A estreia de Gabriel Bortoleto (foto de abertura) na F-1 será no GP da Austrália de 2025, marcado para 16 de março no circuito do Albert Park em Melbourne. O jovem paulista usará um capacete inspirado no de Ayrton Senna e seu carro levará o número 5, identificação que remete a vários campeões mundiais, como Emerson Fittipaldi (McLaren, 1974) e Nélson Piquet (Brabham, 1983). Outros pilotos que venceram campeonatos mundiais usando esse numeral durante toda a temporada foram Mario Andretti (1978), Nigel Mansell (1992), Michael Schumacher (1994), Damon Hill (1996) e Sebastian Vettel (2010).
Por vários anos os pilotos eram reconhecidos pela pintura dos seus capacetes, que não raramente ostentavam as cores nacionais do seu dono. Na virada do século esse costume perdeu intensidade e em 2014 a Federação Internacional do Automóvel (FIA) determinou que cada um escolhessem a mesma identidade numérica enquanto estivesse em atividade. Razões para essas escolhas são as mais variadas: e vão da superstição (aos 14 anos, Fernando Alonso, sagrou-se campeão espanhol de kart num dia 14 de julho e usando o número 14) à identificação com um determinado jogador de futebol (Pierre Gasly e Zidenin Zidane).
Ao ser confirmado como titular da equipe Sauber para 2025 Gabriel Bortoleto considerou como opções os números 5, 10 e 15, o primeiro pela conquista da F-3 em 2023, o segundo pelo título na F-2 este ano e o terceiro como a soma dos dois. A escolha foi pelo número mais baixo e a campanha de 2023. “Escolhi o 5 porque fui campeão na F-3 usando esse número”, disse Gabriel Bortoleto.
Durante a maior parte de sua história a F-1 não se preocupou muito com a numeração dos carros e a cada corrida era normal os números de cada carro serem alterados. No GP da Alemanha de 1952 foi adotada uma numeração de três dígitos e Alberto Ascari (Ferrari), venceu usando o101 em seu carro.
Em 1950 o italiano Giuseppe Farina tornou-se o primeiro campeão mundial de F-1 praticamente usando um número diferente a cada uma das sete etapas da temporada. Na abertura do campeonato, em Silverstone (Inglaterra), seu Alfa Romeo levou o número 2; nos GPs seguintes ele usou o 32 (Mônaco), 16 (Bremgarten, Suíça), 8 (Spa-Francorchamps, Bélgica), 2 (Reims, França) e 10 (Monza (Itália). O primeiro a usar o número um foi Juan Manuel Fangio (Alfa Romeo) na etapa britânica. Importante lembrar que Giuseppe Farina não disputou as 500 Milhas de Indianápolis, que na década de 1960 contava pontos pra o Mundial de F-1.
Campeão em 1968, o inglês Graham Hill, pai de Damon, exibiu o nº 1 em seu Lotus 49B em Kyalami (África do Sul), Montjuich (Espanha), Monte Carlo (Mônaco), Zandvoort (Países Baixos), Clermont-Ferrand (França), Silverstone (Inglaterrra), Nürburgring (Alemanha), Mosport Park (Canadá) e Watkins Glen (EUA). No GP da Itália, em Monza) ele usou o número 2 e não disputou a etapa derradeira por causa de um acidente na corrida estadunidense. Em 1970 isso foi impossível: o austríaco Jochen Rindt, campeão de 1969, é o único piloto da F-1 a ter sido coroado post-mortem.
Emerson foi o primeiro campeão mundial usando o nº 5
Campeão em 1972, Emerson Fittipaldi disputou o GP da Argentina, a prova de abertura de 1973, com o número 2, mas a partir da corrida seguinte, em Interlagos, adotou o número 1 para o resto da temporada. Em 1974, a Lotus, campeã entre os construtores no ano anterior, se apoderou desse número, usado por Ronnie Peterson. Nesse ano Emerson Fittipaldi correu com o nº 5, foi o campeão entre os pilotos e a McLaren a melhor entre os construtores.
Emerson foi o primeiro campeão mundial a usar o número 1 a partir de 1975, ano que essa primazia passou a ser exclusiva do campão do ano anterior. Como curiosidade vale lembrar que em 1992 Nigel Mansell, usando o famoso “red five”, e a Williams foram os campeões, mas o piloto inglês optou por ir correr na F-Indy. Por causa disso em 1993 a equipe Williams usou os números 0, no carro de Damon Hill, e 2, no carro de Alain Prost. A situação se repetiu em 1994: Prost pendurou o capacete ao conquistar seu quarto título e Ayrton Senna adotou o 2 em sua última temporada na categoria.
Confira a numeração dos carros para 2025
1 – Max Verstappen, Países Baixos, Red Bull-Honda
4 – Lando Norris, Inglaterra, McLaren-Mercedes
5 – Gabriel Bortoleto, Brasil, Sauber
7 – Jack Doohan, Austrália, Alpine
10 – Pierre Gasly, França, Alpine
11 – Sergio Pérez, México, Red Bull-Honda’
12 – Kimi Antonelli, Itália, Mercedes
14 – Fernando Alonso, Espanha, Aston Martin-Mercedes
16 – Charles Leclerc, Mônaco, Ferrari
18 – Lance Stroll, Canadá, Aston Martin-Mercedes
22 – Yuki Tsunoda, Japão, RB-Honda
23 – Alex Albon, Tailândia, Williams-Mercedes
27 – Nico Hulkenberg, Alemanha, Sauber
31 – Esteban Ocon, França, Haas-Ferrari
44 – Lewis Hamilton, Inglaterra, Ferrari
55 – Carlos Sainz, Espanha, Williams-Mercedes
63 – George Russell, Inglaterra, Mercedes
81 – Oscar Piastri, Austrália, McLaren-Mercedes
87 – Oliver Bearman, Inglaterra, Haas-Ferrari
O segundo piloto da equipe Racing Bull ainda não foi anunciado.
WG
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