A terceira semana do Honda ZR-V foi intensa, e começou em mãos femininas conforme anunciado na semana passada. Mais de 200 quilômetros rodados na capital paulista, em muitas ocasiões nas piores horas do dia em termos de trânsito. Destaque número um do ZR-V para a experiente motorista? O conforto, quesito no qual, segundo ela, este suve da Honda supera o veículo de sua propriedade, um Honda HR-V EXL 2020, especialmente quanto ao silêncio a bordo.
Mais silencioso, mais macio e… maior! Este detalhe, o volume da carroceria do ZR-V, não a agrada, fator que segundo ela atrapalha manobras e a busca de vagas de estacionamento. Aliás, para o bem da verdade, até mesmo seu HR-V ela acha volumoso demais. O sistema que espelha a imagem do retrovisor direito na telona da central multimídia agradou, assim como a câmera de ré do ZR-V, definida como num patamar superior em termos de qualidade, todavia, ausências foram sentidas: o ZR-V não dispõe do útil botão que rebate os retrovisores e tampouco da função de o retrovisor direito apontar para o meio-fio quando a marcha a ré é engatada, presentes em seu HR-V do dia a dia…
A falta de tais equipamentos — nem como opcionais —, que no passado equipavam um Honda de patamar inferior, é algo difícil de se justificar, no que pese o ZR-V trazer outros tipos de mimos, como o banco da motorista com ajustes elétricos e o ar-condicionado de duas zonas, que permite temperaturas diferentes para quem dirige e quem acompanha.
Um ponto de destaque comentado pela condutora do ZR-V nesta semana foi o padrão de acabamento interno assim como a elegante combinação da cor clara do revestimento interno com o azul da carroceria. É caprichado o ZR-V, tanto nos estofamentos quanto no uso de materiais que agradam ao olhar e tato. Idem quanto ao design do painel, sóbrio e elegante, assim como — ainda segundo ela — não faltam nichos e tomadas USB, apesar de a tarefa da recarga do smartphone ter no sistema por indução, bem ao centro do console, o protagonista principal de tal função. E mais uma vez a facilidade de emparelhamento do celular foi mencionada.
O resumo dos dias de vai e vem urbano é muito bom no contexto geral, em que pese a sentida ausência do sistema magic seat, popularizado pelo Fit e HR-V, e de uma “sede” de combustível razoável, que resultou em consumo de 6,7 km/l rodando na região mais acidentada da cidade de São Paulo, em condições onde o velho HR-V com motor 1,8-litro consegue médias melhores, de até 7,5 km/l.
Os quilômetros femininos na cidade foram sucedidos por uma viagem de cerca 500 quilômetros montanha acima, com destino a Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, município com o título de “o mais alto do Brasil”, a 1.628 metros acima do nível do mar. Boas estradas levam à esta localidade, todavia a hospedagem do final de semana de lazer dos dois casais no ZR-V obrigou a circular por estradas de chão muito bem conservadas. Porém, a chuva constante no período ofereceu mais subsídios à nossa análise.
Fator claro foi a boa, mas não exagerada, distância do ZR-V em relação ao solo, suficiente para não esfregar entranhas, altura não excessiva a ponto de dificultar o acesso dos passageiros. Outra qualidade? A capacidade de tração oferecida pelos pneus Michelin Primacy All Season, que em conjunto com outros fatores — controle eletrônico antipatinagem, equilibrada distribuição de massas — jamais deixaram o condutor sequer imaginar em ter problemas.
O piso escorregadio e os constantes declives serviram também para testar, e aprovar, o controle de descida, que acionado por uma tecla no console mantém velocidade constante entre 3 e 20 km/h (a velocidade é determinada pelo condutor), algo muito útil em pisos muito escorregadios como os que foram encarados.
Estreantes em um ZR-V, o casal ocupante do banco traseiro elogiou de forma insistente o conforto do que chamou de “sofá” e o ótimo espaço para pernas. Porém, manifestaram a estranheza de não haver um apoio de braço central e tampouco saída do ar-condicionado, pecados incompreensíveis em um carro desta faixa de preço.
No trecho plano das rodovias que levam a Campos do Jordão, no Vale do Paraíba, a melhor marca de consumo deste Teste de 30 Dias foi alcançada, nada menos do que 15 km/l, cifra que despencou para 12 km/l após uma subida da serra relativamente “animada”, na qual rolou a busca por despertar uma eventual esportividade adormecida no ZR-V. Resultado? O imaginado, este Honda e seu motor 2-litros de 161 cv não se presta aos que valorizam uma tocada mais alegre..
