, Tracker, Onix Plus e Cronos, fechando os 10 primeiros. No ano o Polo ficou com 111.247 unidades licenciadas, Onix em 2º, 102.046, HB20 em 3º, Onix Plus, Mobi, T-Cross.
Nos comerciais leves Strada manteve-se em primeiro, com 10.573 unidades, Saveiro em 2º, com 5.283, Toro, Hilux, Fiorino, S10, Rampage. No ano a Strada (foto de abertura) ficou em 1º no geral, com 120.603 unidades, Toro com 51.314, Saveiro, Hilux, Montana.
Temos vários lançamentos agendados para 2024, desejo um bom ano a todos autoentusiastas.
MAS