Fotos: Paulo Keller
De novembro de 2010 para cá o Gol Rallye freqüentou três vezes as páginas do Ae. Para vê-las, entre no quadro de busca ‘Gol Rallye’. Todos da terceira edição, sendo a primeira de 2004 e a segunda, de 2007, ambas ainda o Gol de geração anterior. Em 2010 o Rallye era relançado, desta vez baseado na última geração do Gol (2008) para finalmente, em maio de 2013, ser reeditado, fazendo par com outro Gol, “diferente do rebanho”, o Track de motor 1-litro.
Se a última aparição do Gol Rallye no Ae foi relativamente recente, junho de 2013, por que então falar dele de novo? A razão é o Gol Rallye estar de coração novo. Um belo coração!
Em março deste ano a Volkswagen brasileira apresentou novo motor de 1,6 litro, o MSI, sigla criada para identificá-lo comercialmente e que corresponde a multipoint sequential injection, eufemismo para injeção no duto em contraposição à injeção direta que vem tomando conta da produção automobilística mundial, ainda por chegar ao Brasil (há o Focus Direct Flex 2-litros no mercado, mas é produzido na Argentina).
Tudo no seu lugar, com deve ser
O novo motor do Grupo Volkswagen pertence à nova geração, denominada EA211, de motores 1 a 1,6-litro, de três e quatro cilindros. Aqui, o primeiro da nova família, de três cilindros 1-litro, chegou no Fox BlueMotion 1,0, em junho do ano passado, e em fevereiro último, no up! No mês seguinte foi a vez do quatro-cilindros 1,6-litro, por enquanto usado lá fora só no checo Škoda Rapid. Aqui, propulsiona o Gol Rallye e a picape Saveiro Cross — também por enquanto.
O novo coração do Gol Rallye bate forte e suave
O motor deste novo Gol Rallye é decididamente moderno, tanto quanto o 1-litro, ambos de exatamente mesma arquitetura. Bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas com variador de fase na admissão em campo de 50º (40º no três-cilindros), quatro válvulas por cilindro, coletor de escapamento integrado ao cabeçote, circuito de arrefecimento duplo e engenharia de formato nas polias envolvidas no acionamento dos comandos de válvulas para reduzir os esforços na correia dentada, que é prevista para 120.000 km ou 4,5 anos. O motor de quatro cilindros tem ainda trocador de calor óleo-água fixado ao bloco e chapa divisória entre bloco e cárter para evitar agitação excessiva do óleo lubrificante. Uma das soluções notáveis na família EA211 é o posicionamento dos comandos de válvulas no que seria a tampa de válvulas e a montagem dos ressaltos nas árvores mediante interferência térmica (ressalto aquecido e árvore resfriada) com controle desta montagem por computador, formando uma unidade indivisível.
Por ser flex, a taxa de compressão é 1 ponto mais alta que no motor original alemão, sendo de 11,5:1. A partida do motor em baixas temperaturas, quando abastecido com álcool, é feita por aquecimento do combustível numa galeria de plástico, dispensando a tradicional injeção de gasolina e o seu pequeno e arcaico reservatório no compartimento do motor.
Dentro dos objetivos de redução de consumo e emissões de CO2 perseguidos no mundo todo hoje, o motor não privilegia potência elevada, mas boa potência em rotação baixa e média. Por isso desenvolve apenas 110/120 cv a 5.750 rpm (gasolina/álcool), com torque máximo de 15,8/16,8 m·kgf a 4.000 rpm. O ganho sobre o motor anterior, o EA111, é expressivo, este desenvolve 101/110 cv a 5.250 rpm e 15,4/15,6 m·kgf a 2.500 rpm.
