Hoje vou me dar ao direito de tratar de um assunto mais leve. Afinal, o mundo não acabou na semana passada. De fato, acho que já sobrevivi a uma meia dúzia de finais de mundo, pelo menos, fora o Bug do Milênio que não afetou sequer o meu antigo Cardscan, quanto menos meu computador.
Se realmente o mundo tivesse acabado no sábado 23 exceto pelo fato de que estava com dois novos amigos apenas, isto é, sem marido nem mãe nem outros familiares, pelo menos estava em ótima companhia: no show do Bon Jovi. Que foi absolutamente sensacional. Me acabei de dançar, cantar, piscar com o celular e acenar realmente como se o mundo fosse acabar. Claro que voltei rouca e meu pé sofreu horrores, assim como meu ombro. Trabalho dobrado para meu fisioterapeuta Alê que conseguiu fazer milagres e me deixar quase no prumo já na primeira sessão.
Mas vocês se perguntarão o que isto tem a ver com automóveis. Tudo. Recentemente recebi por WhatsApp a foto de um famoso e muito bonito ator sem camisa com os dizeres: “Sabe porque eu não tenho tatuagens? Você colocaria um adesivo numa (sic) Ferrari?” Lembrei disso ao ver Jon Bon Jovi. Não, ele não tirou a camiseta de manga comprida mas até onde eu sei ele tem apenas duas tatuagens discretíssimas nos bíceps (uma é o S do Super-Homem!). E apenas o mais novo membro, o guitarrista Phil X tem alguma tatuagem nos braços. Sequer o Tico Torres, o baterista que toca com roupa sem mangas tem tatuagens visíveis. A mesma coisa outro cantor do qual gosto muitíssimo, o Chefe Bruce Springsteen. Pouca coisa, também nos bíceps.
Pessoalmente, não gosto de tatuagens. No máximo algo bem discreto e que tenha algum significado. Eu fiz duas vezes, mas com henna e sempre no tornozelo. Em quinze dias não tinha mais nada e nem deu para cansar. Aquela coisa de jogador de futebol que parece um outdoor ambulante não é comigo. Lembro sempre de um excelente livro de Ray Bradbury “O Homem Tatuado” e me dá arrepios.
Voltando na história do WhatsApp. Nunca colocaria um adesivo num Ferrari, assim como não coloco adesivos no meu carro. No máximo o do AE. E, claro, não tenho um Ferrari. Nos vidros não colocaria por uma questão de visibilidade pois não gosto de nada que me atrapalhe o campo de visão. Na carroceria não vejo motivo. Nada contra, mas não tive até agora necessidade de personalizar meu carro. Só tem o da concessionária, seja o de onde comprei ou onde fiz as revisões pois não tirei por receio de estragar a pintura e porque não me incomodam por estarem em lugares discretos.
Com carros mais antigos, alguma vez troquei o óleo em posto de gasolina e arranquei o adesivo do vidro para colá-lo na minha famosa cadernetinha que fica no porta-luvas. Para que poluir o para-brisa?
Quando era obrigatório colocar o selinho da inspeção ambiental (de São Paulo) com o ano respirei fundo e obedeci a lei. Por um erro de interpretação meu, não tirava o do ano anterior e cheguei a andar com uns cinco colados enfileirados. Detestava.
A maioria das pessoas coloca adesivos para personalizar seus carros. O meu, totalmente anódino, acaba se destacando justamente por não ter nada. Diferencia-se (a ênclise da semana) justamente por não ter nada. Sabe aquela coisa de adolescente que quer se destacar dos demais e pinta o cabelo de azul? Aí todos os colegas pintam o cabelo de azul e ficam todos exatamente iguais, mas acham que estão diferentes? Diferentes apenas dos pais, mas iguais entre si. Bom, meu carro parece carro de concessionária, mas é diferente dos que andam pela rua. Por isso é fácil identificá-lo no meio dos outros. Não tem absolutamente nada para diferenciá-lo e por isso acaba sendo diferente.
Na verdade nunca procurei adesivos nem nunca pulou algum na minha frente que me fizesse querer colocá-lo no carro. Também nunca coloquei gracinhas na antena, nem cílios postiços nos faróis do carro. Já vi carro com chifres de rena perto do Natal. Era uma mulher quem o dirigia e apesar de eu ter sorrido meu marido disse que não guiaria um carro com chifres nem por um minuto.
Um tempo atrás era moda andar com uma perna falsa saindo do porta-malas. Gosto de humor negro, mas num país com tanto sequestro-relâmpago como no Brasil não sei se é uma boa ideia.
O Código de Trânsito Brasileiro proíbe andar com o veículo descaracterizado. Adesivos pequenos ou mesmo aqueles que cobrem parte da superfície do veículo, assim como cílios não descaracterizam o veículo. O pé falso não pode cobrir a placa mas faz tempo que não o vejo. Suponho que deve atrair mais a atenção da polícia e ninguém quer ser parado propositadamente. Mas sei lá por qual razão alguém andaria com um pé saindo do porta-malas…
Sei que fabricantes de carros gastam fortunas desenvolvendo carros não apenas melhores mecânica e aerodinamicamente, mas também que sejam mais bonitos. Pesquisam, ouvem consumidores, fazem retoques. Ainda assim às vezes sai cada coisa que parece que tem gente surda ou teimosa, mas enfim, não é o caso da maioria. Alguém consegue imaginar a cara dos engenheiros da Ferrari ao ver um 488 GTB com adesivos no vidro traseiro como “só diretoria” ou “nóis bate mas num freia”? Isso sim seria o fim do mundo.
Mudando de assunto: Quem acompanha minha coluna sabe que há tempos parei de fazer compras no supermercado Extra da marginal Pinheiros porque cansei de avisar que sempre havia carros sem identificação nas vagas de idosos e cadeirantes. Vou apenas à farmácia e a uma outra loja pois eles não participam da administração da garagem. Disse claramente à gerente porque fazia isso e que era evidente que eles preferiam manter esse tipo de cliente do que a mim. Já naquela época era permitido multar os transgressores e agora é ainda mais claro. E eles podem telefonar para a CET que pode multar os motoristas infratores. Desnecessário dizer que o estabelecimento tem guardas que percorrem os estacionamentos. Eu mesma já havia avisado duas vezes antes de parar de fazer compras lá. Pois é. Semana passada fui à farmácia e vejam o que encontrei. Fotografei e voltei à área de Assistência ao Cliente para reclamar, mostrar as fotos e exigir providências. O/a motorista foi chamado/a pelos alto-falantes , mas não passou disso. A gerente ainda lembra de mim. É incrível como alguém que sequer sabe que não deve parar onde parou saia por aí dirigindo, pois isso evidencia que não conhece o mínimo das normas de trânsito. Sem falar na falta de educação pois supondo que quem estava ao lado fosse idoso ou cadeirante, como abriria a porta?
NG