São tantas as versões que testei do Fiat Argo que estou virando um “argonauta”. Só me falta testar a versão HGT 1,8 automática de seis marchas. E assim, após essas experiências, me convenci que esta versão Drive com motor Firefly 1,3-l e câmbio manual é a que melhor combina com a proposta do modelo. Com o motor 1-l Firefly de 3 cilindros é muito econômico e plenamente satisfatório na cidade, porém deixa um pouco a desejar na estrada, onde se mostra só suficiente. Com o motor 1,8-l E.torQ EVO é um perfeito estradeiro, porém deixa de estar entre os campeões de economia de combustível.
Já esta versão com motor 1,3-l consegue reunir os melhores atributos das outras duas: economia e desempenho. É impressionante o que ele anda bem na estrada e também impressionante o que gasta pouco no dia a dia. Um belo de um motor moderno, simples e bem-bolado. Entrega 101/109 cv a 6.000/6.250 rpm, respectivamente (só foi usado álcool no teste). Sua taxa de compressão é bem alta, recordista na produção nacional e das mais altas do mundo: 13,2:1. Só por curiosidade, na Argentina, onde o consumidor não foi induzido a querer carros flex, esse mesmo motor tem taxa de 11,1:1 e a potência é 99 cv. Aqui, com álcool são 81,3 cv/l, uma potência específica bastante alta.
Mas é no torque que ele se destaca. São 13,7/14,2 m·kgf a 3.500 rpm. Torque específico alto, 10,9/l — o mais alto no Brasil em motores de aspiração atmosférica —, com pico de torque a giro relativamente baixo. Consegue ser elástico e também “ardido”, valente, instigante, na estrada, onde vai rápido ao corte de segurança, que vem a 6.500 rpm. Um dos motivos para tanto é o comando de válvulas com variador de fase. Anda para valer. Segundo a Fiat, faz 0 a 100 km/h em 11,8/10,8 segundos e atinge máxima de 180/184 km/h. Bons números, mas o destaque fica mesmo para a boa retomada.
Com v/1000 em 5ª de 33,1 km/h, a 120 km/h de velocidade verdadeira o motor está girando a 3.620 rpm, rotação que não incomoda dada a suavidade de funcionamento do motor, em boa parte assegurada pela relação r/l 0,289. À velocidade máxima em quinta corresponde rotação de 5.600 rpm.
O câmbio é bem escalonado, como mostra o gráfico dente de serra. O alcance nas marcas é 40 km/h em 1ª, 74 km/h em 2ª, 118 km/h em 3ª e 166 km/h em 4ª.
O que encanta nesse pequeno motor de 1.332 cm³ (mesma cilindrada do chinês JAC J3) é sua boa pegada em baixa. Acima de 2.000 rpm ele já produz boa potência, que empurra com bastante disposição. Ao observar o gráfico abaixo, o leitor ou leitora verá quão longa e relativamente plana é sua curva de torque. O resultado sensível é que, se o motorista não for avisado, achará que está acelerando um motor de 1,6 litro.
Outro resultado é que se acaba dirigindo em baixo giro quando na cidade. Baixo giro basta, pois mesmo assim ele responde acelerando rápido, dobra esquinas, sobe ladeiras, etc. O Argo, de 1.140 kg, parece ser-lhe um fardo leve, bem leve. Essa característica ajuda a reduzir o consumo.
Um dos motivos que levam à grande elasticidade é o fato de ser um motor bem subquadrado: diâmetro dos cilindros 70 mm e longo curso dos pistões, 86,5 mm. Mesmo com esse curso, à rotação-limite de 6.500 rpm os pistões estão “viajando” a apenas 18,7 metros por segundo, velocidade de pistão bem abaixo do limite hoje considerado de 22 m/s.
Na cidade fiz acima de 9,5 km/l numa média da semana, e isso usando álcool, quando o Inmetro obteve 9,2 km/l. Na estrada, enquanto o órgão informa 10,2 km/l, fiz 10,7 km/l. Com gasolina o Inmetro informa 12,9/14,3 km/l. Os resultados do Inmetro são os mais confiáveis para uma comparação entre veículos, pois são feitos sob as mesmas condições.
