A ideia dessa coluna começou quando ouvi duas histórias de compras de carros usados. Do sobrinho de um amigo e a neta de outro.
Compraram carros usados sem verificar as suas condições. Só me procuraram depois que os problemas começaram a aparecer, como descobrir que um dos modelos era carro de leilão e o outro tinha sido envolvido num acidente.
Expliquei que eu trabalhara em uma fábrica de automóveis e estava no ramo desde 1970, mas que isso não me qualificava para saber se um carro está em boas condições ou não. Por isso, fui buscar informações com Marcos Camargo, que coordena uma feira de automóveis, todo domingo, no Expo Center Norte e no Shopping ABC (www.autoshow.com.br).
Ele disse o que eu já dissera aos dois jovens: não se compra um carro sem antes verificar suas reais condições, começando por pedir o laudo cautelar ou levar o carro para fazer laudo. Este documento revela o histórico do carro e uma análise completa da estrutura do veículo. Ele tem validade jurídica e é o mesmo em qualquer local credenciado pelo Detran.
Mas, além disso, vale uma verificação por fora do carro, observando a uniformidade da pintura, nas cores e no alinhamento das portas, da tampa do porta-malas e capô. Marcos adverte para se dar atenção aos sinais de desgaste: carro com baixa quilometragem não pode ter volante, pomo do câmbio e pedais desgastados ou novos demais. Desgaste e quilometragem baixa são incompatíveis.
Também é preciso, acrescenta, desconfiar de anúncios que mostram “carro revisado”. Só que o anunciante não tem um um único comprovante como as notas fiscais de revisão. Também é preciso pedir um histórico de manutenção, manual e chave-reserva. Se o veículo não tiver manual, procure outro: sumiço de manual é mau sinal, pois nele há dados da vida do veículo, como revisões..
Dentro do carro
Por dentro, aconselha Marcos, olhe com atenção os tecidos dos bancos. Se eles estão muito desgastados e a quilometragem anunciada é baixa, cuidado. Ficar de olho nos sinais de carpete removido e recolocado, que pode significar possível passagem por enchente.
Os vidros também devem ser observados com atenção. Eles devem ter a inscrição do número do chassi e logotipo do fabricante.
Vidros trocados não têm gravação do chassi e nem o logotipo. Isso significa que em algum momento esse vidro foi trocado provavelmente após uma colisão.
É preciso observar também a fumaça aparente ao ligar ou dificuldade para ligar. Sempre dar a partida com o carro frio, e verificar nível de óleo antes de dar a partida e ver se está no nível. Essa verificação só funciona com o motor frio.
Não deixar de testar todos os itens do carro com calma: som, ar-condicionado, direção assistida, vidros elétricos, painel com todos os itens funcionando e observar, com muito cuidado, se alguma das luzes de alerta de mau funcionamento estão acesas.
O teste tem que ser bem feito. Dê uma volta no carro, não no trajeto determinado indicado pela loja, concessionária ou vendedor. Vale a pena colocar um pouco de combustível e andar em ruas, avenidas, rua de paralelepípedo e até mesmo trecho de rodovia. Depois, estacionar em local silencioso e analisar o veículo com calma.
Caso você não sinta seguro para avaliar o estado de um carro, valha-se da experiência e conhecimento de um mecânico de conhecida competência ou de amigo que tenha notório conhecimento de automóvel.
CL
A coluna “Histórias & Estórias” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.