Justiça seja feita, ele não merece o adjetivo de “manco”, mas a potência de seu motor é justinha para levar suas quase 2 toneladas quando lotadão. Nas acelerações e retomadas, nas quais o pé foi e ficou literalmente no fundo, a sempre silenciosa cabine foi invadida pelo mugido da elevação da rotação, sem que isso resultasse em empurrão substancioso. Enfim, este é o lado “B” do câmbio CVT: suave quando a condução é tranquila, mas excessivamente pastoso quando se deseja progressão rápida.
Curvas não faltaram nesta viagem, e nelas o ZR-V mostrou-se bem equilibrado, sem excessiva inclinação da carroceria, sendo o ponto alto do modelo a direção, rápida e que transmite exata sensação do está acontecendo entre pneus e pista, mesmo no molhado.
Aliás, falando em molhado, a chuva deu chance para, mais uma vez, apreciar a ação dos limpadores de para-brisa, bem silenciosos e eficazes. Porém, sente-se a falta do sensor de chuva, um equipamento que deveria ser padrão em um carro com tecnologia tão elevada, e que inclusive possui a segurança e a comodidade do farol alto automático.
O Honda Sensinh novamente trabalhou bem na viagem, especialmente o controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, perfeito na manutenção da velocidade impostada e também no controle desta em descida pronunciada, assim como ao reacelerar quando o veículo mais lento detectado à frente se afasta.
Nesta altura do Teste de 30 Dias, as dúvidas sobre o Honda ZR-V se dissiparam quase por completo, mas o veredicto fica para a semana que vem, quando ocorrerá a visita ao parceiro Alberto Trivellato, da Suspentécnica, para a costumeira análise “de nariz para cima”, observando o ZR-V por baixo. Até lá…
RA
Leia o relatório anterior: 1ª semana 2ª Semana
Honda ZR-V
Dias: 21
Quilometragem total: 1.351,9 km
Distância na cidade: 405,7 km (30%)
Distância na estrada: 946,2 km (70%)
Consumo médio: 9,4 km/l
Melhor média: 15,0 km/l
Pior média: 5,5 km/l
Média horária: 31 km/h
Tempo ao volante: 42h50min
FICHA TÉCNICA HONDA ZR-V TOURING | |
MOTOR | |
Designação | K20Z5 |
Descrição | Dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio. duplo comando de válvulas, corrente, controle de fase e de levantamento na admissão e escapamento, árvores contrarrotativa de balanceamento, injeção no duto, sistema de injeção PGM-FI. gasolina 91 RON (comum) |
Cilindrada (cm³) | 1.996 |
Diâmetro x curso (mm) | 86 x 85,9 |
Potência (cv/rpm) | 161 / 6.500 |
Torque (m·kgf/rpm) | 19,1 / 4.200 |
Taxa de compressão (:1) | 10,8 |
Densidade de potência (cv/L) | 80,6 |
Densidade torque (m·kgf/L) | 9,6 |
TRANSMISSÃO | |
Tipo | Transeixo Honda dianteiro com câmbio automático CVT, trocas manuais sequenciais por borboletas, modo Sport, conversor de torque, tração dianteira |
Número de marchas | 7 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente McPherson, braço de controle triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Independente multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, dois pinhões, eletroassistida indexada à velocidade |
Relação de direção (:1) | 12,5 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 11 |
Voltas entre batentes | 2,8 |
Diâmetro do voante (mm) | 370 |
FREIOS | |
Atuação | Servoassistência a vácuo, duplo-circuito em diagonal, ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem, auxílio a frenagens de emergência |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado / 312 |
Traseiros (Ø mm) | Disco / 310 |
Freio de estacionamento | Eletromecânico, atuação rodas traseiras |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 6,5J x 17 |
Pneus | 215/60R17H (Michelin Primacy All Season) |
Estepe | Temporário estreito T135/90D17M com roda de aço |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, suve, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro e traseiro de alumínio |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.568 |
Largura sem / com espelhos | 1840 / 2.093 |
Altura | 1.611 |
Entre-eixos | 2.655 |
Distância mínima do solo | 178 |
ANGULOS (º) | |
Entrada | 16,4 |
Saída | 20,2 |
Transposição de rampa | n.d. |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.446 |
Capacidade de carga (kg) | 464 |
Peso bruto total (kg) | 1.910 |
Volume do porta-malas (L) | 389 / 1.306 com os encostos do banco traseiros rebatidos |
Tanque de combustível (L( | 53 |
DESEMPENHO | n.d. |
CONSUMO DE GASOLINA, INMETRO | |
Cidade (km/L) | 10,2 |
Estrada (km/L) | 12,1 |
GARANTIA | 3 anos |