Fechamos o primeiro quadrimestre do ano num cenário bastante diverso daquele do início de janeiro. Havia muita expectativa positiva no ar, confiança e ânimos crescentes, que refletiam nas projeções do crescimento do PIB, para algo entre 2,0 e 2,2%. Evidentemente o fator primordial do qual tudo dependia e ainda depende é a reforma da Previdência.
O timing para a aprovação dessa reforma segue dentro do esperado, porém o ambiente político vem se deteriorando e, com ele, a confiança teve uma inversão de rumo e de sentido. Nestas semanas saíram os números do PIB, que fechou o primeiro trimestre em queda. Notou-se também certa paralisação, ou puxada de freio na atividade econômica. Era tudo o que não precisávamos.
O dólar subiu e rompeu novamente a barreira dos 4 reais, a bolsa caiu e as discussões no parlamento para aprovação da reforma da Previdência seguem seu curso. No mês anterior registráramos leve desacelerada na venda de veículos e voltamos a verificar o mesmo, a despeito de os números totais haverem fechado o mês e quadrimestre com crescimento sobre 2018 nos dois dígitos. Todos sabemos que PIB e mercado automobilístico andam juntos, fôssemos realizar os +2% que o início de ano apontava, veríamos um crescimento de quase 20%.
Se levarmos em conta as vendas no varejo, um bom termômetro de como andam os negócios na ponta das concessionárias ao consumidor final, este faturou 1,0% a menos que no quadrimestre anterior, 450.267 vs. 454.829 unidades. Das dez marcas mais vendidas, seis apontaram declínio no varejo (vejam quadro abaixo). Novamente, as vendas diretas e PcD são as que puxam o ritmo de crescimento, um salto de 24,3% no mesmo período, 351.063 contra 282.453 veículos. Não se dispõe dos detalhes do PcD nesse total, sabe-se hoje eles já são mais de 23% das vendas de automóveis.
No último encontro da Anfavea com a imprensa econômica e especializada, o novo presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, aproveitou o bom momento do setor e mostrou números positivos. São positivos, mas há pequenas inflexões no meio. As vendas de caminhões crescem outros 45% sobre 2018 e as projeções de crescimento para o ano mantêm-se inalteradas.
Em abril, foram registrados 231.936 emplacamentos, sendo 221.719 de veículos leves e 10.216, de pesados. No ano a soma atinge 839.536, um crescimento de 10,1% sobre mesmo quadrimestre anterior. Dois dígitos é um crescimento robusto, mas ele vem perdendo fôlego. Em março fecháramos o trimestre com expansão de 11,4%. Não se pode afirmar sinais de perigo de retração no ar ainda, mas as vendas no varejo menores dão esse aviso. O gráfico de vendas diárias abaixo também.
As vendas por região mostram interessante particularidade, o Sudeste com expansão de 15% sobre quadrimestre anterior, segue puxando as vendas, todas demais regiões cresceram menos que 10% e o Sul apresenta declínio de 2,0%.
RANKING DO MÊS E DO QUADRIMESTRE
A GM fechou o mês na liderança, com 37.990 emplacamentos, um crescimento de 15% sobre mesmo período de ’18, a VW vem em 2º, com 33.132, Fiat em 3º, com 30.189 e a Toyota volta a figurar na 4ª posição, com 19.609, num verdadeiro “empate técnico” com Ford, Renault e Hyundai. No quadrimestre quem mais cresceu foi a Citroën, com 43%, seguida da Jeep, com 27%, Renault, com 18%.
Onix não perde seu vigor. Em seu último ano antes de completa remodelação, fechou abril com 19.619 unidades vendidas e o quadrimestre com 75.130, uma expansão nada modesta de 29%. No segmento compacto somente o Argo cresceu mesmo montante, mas encontra-se distante. Bom lembrar que os automóveis fecharam abril com vendas 9,8% superiores a mesmo período do ano passado.
HB20 vem em segundo, com 10.386 licenciamentos, Ka em 3º, Kwid em 4º, Gol, Argo, Prisma, Renegade, Ka Sedan e Polo fechando a lista dos dez primeiros. O suve compacto da VW, T-Cross teve um bom primeiro mês de vendas, com 1.859 unidades faturadas.
Nos comerciais leves, poucas mudanças, a compacta Fiat Strada (foto de abertura) registrou 6.128 licenciamentos, seguida da Toro com 5.478, Hilux em 3º, Saveiro em 4º, S10, Amarok, Ranger, Montana, Oroch e Fiorino compondo a lista dos dez mais vendidos.
No quadrimestre a Strada teve 22.757 unidades vendidas, crescimento de 6% sobre 2018, num segmento que se expandiu em 11,8%. Amarok foi quem mais cresceu, com 24%.
Até mês que vem!
MAS