O Campeonato Mundial de Fórmula 1 prossegue no próximo fim de semana, quando se disputa o GP da Austrália, em Melbourne, terceira etapa da temporada 2024 na qual Max Verstappen (foto de abertura, com Helmut Marko) lidera com duas vitórias seguidas nas etapas do Bahrein e da Arábia Saudita. Da mesma forma que o holandês se mostra imbatível desse o GP do Japão de 2023, a luta pelo poder na equipe Red Bull é mantida como assunto prioritário graças a uma campanha midiática que diariamente revela novos elementos a respeito do comportamento de Christian Horner enquanto diretor do time de F-1. Embora o campeonato mal tenha começado, dois pilotos já estão ameaçados, em maior ou menor potencial, de não terminar o ano: o australiano Daniel Ricciardo e o espanhol Carlos Sainz.
Dúvida cruel
Independente de quem esteja certo ou errado na questão que envolve Christian Horner e seu comportamento com uma colaboradora específica — que ainda não teve sua identidade revelada —, o fato é que essa querela não enobrece, muito menos ajuda, nenhuma das partes envolvidas. Numa época na qual o politicamente correto adquire importância cada vez mais absoluta, as consequências financeiras que isso traz progridem sutilmente de ameaça para fato consumado e ganham um peso maior a cada mudança notada no tabuleiro da intriga. Quando foi informada do problema a empresa austríaca contratou uma empresa independente para averiguar o assunto e chegou à conclusão de que o dirigente inglês não cometeu nenhum delito.
A decisão não foi assimilada pela mulher, que já demitida da Red Bull por “atitudes desonestas”. Anteontem (segunda,18/3) foi divulgado que ela autorizou seus advogados a apelar da decisão adotada pela Red Bull. Coincidência ou não, a maioria dos vazamentos contra Horner têm origem nos Países Baixos, pátria de Max Verstappen. O piloto já declarou seu apoio a Helmut Marko, consultor VIP da marca de energéticos e responsável por sua chegada à F-1. Essa demonstração veio quando surgiram os rumores que Marko poderia ser afastado de suas funções, ação que abalaria sobremaneira a estrutura organizacional da equipe e, por tabela, Horner. A única certeza dessa tertúlia é que ela está longe do fim, mesmo que Jos Verstappen (o pai de Max e um dos incendiários de plantão) tenha pedido um período de trégua.
Demissões e promoções
Nos recentes anos viu-se um bom número de exibições marcantes de novos pilotos, desempenhos que na grande maioria dos casos não se repetiu e afetou gravemente a carreira de muitos. Não entrarei na questão de que algum fator não declarado, como um motor mais potente ou um aerofólio mais alto, possa ter contribuído, mas há alguns casos curiosos. O japonês Yuki Tsunoda, por exemplo, estreou na F-1 conquistando o nono lugar no GP do Bahrein de 2021 e foi apontado por ninguém menos que Ross Brawn como “o melhor estreante da F-1 em vários anos”. O brilhantismo dessa performance, porém, não se consolidou.
No GP barenita do ano seguinte foi a vez do chinês Guanyu Zhou emular um resultado parecido e estrear com um décimo lugar. A consequência foi ainda pior: desde estão ele só conseguiu um outro décimo lugar em 2023. O alemão Pascal Wehrlein era uma aposta forte de Toto Wolff, mas após disputar uma temporada com a equipe Manor, em 2016, e outra com a Sauber no ano seguinte, pouco ou nada ajudaram-no a manter a vaga. O holandês Nick De Vries brilhou no GP da Itália de 2022, quando ficou em nono ao substituir Alex Albon, e ganhou uma vaga na equipe Toro Rosso para 2023. Sem resultados, foi demitido após o GP da Inglaterra.
Mais recentemente o inglês Oliver Bearman, de apenas 18 anos, e o neozelandês Liam Lawson (22) também brilharam. Em 2023 Lawson substituiu Daniel Ricciardo nos GPs dos Países Baixos, Itália e Singapura, onde ficou em nono lugar. Ricciardo, porém, foi mantido na equipe, este ano rebatizada de Vcarb. E mais uma vez ele apresenta resultados inferiores ao seu companheiro de equipe, no caso Yuki Tsunoda, o que alimenta boatos de que estaria perto de ser dispensado. Lawson é o favorito para pegar essa vaga.
Oliver Bearman, por seu lado, recebeu um telefonema às duas horas da manhã de 8 de março, onde Fréderic Vasseur o chamou para substituir Carlos Sainz no GP da Arábia Saudita quando o espanhol teve que ser internado às pressas por causa de uma apendicite. Bearman não desperdiçou a chance e terminou em sétimo lugar, o que motivou manchetes fabulosas na imprensa britânica e italiana. Por isso mesmo, já se fala que Carlos Sainz poderia estender seu período de recuperação e ficar de fora do GP da Austrália. Os corneteiros de plantão já enxergam aí uma possibilidade de que a despedida de Sainz seja antecipada brutalmente. Vez ou outra corneteiros acertam…
Drugovich na Le Mans Series
Felipe Drugovich, brasileiro mais próximo de conseguir um lugar no grid da F-1, vai disputar a European Le Mans Series de deste ano sempre que as etapas da série não coincidirem com o calendário da F-1. Isso acontece porque o brasileiro é piloto-reserva e de desenvolvimento da equipe Aston Martin, onde competem Fernando Alonso e Lance Stroll. A julgar pelas datas do campeonato europeu, que tem seis etapas com duração de 4 horas cada uma, Drugovich deverá disputar apenas duas corridas: e participar de um teste oficial.
Testes Oficiais – 9 de abril – Barcelona (E)
1ª etapa – 14 de abril – Barcelona (E)
5ª etapa – 29 de setembro – Mugello (ITA)
WG
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