COMPARATIVO DOS MOTORES | ||
Motor | EA111 1,6-litro | EA211 1,6-litro |
Cilindrada | 1.598 cm³ | |
Diâmetro e curso | 76,5 x 86,9 mm | |
N° de cilindros | Quatro | |
Taxa de compressão | 12,1:1 | 11,5:1 |
Material do bloco/cabeçote | Ferro fundido/alumínio | Alumínio |
Localização e n° de comandos de válvulas | Cabeçote, 1 | Cabeçote), 2 |
Acionamento de comando | Correia dentada | |
Variador de fase | Não | Sim, admissão, 50° |
Válvulas por cilindro | Duas | Quatro |
Atuação das válvulas | Indireta, alavanca roletada | |
Potência, gasolina | 101 cv a 5.250 rpm | 110 cv a 5.750 rpm |
Torque, gasolina | 15,4 m·kgf a 2.500 rpm | 15,8 m·kgf a 4.000 rpm |
Potência, álcool | 104 cv a 5.250 rpm | 120 cv a 5.750 rpm |
Torque, álcool | 15,6 m·kgf a 2.500 rpm | 16,8 m·kgf a 4.000 rpm |
Potência específica (G/A) | 63,2/65,1 cv/l | 68,8/75,1 cv/l |
Comprimento da biela/ rel. r/l | 140 mm/0,31 | |
Trocador de calor óleo-água | Não | Sim |
Sistema de partida a frio | Injeção de gasolina | Aquecimento do álcool |
Peso do motor | 105 kg | 90 kg |
O Gol Rallye atual só mudou em comparação com o anterior, fora o motor, no diferencial encurtado de 4,188:1 para 4,357:1 (4%), em razão do motor mais girador agora, e no diâmetro dos discos de freio, que passou de 256 a 280 mm, para maior potência de frenagem em razão da maior velocidade máxima, que subiu de 179/181 km/h para 184/190 km/h. Todo o resto é absolutamente igual, exceto a inclusão de controle de cruzeiro dentro do pacote opcional Tecnologia e uma nova cor, a laranja Canyon,
O novo Gol Rallye custa R$ 50.820 e com todos os opcionais chega a R$ 53.941. O testado em junho passado custava R$ 45.850 e chegava a R$ 47.940. O aumento se deve em boa parte à dança do IPI e também ao novo motor. Com o câmbio robotizado I-Motion o preço inicial é R$ 53.790.
Nota: no dia 17, às 12h50, a VW divulgou nota comunicando aumento de preços em toda a linha, em que o preço-base deste Gol passou para R$ 51.370 e I-Motion, R$ 54.37o/BS
Como anda
Percebe-se logo a grande elasticidade do 1,6 MSI, expressa na retomada 80-120 km/h em quinta marcha feita em 14,8/14,3 s, enquanto antes era 15/14,8 s (sempre gasolina e álcool). Ganho também na aceleração 0-100 km/h, 9,5/9,9 s, contra 10,6/10,3 s. O motor é bastante suave apesar da relação r/l 0,31 (considera-se bom até 0,30) e o giro sobre facilmente até o corte (limpo) a 6.500 rpm. A partir de 3.000~3.500 rpm a pegada é mesmo forte. Ao parar num semáforo parece que motor morreu, não se percebe qualquer vibração ou oscilação e nem ruído. Parece até um sistema desliga-liga…
Com o encurtamento do diferencial a v/1000 em quinta caiu de 35,5 para 34,1 km/h, significando que a 120 km/h o motor está agora a 3.500 rpm, antes era 3.380 rpm. À velocidade máxima a rotação é 5.600 rpm (150 rpm abaixo do pico), e com o motor anterior era a 5.100 rpm (também 150 rpm antes).
Os úteis faróis auxiliares bifuncionais são um destaque no Gol Rallye, enquanto o Arnaldo e eu conversamos sobre alguma coisa, só não me lembro exatamente sobre o quê
Eu havia dito no teste de junho do ano passado que praticamente não havia patinagem da roda interna mesmo com a altura de rodagem 28 mm maior que no Gol normal. Pois nesse agora, com mais potência e torque, ela aparece mais, embora não atrapalhe tanto no uso normal, sendo que o carro mantém as mesmas e boas qualidades de curva. Elas são ajudadas pela direção com assistência hidráulica, rápida, de relação 14,9:1, 3 voltas entre batentes, com o bom volante de Ø 370 mm. O diâmetro mínimo de curva é 10,6 metros. Pneus, os mesmos Pirelli P7 195/60R16V com estepe 195/55R15H, rotulado como temporário (velocidade máxima 80 km/h).
