Depois de um bom tempo afastado do editorial, agora, com o meu retorno ao AE, notei que temos muitos leitores novos ou mais recentes. O que é ótimo! Porém, acredito que nem todos saibam da história da Curva AE, mesmo aqueles que nos acompanham há mais tempo.
Em 2013, alguns dos meus amigos de autoentusiasmo me convidaram para um passeio na, até então não tão conhecida Estrada dos Romeiros, com o objetivo de me animar por meio do autoentusiasmo. Foi um dia sensacional.
Foi nesse dia que conheci a Curva AE. Como também sou fotógrafo, sempre observo os lugares em busca de enquadramentos e cenas bonitas. Em uma das paradas para conversas e fotos, escolhemos um espaço amplo, no final de uma reta, com uma vista deslumbrante para uma curva. Esse local fica, tecnicamente, em uma estrada que leva à Estrada dos Romeiros, mas todo mundo acaba considerando como parte dela.
Mais tarde, em agosto de 2014, transformamos o AE em um site. E, um pouco depois, por insistência do “primo” Arnaldo Keller, começamos a fazer vídeos para o AE. A Estrada dos Romeiros é um local interessante para uma avaliação mais completa: saindo de São Paulo, são 40 minutos de percurso urbano, seguidos por um bom trecho da Castello Branco e, finalmente, chega-se à Estrada dos Romeiros, com seus aclives, declives, curvas e pouquíssimo trânsito durante a semana. Perfeito para avaliações e vídeos.
Tecnicamente, a Curva AE fica na via Ubaldo Lolli, que liga a Castello Branco a Pirapora do Bom Jesus. Curiosamente, Ubaldo Cezar Lolli foi um piloto conhecido e de algum sucesso em provas de longa duração com um Alfa Romeo GTA nos anos 60. Foi o Bob quem me contou isso um dia, quando vimos a placa da estrada.
Assim, eu e Bob — e muitas vezes o AK — passamos a frequentar a Estrada dos Romeiros quase semanalmente. Nosso ponto de parada para esticar as pernas, montar a GoPro e tirar fotos era justamente nesse lugar que, após alguns vídeos, batizamos de Curva AE. Também utilizamos o Vickers Viscount, em Araçariguama, a apenas cinco minutos dali, que apelidamos de Avião do AE. Mas preferíamos a curva, pois ela já está na estrada.
Nós passamos muitos finais de tarde na Curva AE, com conversas tranquilas depois de um dia de trabalho feito com paixão. O Bob frequentemente me dizia que achava aquele lugar especial, com uma atmosfera única. É bonito, cercado de natureza: a árvore inclinada, as faixas amarelas se curvando para a esquerda e a estrada. Estar ali, sem movimento de outros carros, no silêncio daquela cena, no frescor do fim de tarde ou início da manhã, nos transmitia uma paz incrível. Um sentimento único em torno do nosso autoentusiasmo.
Foi o Bob quem começou a chamar a casa branca abandonada, bem ao lado da curva, de Maison Blanche (casa branca, em francês), em referência a outras casas de circuitos conhecidos, como La Sarthe (Le Mans), Spa-Francorchamps e Mônaco, que também têm suas Maisons Blanches. Assim, muitas das fotos de nossas avaliações na Curva AE traziam a Maison Blanche ao fundo.
Também criamos lá a foto “estilo AE”, com um enquadramento lateral e todas as portas, porta-malas e capô abertos. Esse estilo foi capa de muitos de nossos vídeos e ilustrou várias de nossas matérias.
Muitos leitores acabaram descobrindo a Estrada dos Romeiros por conta de nossas matérias e vídeos. Alguns iam lá nos procurar e acabavam nos encontrando. Outros nos viam por coincidência e paravam. Adorávamos quando isso acontecia. Assim, conhecemos muitos leitores. Também incentivamos que nos enviassem fotos de seus carros na Curva AE. Publicamos todas no nosso Instagram e até criamos uma camiseta homenageando a Estrada dos Romeiros, com a Curva AE, o Avião do AE e um carro muito entusiasmante: o Renault Sandero R.S..
Na verdade, foram duas camisetas. A segunda colocava a Curva AE ao lado da Eau Rouge (Spa-Francorchamps), da Corkscrew (Laguna Seca) e da Karussel (Nürburgring). Ambas as camisetas estão fora de linha, mas estamos estudando voltar com elas.
Com o tempo, alguns leitores se tornaram amigos e, em determinado momento, criamos um grupo no WhatsApp. Organizamos muitos encontros na Curva AE, nas manhãs de domingo. Sempre imaginei expandir essa atividade para todos os leitores. No entanto, sendo um lugar público, sem infraestrutura, não comportaria muitos carros. Vivo procurando locais para encontros maiores, mas nenhum me encanta tanto quanto a Curva AE.
Com a pandemia, interrompemos os encontros. Além disso, com a chegada do Gerson Borini como editor de testes, assumindo grande parte das avaliações, foi necessário mudar o local dos vídeos. Como o Gerson mora em Campinas, não fazia sentido ele ir até a Curva AE. Por isso, o local perdeu um pouco de visibilidade no AE, mas nunca deixará de ser especial para os autoentusiastas.
A boa notícia é que estamos preparando muitas novidades para 2025, incluindo encontros. Adoramos o senso de comunidade que o AE proporciona! Aguardem.
Grande abraço,
PM
A coluna “Substance” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.