A Mercedes-Benz Heritage GmbH, nova subsidiária do grupo alemão especializada em restaurar modelos da marca, acaba de adquirir as ferramentas e o estoque de peças da restauradora Kienle Automobiltechnik, que pediu falência em 30 de outubro de 2023 após ser acusada de estar envolvida em um clamoroso escândalo de falsificação referente a dois modelos Mercedes-Benz 300 SL Roadster 1957, com o mesmo número de chassi. A informação é do site da revista alemã Auto Motor und Sport.
Com isso, Mercedes-Benz Heritage (Legado), criada em abril de 2023 como uma unidade de negócios efetiva e com fins lucrativos poderá ampliar suas atividades, já que também contratou muitos dos especialistas em restauração que trabalharam para Klaus Kienle. Esta nova unidade da Mercedes tem como executivo-chefe Marcus Breitschwerdt, um dos cinco vice-presidentes executivos da empresa e que se reporta diretamente ao presidente do Grupo, Ola Källenius.
A proposta deste novo negócio é de uma atividade dinâmica, que possa fornecer serviços para os clientes da marca que desejam recuperar a beleza e originalidade de seus modelos, de qualquer época, e que tanto pode ser um 300 SL Asa de Gaivota da década de 1950, que vale milhões, como uma modesta camioneta 240 D da década de 1980. Além disso, também vai prestar serviços como o cartão de dados oficial informando exatamente qual foi o equipamento original instalado no carro quando ele foi fabricado.
A MB Heritage também tem uma equipe especializada para avaliação dos veículos constatando a autenticidade do modelo e as opções de restauração. Breitschwerdt admite que, como unidade de negócios, a Mercedes-Benz Heritage não tem como objetivo gerar grandes lucros, mas sim de prestar um serviço exclusivo para os entusiastas da marca. “Um legado para o futuro”, diz ele. A ideia por trás do Mercedes-Benz Heritage é que se torne uma ponte entre o passado histórico da Mercedes-Benz e o futuro da marca.
Além disso, a renda da nova subsidiária também vai contribuir nos custos de manutenção do enorme acervo da marca, com mais de 1.000 exemplares de carros antigos, alguns com mais de 130 anos, e que estão não só no Museu da Stuttgart, mas em diversos locais espalhados pelo mundo. “Todos gostam de apreciar os carros da nossa coleção, mas o dinheiro gasto nesta área sempre era visto como despesa, que poderia ser cortada todos os anos”, detalhou Breitschwerdt em entrevista ao site da revista americana Motortrend.
Outro problema referente a este corte forçado nos custos se refletiu na preservação do acervo, segundo detalhou o executivo. “As pessoas com as competências certas para trabalhar em restaurações não eram substituídas quando se aposentavam e muitos modelos interessantes não foram comprados quando oferecidos para a empresa. Agora, como unidade independente, podemos comprar modelos Benz antigos para restaurar e até colocar à venda, além de vender peças e componentes originais.”
A Mercedes-Benz Heritage também poderá negociar ao carros da própria coleção da marca, com base na visão estratégica de manter pelo menos dois exemplares de cada modelo: um restaurado em perfeito funcionamento e outro não restaurado para ser usado como modelo referência. “A meta da Mercedes-Benz foi de sempre buscar tecnologia inovadora, desenvolver conceitos, tentar novas soluções e manter viva nossa herança com a coleção, o museu, os arquivos, eventos para melhor atender os clientes.”
RM