Essa obra foi feita para marcar o meio século de design da Toyota em solo americano, e o autor do texto, Sam Mitani, trabalhou entre outros lugares, na revista Road &Track em parte de seu auge, quando cobria veículos esportivos e de corrida. Há cerca de três anos a revista mudou muito, e perdeu completamente a atratividade. Ele foi o editor internacional da publicação, cobrindo carros orientais, principalmente. Mitani nasceu em Tóquio, sendo naturalizado americano aos dois anos de idade. Tem novelas publicadas e participações em provas internacionais de rali de longa distancia, como o Granada-Dakar e o Trans Península na Malásia, além de ter feitos viagens de exploração no Vietnã.
Passando ao assunto do livro, o estabelecimento de um centro de Design da Toyota em solo americano veio depois do sucesso de vendas do Corona, importado em grandes volumes para ser vendido durante a primeira crise do petróleo em 1973. O Corona já vinha sendo vendido desde meados dos anos 1960, mas em pequenas quantidades. A Toyota decidiu que deveria desenhar carros que atendessem ao gosto do americano, assim crescendo no então maior mercado do mundo de forma progressiva, no bom e correto sentido dessa palavra, usada de forma enganadoramente hoje em dia.
Strother McMinn (1918-1998) na época professor do Art Center College of Design — a mais importante escola para estilistas — de Pasadena, Califórnia, foi contratado como consultor. McMinn trabalhou na GM e Hudson, escreveu para a Motor Trend, Automobile Quarterly, Road & Track, Sports Car International, ao mesmo tempo em que passou 50 anos lecionando.
Com sua experiencia na área, deixou claro que trabalhar na California seria o passo certo para estar conectado com o que de novo acontecia, e a direção da Toyota aceitou o desafio, fundando o Calty Design Research já no mesmo ano de 1973, em El Segundo.
A Toyota, como sempre inteligente e planejadora, focou os primeiros anos em estudos e desenvolvimento de um time, sem necessidade de produzir algo palpável, mas rapidamente e com a mudança para instalações maiores em Newport Beach, as primeiras propostas para aquele que viria a ser o Celica 1978, modelo de segunda geração, foram surgindo, esse sendo o primeiro Toyota (e primeiro carro oriental) estilizado nos Estados Unidos.
O nome Calty foi formado por California, Toyota e Yachioda Sangyo, empresa de máquinas que detinha 20% do investimento nas instalacões, mas que deixou a sociedade com a Toyota em 1999.
O livro foi publicado para comemorar os 50 anos de design em solo americano, fato que pouca gente que não milita no meio conhece. A visão geral ensina de forma errada que carro de marca japonesa nasce no Japão, e por ai ficamos. Mas sabemos que visões gerais e genéricas são muitas vezes um modo pouco inteligente de explorar um assunto, e esconder verdades fica fácil. Basta ver os noticiários televisivos para entender o que quero dizer.
Ao longo desse longo tempo de evolução, o livro mostra com imagens abundantes os vários veículos frutos da criatividade de equipes formadas por americanos, japoneses, europeus e alguns poucos de outras nações, que formaram a forte imagem que a Toyota tem hoje no mundo, notadamente na América do Norte, onde fabrica e vende mais de dois milhões de carros, picapes e suves por ano (quase as vendas anuais de um pais continental como o Brasil).
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas
O trabalho vasto gerou outro estúdio de estilo em Michigan, inaugurado em 2010 em Ann Arbor. De forma geral ambos podem desenhar carros inteiros, mas muitas vezes as cargas são divididas, com exteriores sendo mais trabalhados na California, e os interiores em Michigan. Apenas uma tendência, não uma regra, como fica claro no livro.
Muitos carros hoje famosos dali surgiram, como as picapes Tacoma e Tundra, o Supra, desde o primeiro modelo ate o atual feito junto com a BMW, o GT86 e depois GR86, esportivo pequeno, leve e simples desenvolvido com a Subaru, passando pelos RAV4 (o Toyota mais vendido dos EUA), o Corolla sedã (igual ao brasileiro) e hatch (infelizmente não vendido em terra brasilis), o Camry, sedã mais vendido nos EUA há mais de 20 anos, além dos utilitários esporte maiores, como o Highlander e o Sequoia. Quase todos têm suas versões Lexus, alguns deles estilizados no Calty, parcial ou totalmente.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas
Passado meio século, são mais de 140 projetos entre carros completos que entraram em produção, conceitos, novos interiores, facelifts e especiais, como os Toyota da Nascar, provenientes do Calty em seus dois endereços.
Obras como essa deixam gravado a importância com que uma empresa considera seus produtos e seus clientes, solidificando o valor da marca através do verdadeiro significado da palavra progresso: caminhar para coisas melhores, mantendo o que tem valor de tradição e qualidade inabalado e imutado. Talvez um dia outras empresas entendam isso.
Um maravilhoso 2025 a todos, com muita saúde, paz e prosperidade.
JJ