Pneus de asfalto, Pirelli P7 195/50R16V
Fiquei imaginando esse mesmo carro com altura de rodagem padrão de Gol, como seria perfeito. Em compensação, com essa altura toda roda-se despreocupadamente em relação a lombadas e valetas, mas não quanto a buracos e tampas de bueiros “esquecidas” de serem levantadas após recapeamento asfáltico, afinal são pneus de perfil 50.
A Volkswagen continua a não informar o consumo do Gol Rallye, mas ficou muito parecido com o da versão com o motor anterior, 10 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada, com álcool (antes, 10,2 km/h cidade e 13 km/l estrada).
Pintura das partes internas igual às externas:
capricho e responsabilidade, exemplo a ser imitado
Apreciável no Gol Rallye é a percepção de rigidez estrutural e de fabricação esmerada. Tudo contribui para isso, do toque da alavanca de câmbio que é referência à pintura do compartimento do motor com as partes “invisíveis” pintadas tal e qual a pintura geral do veículo. Cuidados como o vidro do pára-brisa com faixa degradê e repetidoras dos indicadores de direção — embora nos espelhos, prefiro-as na carroceria por serem mais visíveis. A iluminação conta com a solução perfeita vista pela primeira vez no CrossFox 2009, os faróis auxiliares bifuncionais, neblina e longo alcance, atrelados aos fachos baixo e alto e comutando-se com estes. E, claro, o quadro de instrumentos “Wolfsburg”, irretocável.
“Wolfsburg”
Além de todas essas características, dois fatores são de impelir a comprar um Gol Rallye. Um, a nova cor laranja Canyon. Além de bonita (questão de gosto), é a cor mais visível de todas em qualquer horário e condição do tempo. O carro é logo avistado por pedestres, ciclistas e até por aquele caminhão velho, de marca ignorada (essa é do mestre Chico Anysio!), que está por cruzar a estrada, bem como pelo motorista que enxerga mal os espelhos devido aos sacos de lixo — deixam o carro “lindão”… — e sai para ultrapassar sem ver direito o que vem atrás (“mas eu dei seta…”).
Outro, se a Volkswagen aproveitasse que fabrica o Gol de duas portas e fizesse o Rally baseado nele. Ficaria fantástico.
BS
Vídeo:
FICHA TÉCNICA VW GOL RALLYE 2015 | ||
MOTOR | ||
Instalação | Dianteiro, transversal | |
Material do bloco/cabeçote | Alumínio | |
Configuração / n° de cilindros | Em linha / 4 | |
Diâmetro x curso | 76,5 x 86,9 mm | |
Cilindrada | 1.598 cm³ | |
Taxa de compressão | 11,5:1 | |
Potência máxima | 110 cv (G), 120 cv (A) a 5.750 rpm | |
Torque máximo | 15,8 m·kgf (G), 16,8 m·kgf (G) a 4.000 rpm | |
N° de válvulas por cilindro | Quatro, atuação indireta por alavanca-dedo roletada, fulcum com comensador hidráulico | |
N° de comandos de válvulas / localização | Dois, correia dentada / cabeçote, variador de fase na admissão, campo de 50º | |
Formação de mistura | Injeção eletrônica no duto | |
Gerenciamento do motor | Continental Simos 15 | |
Combustível | Gasolina comum e/ou álcool (flex) | |
TRANSMISSÃO | ||
Rodas motrizes / câmbio | Dianteiras / manual | |
Número de marchas | 5 à frente + ré | |
Relações de transmissão | 1ª 3,455:1; 2ª 1,954:1; 3ª 1,281:1; 4ª 0,927:1; 5ª 0,740:1; ré 3,182:1 | |
Relação do diferencial | 4,357:1 | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora de Ø 20 mm | |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica | |
Diâmetro mínimo de curva | 10,6 m | |
Relação de direção | 14,9:1 | |
N° de voltas entre batentes | 3 | |
FREIOS | ||
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito em diagonal, servoassistido | |
Dianteiros | Disco ventilado de Ø 280 mm | |
