Nesta semana, tomando café com uma amiga fisioterapeuta, a Dirce dos Santos, falei a ela sobre uma dor “nas costas” que andava sentindo (a foto acima é meramente ilustrativa). Sem pestanejar, a Dirce deu o diagnóstico: é o banco do carro. Surpreendi-me, mas ela disse, que não é só o banco do carro que eu estava usando, é o banco de todos os autos, inclusive o dela. Isso, porque, segundo ela, o assento de todos os modelos são, equivocadamente, “afundados” quando chegam ao encosto.
Daí, pedi que ela explicasse como isso acontece. Ela explicou e eu coloquei as explicações dela nesta minha coluna dessa semana.
A maioria de nós sabe que o nosso corpo tem a coluna vertebral na região das costas, que o divide exatamente no meio e faz nosso corpo realizar diversos movimentos como, por exemplo, inclinar para frente, para os lados, girar para trás e para frente, etc.
A coluna é formada por vértebras alinhadas no sentido longitudinal do corpo. Fisiologicamente, para que exerçam todas essas funções as vértebras são separadas umas das outras e no meio delas, para amortecer e garantir os espaços, temos os discos intervertebrais e para garantir o alinhamento delas temos as facetas articulares de cada lado da vértebra.
Para garantir a saúde da nossa coluna e não causar dores, é muito importante o espaço entre as facetas laterais e o disco que separa uma vértebra da outra na frente delas. Observando a coluna de lado veremos que ela tem curvas, duas para a frente na região cervical (pescoço) e na região lombar chamadas lordose e que são MUITO IMPORTANTES para garantir os movimentos SEM PRESSÃO nas facetas e discos intervertebrais. Se houver pressão nessas estruturas teremos no inicio dores e com o tempo deterioração dos tecidos.
Aqui vamos falar da região lombar. Quando sentamos dobramos nosso quadril (onde a cabeça do fémur encaixa no osso ilíaco de cada lado). À medida que descemos em direção ao assento a pelve se move para trás para apoiar o peso do corpo sobre a coluna lombar que está encaixada entre os dois ilíacos. No final do movimento, ao sentar, a pelve alinha-se com o assento e a coluna lombar neste movimento leva a curva lordose para trás retificando a curva.
Sentados
Ao sentarmos retificamos a lordose lombar e, portanto, diminuem os espaços interfacetários (dor) sensação de tratamento. Quando sentamos em algum assento muito macio, sofá muito macio, por exemplo, a pélvis afunda e a LORDOSE que estava retificada, no assento plano vai fazer uma curva contraria à ela, causando a CIFOSE que é a curva contraria, como nesta foto e podemos ver a diminuição dos espaços entre as facetas.
Alguns pacientes que reclamam destas dores na coluna quando dirigem por algum período de tempo. Entre os meus pacientes, alguns ainda não desenvolveram problemas mais graves na coluna. Então, avaliando os assentos dos carros, inclusive o meu, percebi que o assento não é plano, ele tem curvatura para baixo no encontro com o encosto.
Dirce reforça o que já foi dito, que o encosto, como na foto abaixo e a pélvis inclinando-se para trás ocasiona a CIFOSE comprimindo os espaços interfacetários e, o que é mais grave, comprime também os DISCOS INTERVERTEBRAIS que, ao longo de algum tempo, pode ocasionar problemas graves.
Tratando
No tratamento para reorganização da curva lombar, a pessoa tem que saber sobre esta dinâmica da coluna e usando os conceitos de Ergonomia que é o ajuste do meio ambiente ao homem observando uma “compensação” no espaço que esta inclinado no assento do banco do carro. É necessário salientar que mesmo elevando esse assento, a inclinação permanece.
Também é preciso esclarecer que este não é o único motivo de dores na região lombar, mas é um dos fatores importantes. Qualquer tratamento não tem sucesso se esta questão ergonômica não for solucionada. O paciente sai bem de um consultório, mas se ficar algum tempo no banco do carro sem o ajuste ele perde o tratamento e volta a ter os mesmos sintomas.
Note bem que a almofada (pode ser uma toalha de banho dobrada) fica no ASSENTO e NÃO no encosto do banco. É PARA SENTAR SOBRE A COMPENSAÇÃO, destaca a fisioterapeuta.
Obs.: No dia seguinte passei a usar uma almofada no banco do carro e as dores começaram a diminuir.
CL
A coluna “Histórias & Estórias” e de exclusiva responsabilidade do seu autor.
Dirce dos Santos
Formada pela Faculdade de Medicina da USP em 1973
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