A semana do C3 foi essencialmente urbana, mas, ao contrário da anterior, enfrentei menos congestionamentos e isso se refletiu no consumo, que subiu dos 7,4 km/l a bons 9,3 km/l rodando a uma excepcional média horária (para São Paulo) de 18 km/h. Nunca é demais lembrar que a área de circulação preferencial é a zona oeste da gigantesca metrópole, cuja topografia parece um serrote: sobe e desce constante para onde quer que se vá.
Esta região malvada obviamente prejudica consumo, mas exalta outras qualidades do pequeno tricilindro importado da França. A primeira e mais evidente delas é a potência pujante em baixas rotações, resultado do bom torque de 12,2 m·kgf a 2.750 rpm (com gasolina) que já conhecíamos do Teste de 30 Dias feito com o irmão Peugeot 208.
Encarar pirambeiras exige uma atitude levemente diferente do que se o C3 estivesse dotado de um motor quatro-em-linha de cilindrada semelhante. O tricilindro é meio lerdo para subir de rotação, demora para sair da marcha-lenta e chegar à faixa de uso ideal, onde emana o melhor de si, que é entre 2~2,5 mil rpm até as 3,5 mil rpm. Na semana passada comentamos que nas saídas nos ladeirões o C3 equipado com o motor 1,2 litro PureTech exige atenção para não apagar, pois o acelerador teria curso longo. Corrijo a informação: o curso não tem tanto a ver com o problema/característica, mas sim a mencionada demora para a rotação chegar à faixa vigorosa, de 2 mil rpm em diante.
Um aspecto que poderia minimizar essa preguicinha nas saídas em vias íngremes seria, acho, outro acerto do acelerador eletrônico. Como sabemos nem mesmo na época dos carburadores a relação entre o pedal e a borboleta é direta, ou seja, estar com o pé na metade do acelerador não significa necessariamente estar com a borboleta 50% aberta. O ajuste do acelerador eletrônico poderia ser modificado no primeiro terço do curso do pedal para dar ao motor do C3 um vigor melhor? Provavelmente sim, mas talvez outros problemas surgiriam, talvez o carrinho francês ficasse arisco demais nas saídas em terreno plano.
Essa questão toda não afeta em nada a competência do Citroën C3 como vetor urbano espetacular: ele é ágil, fácil e agradabilíssimo de dirigir. A visibilidade é ótima, o parabrisa Zenith uma delícia, pois dá sensação de amplitude a uma cabine pequena — perfeito para claustrofóbicos! — e a ergonomia é razoável. A perfeição poderia chegar com bancos melhores (como comentado, deveriam sem melhor estofados e com conformação mais caprichada) e, para mim, a alavanca de câmbio poderia estar cinco centímetros mais à frente. Digo “para mim” pois isso envolve uma questão de gosto pessoal, pois adoto uma posição de dirigir mais avançada do que a maioria dos motoristas com minha estatura, 1,8 metro. Veja o que quero dizer nas três fotos abaixo:
E falando da alavanca de câmbio, nessas 16 horas passadas ao volante do C3 ficou ainda mais claro que este é um ponto que a engenharia da marca precisa elaborar melhor. O problema nem é relacionado ao curso (que poderia ser menor) ou a precisão de engates, bem razoável, mas sim a sensação que alavanca passa à mão e o ruído exagerado de “plástico se esfregando com plástico”. Em contrapartida o volante merece elogios: pegada boa, amplitude de ajuste de altura e distância ótimas com peso adequado no uso preferencial deste automóvel, na cidade.
Acerca da ergonomia e posicionamento de comandos, seria o caso de rever também o lugar onde está a alavanquinha de comando do sistema de áudio, logo à frente da chave de contato. Mais de uma vez ao entrar no carro com pressa para sair, na garagem de casa (onde o carro fica com a chave no contato) em vez de girar a dita cuja tentamos girar o tal comando…
A semana final do C3 1,2 Tendance PureTech prevê a tradicional visita à Suspentécnica e, muito provavelmente, experimentar o álcool no tanque que, segundo a Citroën, proporciona 6 cv e 0,8 m·kgf a mais ao tricilindro.
