Sebastian Vettel foi o destaque do primeiro dia de treinos livres da temporada: o alemão marcou o melhor tempo entre os 11 pilotos de nove equipes que foram à pista catalã, circuito que até quinta-feira será o centro das atenções de quem segue a F-1.
O espanhol Carlos Sainz marcou o segundo melhor tempo do dia (1’18”558, 0”387 mais lento que Vettel), o que sugere bom progresso da equipe McLaren e do motor Renault. Como é costumeiro nesta época do ano, os resultados devem ser tomados com reservas, até mesmo no caso da Williams, cujo carro para 2019 só deverá ir à pista nos testes de amanhã, quarta-feira, claro sinal que o cronograma do time, assim como o modelo FW 42, não corre como esperado. Um caso típico em que a resistência dos carros economiza tempo, desde que estejam na pista…
As sessões de testes de pré-temporada acabam servindo mesmo para apontar as características básicas de funcionamento e rendimento dos novos modelos e dos novos pneus, item que foi desenvolvido no ano passado e que agora funcionam em projetos desenvolvidos para as características desse equipamento. Detalhes mais expostos como os de aerodinâmica e refrigeração são os mais óbvios para notar as alterações que serão avaliadas nesta e na próxima semana; no início da temporada que abre dia 17 de março, em Melbourne, na Austrália, muitos detalhes terão sido alterados. Não se deve esquecer que a possibilidade de uma ou outra equipe montar seus carros com detalhes que não obedecem ao regulamento técnico da categoria, que este ano sofreu alterações pronunciadas nas asas dianteira e traseira.
Um bom rendimento nesta fase do ano pode convencer patrocinadores ainda indecisos a optar por contribuir para o orçamento das equipes. Ironicamente a última vez que uma equipe se mostrou extremamente competitiva e apareceu na pista com seus carros brancos, o bom desempenho não se converteu em sucesso promocional. Em 2009 o time dirigido por Ross Brawn disputou e venceu a temporada sem exibir nenhum patrocinador regular, o que deixou no ar suspeitas de que a própria Mercedes, que adquiriu o time no final do ano, estaria por trás da empreitada: a marca alemã forneceu os motores para o único campeonato que registra presença da Brawn GP e assumiu a estrutura no ano seguinte.
Mesmo assim o resultado do primeiro dia de treinos permite enxergar o grau de desenvolvimento de cada escuderia: Ferrari (169 voltas), Mercedes (150), Red Bull (128), McLaren (119), Alfa Romeo (114) e Renault (109) superaram a simbólica marca de 100 voltas na estreia oficial de seus carros. Toro Rosso (76), Haas (65) e Racing Point (30) foram as menos ativas em uma apreciação que foca na confiabilidade.
Quando se foca no desempenho de cada um desses carros, porém, nota-se alguma vantagem da Ferrari e da McLaren: Sebastian Vettel e Carlos Sainz foram os mais velozes do dia e os dois pilotos que mais andaram. Já o terceiro melhor tempo do dia — Romain Grosjean, 1’19”159, indica que os 998 milésimos de segundo que o separam do piloto alemão são uma referência de que o chassi Haas VF 19 (que é fabricado pela Dallara), ainda deve algo em velocidade se comparado aos seus rivais.
Se a Renault equipou o McLaren que foi o segundo carro mais veloz do dia, seu próprio carro está distante desse padrão: Nico Hulkenberg (1’20”980) e Daniel Ricciardo (1’20”983) foram os mais lentos do dia em que o time francês dedicou-se a validar as soluções do RS 19, atitude típica de fabricantes de automóveis. Não deixa de ser curioso o equilíbrio entre o experiente Hulkenberg e o recém-chegado Ricciardo.
Agora equipado com motor Honda tal qual os STR 14 da Toro Rosso, o chassi RB 15 da equipe Red Bull mostrou desempenho confiável e animou Max Verstappen, que deixou claro sua satisfação: “Coletamos uma enorme quantidade de dados que vamos analisar durante a noite para ver onde podemos melhorar amanhã (hoje, terça) quando o Pierre (Gasly) vai pilotar.”
O experiente Kimi Räikkönen mostrou que o tempo não afetou sua resistência e completou 114 volta com o Alfa Romeo C36; com novo nome da equipe, graças ao maior empenho financeiro e técnico da Ferrari e da Alfa Romeo, a Sauber foi rebatizada para a temporada 2019, que marca o regresso do finlandês ao time onde estreou na F-1 em 2001, quando tinha 20 anos de idade. A designação C 36 é um sinal de respeito a Peter Sauber, que adotava o C na designação de seus carros em homenagem à sua esposa Christine.
Valtteri Bottas e Lewis Hamilton, tal como os dois pilotos da Renault, compartiram o único carro disponível, o finlandês ocupado em validar valores de aerodinâmica e comportamento dos pneus e o inglês, que pilotou à tarde, avaliando as reações do carro a cada mudança de setup. O russo Daniil Kvyat desenvolveu um trabalho de readaptação à categoria em sua volta à Toro Rosso; o mexicano Sérgio Pérez filosofou sobre o fato de ter completado apenas 30 voltas ao declarar “andamos pouco, mas o suficiente para me sentir à vontade com o carro.”
Os melhores tempos de ontem:
- Sebastian Vettel, Ferrari SF90, 1’18”161, 169 voltas
- Carlos Sainz, McLaren MCL34-Renault, 1’18”558, 119 voltas
- Romain Grosjean, Haas VF 19-Ferrari, 1’19”159, 65 voltas
- Max Verstappen, Red Bull RB15-Honda, 1’19”426, 128 voltas
- Kimi Räikkönen, Alfa Romeo Racing C38, 1’19”462, 114 voltas
- Daniil Kvyat, Toro Rosso STR14-Honda, 1’19”635, 76 voltas
- Sérgio Perez, Racing Point RP 19-Mercedes, 1’19”944, 30 voltas
- Valtteri Bottas, Mercedes AMG W10, 1’20”127, 69 voltas
- Lewis Hamilton, Mercedes AMG W10, 1’20”135, 81 voltas
- Nico Hülkenberg, Renault RS 19, 1’20”980, 65 voltas
- Daniel Ricciardo, Renault RS 19, 1’20”983, 44 voltas
WG