A programação do acelerador me pareceu um tanto on/off no primeiro estágio de aceleração. Com pouco curso ele já acelera em demasia, não é progressivo em seu estágio inicial. Isso provoca alguns leves trancos na partida, quando feita normalmente na cidade, ao arrancar calmamente. Acontece que na saída ele acaba partindo mais forte que o desejado e, consequentemente, instintivamente alivia-se um pouco o acelerador, e daí vem um corte, e aí vem um leve tranquinho com o corte abrupto da aceleração. Ao se sair forte isso não acontece, claro. Fora esse instante inicial da partida, tudo bem, sem problemas, e é agradável como ele sobe rápido de giro ao se dar a aceleração interina nas reduções, seja fazendo o punta-tacco ou não. Por sinal, a disposição dos pedais é exemplar, uma “marca registrada” Fiat.
A posição de dirigir, para mim, fica prejudicada por não haver regulagem de distância do volante, só a de altura, o que me leva a adotar a posição “monkey driver”, como os ingleses chamam em alusão aos longos braços dos macacos, portanto longe do volante para as pernas não ficarem tão encolhidas. Então, para segurar o volante na posição correta, não muito distante, é-se obrigado a manter as pernas um pouco encolhidas. É uma pena — devido às minhas proporções antropométricas —, pois os bancos dianteiros são anatômicos e confortáveis. Por sinal, mesmo os passageiros de trás usufruem de bons bancos, com amplo espaço e conforto, onde cabem três adultos.
Fora esses pequenos defeitos, facilmente corrigíveis, vejo perfeição nessa versão do Argo. Na estrada seu espírito italiano esportivo vem à tona e é difícil resistir a não tocá-lo “à moda”, pois ele é muito estável, grudado no chão, perfeito nas retas e curvas, e o motor fica pedindo para ser acelerado. Um hatch divertido.
A suspensão é macia, silenciosa e passa sensação de robustez, McPherson na frente e eixo de torção atrás. Os freios são convincente, bons de modular, sendo a disco ventilado na dianteira e a tambor, atrás; freia forte e equilibrado. A direção eletroassistida é rápida e precisa, com perfeita indexação à velocidade; na estrada a assistência diminui e fica firme, muito boa.
A visibilidade geral é ampla, o interior é arejado. Os vidros traseiros baixam totalmente, bom. O porta-malas de 300 litros está entre os maiores da categoria. Pena é o encosto do banco traseiro não ser bipartido.
Testei o Argo Drive 1,3 GSR, o de câmbio robotizado, e nele vieram pneus “verdes” não muito afeitos à esportividade, não dão tão boa aderência e são um tanto duros. Já este veio com bons Pirelli Cinturato P1 que deram boa aderência e maior maciez, combinando mais com o que o carro tem a oferecer.
Bom carro. Satisfaz quem precisa de amplo espaço interno, bom porta-malas, economia de combustível, praticidade e, de quebra, prazer ao dirigir com esportividade.
