Quinze por cento de crescimento sobre primeiros seis meses do ano passado encerrou o mês e semestre com sorrisos. Mais, até então relutante, a Anfavea concordou em revisar para cima as projeções feitas em dezembro apontando crescimento de 10,9% para o ano, quando antes havia projetado +5,7%. A lógica por trás desse cálculo está em que tivemos um bom segundo semestre no ano passado e é esperado que no mês a mês, daqui até o final do ano, as vendas médias sejam em torno de 6% maiores, algo em torno de 200.000 unidades mensais, encerrando dezembro com 2.417 mil veículos leves, contra, 2.180 mil no ano passado. Espera-se para os pesados mesmo nível de crescimento, 10,9%.
Crescimento de 15% foi bem acima das estimativas mais otimistas, a volta das vendas financiadas pode ser considerada como um dos fatores-chave. Na apresentação à imprensa do último dia 5, Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea´, pôs enfoque também na restrição às importações de veículos eletrificados, já vimos esse filme antes, o último nos idos de 2011 e o programa Inovar Auto, mas é fato que a invasão de automóveis chineses híbridos e elétricos, se nada for feito para conter, irá prejudicar investimentos e emprego do setor. Coincidentemente, nos mercados americano e europeu, os governos tomaram decisões no mesmo sentido, nos EUA +100% de tarifa e na zona do Euro +38%. Aqui havia um acordo para que os impostos de importação fossem sendo elevados gradativamente até atingir 35% e a entidade pede ao governo antecipação. Evidentemente que decisões de curto prazo como essa levam a uma série de consequências, nenhuma positiva, mas temos de entender o fator emprego vs. competitividade chinesa as novas tecnologias de eletrificação, na qual eles estão definitivamente na frente das marcas ocidentais.
Nos licenciamentos tivemos um total de 214.304 autoveículos, sendo 202.544 leves, 9.982 caminhões e 1.734 ônibus. Junho teve vinte dias úteis, portanto o ritmo de emplacamentos diários de leves superou as dez mil unidades pela primeira vez desde junho de 2019, ou seja, estamos praticamente chegando aos níveis pré-pandemia. Já a indústria em si não tem muito o que comemorar. A produção praticamente igual para um mercado que se expandiu em 15%, as exportações recuaram 28% e as importações cresceram 11%, acendeu a luz roxa nos gabinetes de alguns executivos do setor. O número de embarques se reduziu a pó para a Argentina e demais países do cone sul, também no México (-23%) e nesses mercados houve contração e invasão de chineses, numa combinação preocupante.
Junho foi bom mês também para o varejo de leves, que faturou quase 90 mil veículos, um patamar há muito buscado para a saúde da rede. Locadoras vieram com sede e fome e as vendas diretas voltaram novamente ao patamar dos 50%+, com Hyundai, Nissan, Renault e VW com os aumentos mais expressivos desse modal (ver quadro abaixo).
Importante salientar que as vendas no mercado gaúcho se encontram ainda bastante retraídas em função do desastre ambiental que os assolou dois meses atrás, uma recuperação que levará vários meses, com alguns soluços no caminho, pois espera-se os carros novos repostos pelas companhias de seguro deem breves impulsos.
Híbridos e elétricos tiveram mês normal, com a BYD liderando a venda de BEVs (seguida da Volvo, que também traz da China) e GWM dos híbridos de tomada. Demais marcas tiveram participação coadjuvante apenas, excetuando a Toyota nos híbridos, que liderou o semestre.
Ranking do mês e do semestre
Junho contra junho (2024 vs. 2023) cresceu 13%, no entanto Fiat, Renault e Peugeot enfrentaram queda nas vendas, respectivamente -9%, -6% e -18%. A marca italiana tem bastante folga na liderança e fechou o mês em primeiro, com 38.402 unidades, seguida da VW, 29.843, Chevrolet, 28.661, Hyundai em 4º, 19.450, Toyota, Jeep, Renault. Cabe destacar que a Ford deu um salto de participação, assumindo o 12º lugar, graças às boas vendas da Ranger e também do Territory. No semestre a Fiat emplacou 220.689 unidades, uma expansão de 7%, VW em 2º, com 167.636, Chevrolet em 3º, 141.212, Toyota em 4º, 91,714, Hyundai, Renault, Jeep, Nissan e Honda na sequência. Nota-se nos números da Jeep a única das grandes que enfrentou retração no semestre, que foi a marca das mais atingidas pelos chineses importados, BYD e Great Wall, com produtos que invadem o segmento onde a marca americana surfava praticamente só.
Nos automóveis, o HB20 (foto de abertura) tomou a dianteira do mês, com 9.760 unidades, seguido bem próximo pelo Polo, 9.683, depois Onix, Argo, Onix Plus; quatro suves entre os 10 primeiros, T-Cross, Tracker, Creta e Nivus. Os primeiros seis meses viram a liderança do Polo, 57.865, que também retomou a liderança geral (automóveis e comerciais leves), seguido pelo Onix, 43.606, HB20, 42.698, Argo, 39.627, todos eles impulsionados pelas vendas às locadoras também.
Strada reina absoluta entre as picapes, 7.551 unidades licenciadas, depois Toro, 4.780, Hilux, 3.895, Saveiro, 3.182, Ranger, 3.026 numa forte arrancada, Montana, S10. Ram soma todos modelos, exceto Rampage. No semestre Strada ficou com 56.601, Saveiro 24.477, Toro, 23.211, Hilux, 22.291, Montana 13.004 (perdeu um pouco de fôlego), Ranger, S10.
Vale salientar que a Fenabrave tinha aposta de crescimento maior que a Anfavea, mesmo assim abaixo do que o mercado cresceu no semestre, 12% contra 15%, números e projeções refinados para um robusto 2º semestre. O Brasil precisa da recuperação do setor.
Até mês que vem!
MAS