Traseiros | Tambor de Ø 200 mm | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Alumínio 6Jx16 | |
Pneus | 195/50R16V – estepe 195/55R15H temporário | |
PESOS | ||
Em ordem de marcha | 1.043 kg | |
Carga máxima | 407 kg | |
Rebocável | 400 kg com ou sem freio | |
CONSTRUÇÃO | ||
Tipo | Monobloco em aço, hatchback 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto | 0,37 | |
Área frontal | 2,08 m² | |
Área frontal corrigida | 0,768 m² | |
DIMENSÕES EXTERNAS | ||
Comprimento | 3.924 mm | |
Largura sem/com espelhos | 1.659 / 1.898 mm | |
Altura | 1.491 mm | |
Distância entre eixos | 2.467 mm | |
Bitola dianteira/traseira | 1.434/1.410 mm | |
CAPACIDADES | ||
Porta-malas | 285 L | |
Tanque de combustível | 55 L | |
DESEMPENHO | ||
Aceleração 0-100 km/h | 9,9 s (G) e 9,5 s (A) | |
Aceleração 0-1.000 m | 31,5 s (G) e 31 s (A) | |
Retomada 80-120 km/h, 5ª | 14,8 s (G) e 14,3 s (A); | |
Velocidade máxima | 184 km/h (G), 190 km/h (A) | |
CONSUMO | ||
Cidade | 10 km/l (10 l/100 km), álcool, computador de bordo | |
Estrada | 12,8 km/l (7,8 l/100 km), álcool, computador de bordo | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 5ª | 34,1 km/h | |
Rotação em 5ª a 120 km/h | 3.500 rpm | |
Rotação em vel. máx., 5ª | 5.600 rpm |
GOL RALLYE 2015, CÂMBIO MANUAL | |
EQUIPAMENTOS DE SÉRIE | |
EXTERIOR | |
Carcaça dos espelhos na cor “efeito cromado” | |
Chave-canivete com controle remoto | |
Defletor na tampa do porta-malas | |
Maçanetas na cor do veículo | |
Moldura nas soleiras | |
Molduras nas caixas de roda | |
Pára-brisa com faixa degradê | |
Pára-choques na cor do veículo | |
Rodas de alumínio 16 pol. na cor preto Ninja | |
INTERIOR | |
Ajuste elétrico dos retrovisores externos com função ré | |
Alarme keyless | |
Alça de teto para o passageiro | |
Bolsas para revistas nos encostos dos bancos | |
Console central com dois porta-copos | |
Conta-giros | |
Destravamento elétrico interno do porta-malas | |
Iluminação do compartimento de bagagem | |
Luz de leitura dianteira | |
Pára-sóis com espelho e iluminação | |
Porta-objetos nas laterais das portas | |
Porta-revistas atrás do encosto do banco do passageiro | |
Quatro alto-falantes e dos tweeters | |
Rádio/toca-CD MP3/USB/Bluetooth/interface iPod | |
Rede de retenção de carga no porta-malas | |
Sapatas de pedais de alumínio | |
Tomada de 12 V | |
Travamento central com controle remoto do levantador do vidro | |
Vidros com acionamento elétrico, um-toque e antiesmagamento | |
Volante multifuncional para rádio, telefone, computador de bordo e I-System | |
SEGURANÇA ATIVA | |
Bolsas infláveis frontais | |
Desembaçador do vidro traseiro | |
Faróis auxiliares de dupla função (neblina e longo alcance) | |
Freios ABS | |
Luz traseira de neblina | |
Palhetas do limpador de pára-brisa aerodinâmicas | |
Repetidoras dos indicadores direção nos espelhos | |
Sensor de obstáculo traseiro | |
SEGURANÇA PASSIVA | |
Bolsas infláveis frontais | |
SEGURANÇA PREVENTIVA | |
Ajuste de altura do banco do motorista | |
Ajuste de altura e distância do volante | |
Ar-condicionado | |
Direção assistida hidráulica | |
EQUIPAMENTOS OPCIONAIS | Preço R$ |
Pacote Tecnologia | |
Controle de cruzeiro, espelho interno eletrocrômico, sensores de chuva e crespuscular, limpador com temporizador e acendimento automático dos faróis ao se aproximar/deixar o veículo | 762,00 |
Revestimento dos bancos em couro sintético | 671,00 |
Cores | |
Pintura sólida (3 cores) | – |
Pintura metálica (3 cores) | 1.140,00 |
Pintura especial: amarelo Solaris e laranja Canyon | 1.688,00 |