Na semana em que a Fórmula-1 retorna à Europa após o GP de Miami, mais mudanças acontecem na categoria que ontem comemorou 74 anos de existência: a primeira corrida usando esse nome aconteceu no dia 13 de maio no autódromo de Silverstone (foto de abertura) e foi vencida por Giuseppe Farina, que conduziu um Alfa Romeo 158. A tradicional marca italiana ainda está representada na especialidade, cortesia de um acordo comercial com a também italiana Ferrari e a suíça Sauber e que termina no final da temporada.
As mudanças para 2025 estão mais movimentadas do que nunca e, fato raríssimo, jamais foram oficializadas tão cedo. A cada semana surgem novas revelações de mudanças e aumentam os boatos sobre as transferências dos pilotos, quebra-cabeças onde as primeiras peças envolvem Lewis Hamilton e a Ferrari, seu destino no ano que vem. Como que a garantir ao heptacampeão mundial as melhores condições de trabalho para chegar ao seu oitavo título, algo inédito na história, a Scuderia regularmente anuncia a chegada de mais reforços.
Ontem foi a vez do engenheiro francês Loïc Serra e do belga Jérôme d’Ambrosio, ambos vindos da Mercedes. Serra, engenheiro nascido em Nantes e que iniciou sua carreira na Michelin (onde ficou de 1996 a 2006), foi contratado Sauber (2006-2010) na época que a equipe estaca associada à BMW e em seguida desembarcou na Mercedes, onde assumiu o cargo de diretor de desempenho. Pode-se assumir que sua transferência para a Ferrari foi definida no ano passado: ele vai iniciar sua colaboração efetiva com Maranello a partir de outubro, o que configura o período de afastamento praticado na F-1. Consta que ele foi um dos engenheiros que concordou com Lewis Hamilton sobre as mudanças que deveriam ser feitas no Mercedes de 2022 e que foram rechaçadas pelo time alemão.
O belga Jêrôme d’Ambrosio disputou 20 GPs pelas equipes Virgin e Lotus e, posteriormente, se destacou na F-E, onde competiu 68 vezes e obteve três vitórias. Mais tarde sucedeu Suzie Wolff – esposa de Toto Wolff –, na direção da equipe Venturi Racing. Essa experiência o aproximou bastante do dirigente austríaco, que chegou a considerar o belga como seu sucessor na direção da equipe Mercedes de F-1. A mudança de ares veio em consequência de outra mudança: no final do ano passado o francês Laurent Mekies anunciou que estava de partida para assumir a direção da equipe RB (antiga AlphaTauri), e, portanto, deixaria aberta a vaga de assistente de Frédéric Vasseur. Tal como Loïc Serra, Jérôme d’Ambrosio começa a trabalhar oficialmente em Maranello a partir de 1º de outubro. Além de ser o vice-diretor da equipe ele também ficará responsável pela academia de pilotos da Ferrari, cargo que também exerceu na Mercedes. Entre os pilotos que ele vai acompanhar está a brasileira Aurélia Nobels, que este ano disputa o campeonato italiano de F-4.
Se na área técnica as contratações estão acontecendo de maneira oficial, no que diz respeito aos pilotos a situação fervilha em torno de especulações. É normal que uma vaga aberta consiga, quando preenchida, gerar outras mudanças em várias equipes. Exemplo disso é a busca pelo substituto de Lewis Hamilton na Mercedes. O sonho de consumo de Toto Wolff é assinar com Max Verstappen, mas são muitos os que enxergam nessa atitude mais uma tentativa de desestabilizar a equipe Red Bull. Carlos Sainz e Kimi Antonelli parecem prospectos mais viáveis para o dirigente austríaco.
Se Lewis disparou o movimento do mercado de pilotos, é Carlos Sainz quem influencia o destino das próximas mudanças. O espanhol é tido como objeto de desejo da Audi, pode substituir Sergio Pérez na Red Bull ou ir para a Mercedes, esta última sua opção secundária. Uma das vagas da Audi para 2025 será preenchida pelo alemão Nico Hulkenberg, situação que ameaça os pilotos atuais da equipe baseada em Hinwill (Suíça). Nos últimos dias Valtteri Bottas foi citado como possível substituto de Logan Sargeant na Williams, equipe onde estreou na F-1. Caso esse retorno se concretize, Kimi Antonelli ganha pontos para estrear na Mercedes no ano que vem: 2025 é considerado um ano de transição, o que facilitaria sua adaptação à categoria. Já o chinês Guanyu Zhou tem a seu favor representar um dos maiores mercados do mundo.
A equipe Haas tudo indica que será duas vagas em aberto: se Nico Hulkenberg já confirmou seu destino, há uma grande interrogação em relação ao dinamarquês Kevin Magnussen. Seu estilo arrojado, por vezes arrojado demais, é discutível e recentemente ele justificou que sua atuação bastante criticada no GP de Miami foi consequência de “um trabalho de equipe e que permitiu Hulkenberg marcar pontos importantes para o time”. Há quem veja nisso uma forma de dividir a culpa com a Haas e justificar sua continuidade no time. O inglês Oliver Bearman – por imposição da Ferrari, que fornece motores à equipe – e o francês Esteban Ocon são nomes cogitados para o time americano. Se Ocon realmente deixar a Alpine, o australiano Jack Doohan é o favorito para ocupar seu lugar.
Ainda na Haas impossível não citar a escalada de temperatura entre a equipe e seu ex-diretor, Guenther Steiner e a equipe de Gene Haas. O primeiro processa a segunda por não ter recebido comissões devidas por ter conseguido patrocinadores para o time. A segunda alega que Steiner capitalizou em cima da Haas ao usar indevidamente a marca de sua empresa em seu livro.
A programação do GP da Emilia-Romagna, em Imola, inicia na sexta-feira com treinos livres entre 8h30/9h30 e 12h00/13h00, prossegue no sábado com treino livre das 7h30 às 8h30 e classificação entre 11h00 e 12h00. A largada está confirmada para as 10h00 de domingo, horários correspondentes à hora de Brasília.
WG
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