O feito de Lewis Hamilton (foto de abertura), ter conquistado seu sétimo título de campeão mundial, é interpretado de várias maneiras: sobra quem diga que só aconteceu porque ele tem o melhor carro e não faltam aqueles que conseguem enxergar o fato como consequência de um trabalho meticuloso e repetição de ciclos que marcam a história da humanidade.
De uma maneira ou outra, a Fórmula 1 continua viva e seu calendário parra 2021 marca o retorno, ainda sujeito à confirmação, de uma etapa em Interlagos. Um acordo para manter o circuito paulistano no roteiro da categoria incluiu duas trocas: uma no comando da promoção e outra no nome da prova, que será identificada como GP de São Paulo. Tamas Rohony, que poderá ser substituído por Alan Adler no comando da prova, aparentemente não abriu mão dos direitos sobre o nome “Grande Prêmio do Brasil”. A confirmação está prevista para ser anunciada no final do mês.
Competições estão impregnadas na raça humana em diversas formas. Acontecem tertúlias mais, ou menos, animadas que têm por objetivo saciar o desejo que um indivíduo mostrar que sabe mais que outro e existem aqueles homens e mulheres que ao superar feitos passados contribuem para melhorar a sociedade em diversos pontos. Demorou quase cinco décadas para Michael Schumacher conseguir sete títulos mundiais e superar os cinco conquistados por Juan Manuel Fangio nos anos 1950. Do último título do alemão ao sétimo de Lewis Hamilton foram menos de duas decadas, redução de tempo que, espera-se ser ainda mais pronunciada no desenvolvimento de novas vacinas, mais especificamente daquela que poderá erradicar o covid-19.
Durante os 47 anos que separam o quinto título de Fangio, em 1957, e o sétimo de Schumacher, em 2004, o mundo conheceu campeões múltiplos como Alain Prost (1985/86/89/93), Ayrton Senna (1988/90/91), Jackie Stewart (1969/71/73), Nelson Piquet (1981/83/87), Emerson Fittipaldi (1972/74), Jim Clark (1963/1965) e inúmeros outros, coroados ou não. Ou seja, não faltou quem se aproximou de ser o primeiro a superar o argentino, alguns deles perecendo no caminho, caso de Senna e Clark. Do alemão ao inglês, o intervalo foi de apenas 16 temporadas.
O que exalta a conquista de Lewis Hamilton são fatores dos mais variados e que gravitam dentro e fora do universo automobilístico. Hamilton formou uma parceria extremamente consolidada com Toto Wolff e o programa da Mercedes-Benz e usa seu prestígio para defender causas sociais da maneira que julga correta. Isso incomoda a muita gente em várias maneiras: Hamilton é negro, utiliza sua habilidade ao volante com maestria e explora todo o potencial técnico que o poder econômico de um dos maiores conglomerados mundiais lhe oferece. Como até os melhores goleiros não conseguem defender a perfeição quando derrotados em um pênalti, o inglês não abre mão de viajar em seu avião particular, mesmo levantando a bandeira da ecologia. Pecadilho que os xiitas do politicamente correto não deixam passar em branco…
O saudoso professor Herbert Duschenes, mestre em História da Arte dos meus tempos de Faap, defendia que a história se repete em ciclos cada vez menores, até que o sistema imploda e reinicie o mesmo processo. O sétimo título de Lewis Hamilton mostra que estamos próximos desse reinício, por isso só espero que seu currículo de sete, ou oito, títulos demore tanto tempo para ser quebrado quanto o intervalo que separou Fangio de Schumacher.
WG
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