As motocicletas da Kawasaki sempre tiveram uma aura diferente, especial. Lembro lá pelos anos 70, mais de cinco décadas atrás, quando Honda e Yamaha, as marcas mais populares, disputavam a preferência de um novo público motociclista que se formava, e que a Suzuki era um pouquinho fora do padrão comum, mas a pouco conhecida Kawasaki brigava com armas diferenciadas. Quem não se assombrou com as Kawa H, monstros de motores dois tempos de três cilindros? Eu fui um deles.
Atualmente a convivência das marcas é mais homogênea, vide os campeonatos mundiais, que iguala todas as marcas, até as mais recentes. Mas entre as motocicletas “civis”, a Kawasaki ainda entra com mais arrojo.
A absurda Ninja H2R, que chega a absurdos 326 cv, é um exemplo disso. Está bem, é uma motocicleta especial, não homologada para as ruas, mas suas versões mais modestas são, ainda assim, de assombrar.
E está aí a novidade. A versão naked da Kawasaki Ninja H2, já chamada de SuperNaked, é a Z H2, legítima representante da família Z, que começou justamente lá nos anos 70, com a Kawasaki Z900. Sua história é fascinante.
Recém-lançada no Brasil, a Kawasaki Z H2 foi apresentada esta semana no novo circuito do clube RaceVille, em Brotas, interior de São Paulo. Foi uma dupla experimentação, a nova motocicleta e a nova pista, que, por sinal, tem um traçado fantástico.
Na verdade, foi uma tripla experiência, pois a Kawasaki aproveitou o ensejo e apresentou, também, sua nova Z900, com muitas inovações em relação à Z900 anterior — que, por sinal, eu já a considerava como sendo a melhor Kawasaki que poderíamos comprar para pilotar de verdade.

Para “pegar a mão” do traçado da nova pista, dei algumas voltas com uma Kawasaki Z500, uma bicilindro que até então eu considerada meio “chocha”. Terminei a sessão arrependido de meus pensamentos, pois a motocicleta ficou realmente “redondinha” naquela pista.
Aí foi a vez da novidade, a Kawasaki Z900, logicamente bem mais potente que a “quinhentinha”, afinal, são 51 cv contra 124 cv, uma diferença considerável e que me fez ficar muito mais esperto.

Minha ideia de comportamento da Kawasaki Z900 foi confirmada, logicamente com uma boa dose de atualidade em relação à versão anterior, mas trata-se de uma motocicleta naked “na mão”, com muita estabilidade e controle em curvas, com um desempenho para ninguém reclamar.

O motor da nova Kawasaki Z900 é um 4-cilindros em linha arrefecido a líquido de 948 cm3, resultado dos cilindros de 73,4 mm de diâmetro com curso dos pistões de 56,0 mm. A taxa de compressão é de 11,8:1. Sua potência é de 124 cv a 9.500 rpm, com torque de 9,9 m·kgf a 7.700 rpm. A densidade de potência é exuberante para um motor de aspiração atmosférica, 130,8 cv/L O câmbio é de seis marchas, com embreagem assistida e deslizante. O sistema KQS Kawasaki Quick Shifter é de série e permite trocar marchas ascendentes e descendentes sem que seja necessário usar a embreagem e nem soltar o acelerador.
O quadro da nova Kawasaki Z900 recebeu alguns reforços, mantendo sua geometria e dimensões. A suspensão dianteira tem garfo invertido de 41 mm com ajustes de pré-carga, compressão e distensão. A suspensão traseira tem mola e amortecedor únicos horizontal a gás com ajustes de pré-carga e distensão.

A Kawasaki Z900 conta com quatro modos de pilotagem, selecionados no punho do guidão e controlados no novo painel de instrumentos de TFT de cinco polegadas. Há uma versão mais equipada da Kawasaki Z900, a R Edition, que tem a suspensão traseira Öhlins S46 e o freio dianteiro Brembo, com mangote Aeroquip revestido de malha de aço (a Z900 normal tem freio dianteiro Nissin).

A grande expectativa, no entanto, era pilotar a nova SuperNaked, a Kawasaki Z H2. Dotada de um motor tetracilindro em linha arrefecido a líquido de 998 cm3 (diâmetro dos cilindros de 76 mm e curso dos pistões de 55 mm), com taxa de compressão de 11,2:1. Para atingir a potência de 200 cv a 10.500 rpm e o torque de 14 m·kgf a 8.500 rpm, seu motor conta com um supercarregador volumétrico acionado por corrente pelo virabrequim. Sua densidade de potência, portanto, é nada menos que 200,4 cv/L.

Uma vez na pista, minha expectativa era a de uma motocicleta estúpida, inguiável, que iria me proporcionar sustos a cada freada e entrada de curva. Mas não, para minha surpresa, a Kawasaki Z H2 tem respostas mais do que dóceis — logicamente mantendo uma tocada bastante cautelosa.
Imaginei essa motocicleta em uma viagem rápida, por autoestradas. Deve ser bastante confortável e, ao mesmo tempo, provocadora. Afinal, não é uma superesportiva, mas sim uma naked. Uma SuperNaked.

Entre uma tocada e outra, peguei uma Kawasaki ZX-4R que estava por ali para apoio, ainda não tinha experimentado essa pequena esportiva com motor tetracilindro de 400 cm3. A experiência acrescentou mais um parâmetro na avaliação das duas novas motocicletas: sendo uma pequena esportiva de baixa cilindrada, a ZX-4R exige muito mais rotação do motor e trabalho de câmbio para uma pilotagem rápida, ou seja, uma pilotagem mais difícil, mais radical e menos confortável. Assim, concluí que tanto a Kawasaki Z H2 quanto a Kawasaki Z900 oferecem uma pilotagem fácil e bastante confortável, mesmo em regimes de pista.

Tanto a Kawasaki Z900 quanto a Kawasaki Z H2 estarão disponíveis na rede da marca a partir do segundo trimestre, com os preços de R$ 62.690 (Z900), R$ 70.790 (Z900 R Edition) e R$ 119.990 (Z H2)., frete incluído.
GM