Assista ao vídeo:
O preço desta versão começa em R$ 54.990. Este veio com opcionais, como rodas de alumínio, câmera de ré, etc., que elevaram seu preço para R$ 60.690. Se tivesse a pintura perolizada branco Alaska passaria a R$ 62.290. Veja a lista completa de itens de série e opcionais, inclusive dos pacotes, em seguida à ficha técnica
AK
FICHA TÉCNICA ARGO DRIVE 1,3 | |
MOTOR | |
Designação | Firefly 1,3-L |
Descrição | 4-cil em linha, bloco e cabeçote de alumínio, monocomando com variador de fase, 2 válvulas por cilindro, flex |
Cilindrada (cm³) | 1.332 |
Diâmetro e curso (mm) | 70 x 86,5 |
Taxa de compressão (:1) | 13,2 |
Potência (cv/rpm, G/A) | 101/6.000//109/6.250 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 13,7/14,2/3.500 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Comprimento de biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
Formação de mistura | Injeção no duto Magneti Marelli, ignição integrada ao módulo |
TRANSMISSÃO | |
Tipo | Transeixo com câmbio manual de 5 marchas mais ré, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,273; 2ª 2,316; 3ª 1,444; 4ª 1,029; 5ª 0,795; ré 4,200 |
Relação de diferencial (:1) | 4,200 |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida, indexada à velocidade |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,4 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/257 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/203 |
Controle | ABS (obrigatório) e distrib. eletrônica das forças de frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço, 5,5Jx14 (Opcional: alumínio 6Jx15) |
Pneus | 175/65R14T (Opcional: 185/60R15H) |
Estepe | Igual às demais rodas |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, quatro portas, cinco lugares |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 300 |
Tanque de combustível | 48 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.140 |
Carga útil | 400 |
Peso rebocável sem freio | 400 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 3.998 |
Largura sem espelhos | 1.724 |
Altura | 1.500 |
Distância entre eixos | 2.521 |
Bitola dianteira/traseira | 1.465/1.500 |
Distância mínima do solo | 149 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 11,8/10,8 |
Velocidade máxima (km/h, G/A | 180/184 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 12,9/9,2l |
Estrada (km/l, G/A) | 14,3/10,2 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª (km/h) | 33,1 |
Rotação a 120 km/h, em 5ª (rpm) | 3.620 |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 5.600 |
EQUIPAMENTOS FIAT ARGO DRIVE 1,3 |
Acionamento elétrico dos vidros dianteiros um-toque com antiesmagamento |
Acionamento elétrico dos retrovisores externos |
Alertas de limite de velocidade e manutenção programada |
Apoia-pé para o motorista |
Apoio de cabeça traseiro para os três ocupantes do banco traseiro |
Ar-condicionado |
Banco do motorista com regulagem de altura |
Banco traseiro rebatível |
Bolsas infláveis frontais (obrigatórias) |
Central Multimídia Uconnect de 7” tátil com Android Auto e Apple Car Play, Bluetooth, entrada USB e sistema de reconhecimento de voz. |
Chave-canivete com telecomando para abertura das portas, vidros e porta-malas |
Cintos traseiros retráteis de 3 pontos para os três ocupantes do banco traseiro |
Computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso) |
Defletor de teto traseiro |
Desembaçador do vidro traseiro temporizado |
Direção eletroassistida indexada à velocidade |
Engates Isofix com fixação superior para dois bancos infantis |
Espelho nos para-sóis |
Iluminação do porta-malas |
Iluminação interna ambiente |
Iluminação interna com temporizador |
Indicador de portas entreabertas |
Limpador e lavador dos vidros dianteiro e traseiro com intermitência |
Luz (faróis) de acompanhamento ao deixar o veículo |
Monitoramento de pressão dos pneus |
Pisca-5 |
Porta USB para uso pelos passageiros do banco traseiro |
Predisposição para rádio (2 alto-falantes dianteiros, 2 alto-falantes traseiros, 2 tweeters e antena) |
Quadro de instrumentos de 3,5” com relógio digital, calendário e indicador de temperatura externa multifuncional em TFT, personalizável |
Repetidoras de setas nos espelhos externos |
Sinalização de frenagem de emergência |
Sistema de partida a frio em baixas temperatura sem injeção de gasolina |
Sistema desliga/liga do motor nas paradas rápidas |
Terceira luz de freio |
Tomada 12 V |
Travamento central elétrico incluindo portinhola do bocal de abastecimento de combustível |
Verificação dos instrumentos com varredura do velocímetro e conta-giros |
Vidro do para-brisa com faixa degradê |
Volante com comandos de rádio e telefone |
Volante com regulagem de altura |
OPCIONAIS |
Kit Convenience (acionamento elétrico dos retrovisores externos com repetidoras de setas e função abaixar o direito ao engatar ré; acionamento elétrico dos vidros traseiros um-toque e antiesmagamento), R$ 1.500 |
Kit Parking (sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico, câmera de ré com linhas dinâmicas), R$ 1.600 |
Kit Stile (faróis de neblina, rodas de alumínio 6.0J x 15, pneus 185/60R15), R$ 2.100 |
Cores: sólida básica preto Vulcano, R$ 0; sólidas vermelho Alpino e branco Banchisa (carro testado), R$ 500; metálicas prata Bari e cinza Scandium, R$ 1.700; perolizada branco Alaska, R$ 2.000 |