RA
Leia os relatórios anteriores: 1ª semana – 2ª semana
CITROËN C3 1,2 TENDANCE PURETECH
Dias: 21
Quilometragem total: 1.040 km
Distância na cidade: 649 km (62%)
Distância na estrada: 390 km (38%)
Consumo médio: 10,3 km/l (gasolina)
Melhor média: 17,2 km/l (gasolina)
Pior média: 7,4 km/l (gasolina)
Média horária: 23 km/h
Tempo ao volante: 45h13 minutos
FICHA TÉCNICA CITROËN C3 TENDANCE 1,2 PURETECH | |||
MOTOR | |||
Denominação | PureTech 1,2 | ||
Tipo de motor, instalação | Otto, arrefecido a líquido, transversal, flex | ||
Material do bloco/cabeçote | Alumínio | ||
Nº de cilindros e disposição | Três, em linha | ||
Diâmetro x curso (mm) | 75 x 90,34 | ||
Cilindrada (cm³) | 1.197,3 | ||
Comprimento da biela (mm) | 145,6 | ||
Relação r/l | 0,31 | ||
Taxa de compressão (:1) | 12,5 | ||
Nº de comandos/localização | Dois, cabeçote, variador de fase na admissão e escapamento | ||
Acionamento dos comandos | Correia dentada | ||
Válvulas por cilindro | Quatro | ||
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 84/ 90/5.750 | ||
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 12,2/13/2.750 | ||
Rotação limite (rpm) | 6.500 (corte “sujo”) | ||
Formação de mistura | Injeção no duto | ||
SISTEMA ELÉTRICO | |||
Tensão/bateria/alternador (V/A·h/A) | 12/60/120 | ||
TRANSMISSÃO | |||
Rodas motrizes | Dianteiras | ||
Tipo | Transeixo manual de 5 marchas + ré | ||
Relações das marchas (:1) | 1ª 3,636; 2ª 1,950; 3ª 1,281; 4ª 0,975; 5ª 0,767; ré 3,330 | ||
Relação de diferencial (:1) | 4,692 | ||
Embreagem | Monodisco a seco, acionamento hidráulico | ||
SUSPENSÃO | |||
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora | ||
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora integrada ao eixo | ||
DIREÇÃO | |||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade | ||
Relação de direção | n.d. | ||
Diâmetro do volante (mm) | 370 | ||
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,4 | ||
FREIOS | |||
Dianteiros (Ø mm) | Disco, 266 | ||
Traseiros (Ø mm) | Tambor, 203 | ||
Operação | Servoassistência a vácuo, EBD | ||
RODAS E PNEUS | |||
Rodas (pol.) | Alumínio, 6Jx15 | ||
Pneus | 195/60R15V, de baixo atrito de rolamento, Pirelli P1 | ||
CONSTRUÇÃO | |||
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro | ||
AERODINÂMICA | |||
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,33 | ||
Área frontal (calculada, m²) | 2,07 | ||
Área frontal corrigida (m²) | 0,683 | ||
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | |||
Comprimento | 3.944 | ||
Largura | 1.708 | ||
Altura | 1.521 | ||
Distância entre eixos | 2.460 | ||
PESOS (kg) | |||
Em ordem de marcha | 1.110 | ||
Rebocável sem freio/com freio | 411 | ||
CAPACIDADES (L) | |||
Tanque de combustível | 55 | ||
Porta-malas | 300/com banco rebatido 1.000 | ||
DESEMPENHO | |||
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 14,3/12,8 | ||
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 171/177 | ||
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (INMETRO/PBEV) | |||
Cidade (km/l, G/A) | 14,8/10,6 | ||
Estrada (km/l. G/A) | 16,6/11,3 | ||
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |||
v/1000 em 5ª (km/h) | 31,3 | ||
Rot. a 120 km/h em 5ª (rpm) | 3.830 | ||
Rot. à vel. máxima em 5ª (rpm) | 5.650 | ||
Alcance nas marchas (km/h, 6.500 rpm) | 1ª 43; 2ª 80; 3ª 121; 4ª 160 |