O Fiat Argo Trekking é a versão aventureira urbana do modelo que ganha agilidade e conforto com o uso do motor E.torQ 1,8-l e câmbio automático de 6 marchas. Mesmo em ano de eleições municipais, onde normalmente é dado um tratamento melhor das vias públicas, neste ano o descaso foi total, e as operações tapa-buracos se tornaram uma “operação calombo”. Nasa vias de maior fluxo que foram recapeadas utilizou-se um asfalto de alta granulação que prejudica muito o conforto e ruído de rodagem. Com isso a opção dos hatches aventureiros urbano como este Argo, Renault Stepway e Hyundai HB20X tornam-se uma boa alternativa.
Se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado na Estrada dos Romeiros e curva AE, com incursão pelo Morro do Capuava, na mesma região:
Motor bem conhecido
O motor E.torQ 1,8-l monocomando de 16 válvulas, já bem conhecido e utilizado em outras modelos da FCA no Brasil, proporciona desempenho satisfatório para o Argo Trekking de 1.264 kg. Com seus 135/139 cv de potência a 5.750 rpm e torque máximo de 18,8/19,3 m·kgf a 3.750 rpm, a aceleração 0-100 km/h declarada pela Fiat é feita em 10,4 segundos, com gasolina e álcool, e a velocidade máxima é limitada em 180 km/h.
Sua instalação é dianteira transversal e se conecta ao transeixo Aisin câmbio automático epicíclico de 6 marchas por meio de conversor de torque. Pela alavanca seletora de câmbio é possível selecionar o modo Drive ou Manual, sem opções de condução econômica ou esportiva. Em modo manual a opção de troca de marchas limita-se à própria alavanca, que sobe marcha para trás e reduz para frente. Descobri que definitivamente me confundo com essa configuração.
O conjunto está bem calibrado e, principalmente, bem casado em termos de escalonamento de marchas, apesar de forçar sempre uma marcha mais alta para melhorar o consumo de combustível. Com isso a cada retomada de velocidade ou a cada necessidade de ultrapassagem perde-se um pouco de agilidade, pois ocorre a necessária redução de marcha. Por ser um motor de aspiração atmosférica, as curvas de torque e potência apresentam valores inexpressivos em baixas rotações, forçando o motor a trabalhar em regimes mais altos de rotação quando é dada maior carga ao pedal do acelerador.
Os números de consumo homologados junto ao Inmetro indicam 9,4/6,6 km/l no ciclo urbano e 11,9/8,6 km/l, no rodoviário, porém em 1.083 km rodados nesta semana obtive a média geral de 8,9 km/l sempre com álcool no tanque. Na viagem de Campinas até à Curva AE para gravação deste vídeo o consumo foi de 10,9 km/l, também com álcool.
Conforto adequado
Levantar a suspensão de um carro não é uma tarefa simples, e a complexidade de alguns componentes passa despercebido para os leigos. Destaco a criticidade da homocinética das semiárvores dianteiras que passam a trabalhar com ângulos compostos maiores, que é o ângulo de esterço do volante associado ao ângulo exigido pelo deslocamento da suspensão em seu curso de distensão. Outro item crítico é o eixo traseiro que passa a trabalhar em um regime diferente de variação da geometria pelo curso da suspensão. Portanto, acertar tudo isso é um trabalho que requer muita simulação em computadores e, posteriormente, testes de calibração e durabilidade em veículo.
Os engenheiros da Fiat foram muito felizes no acerto feito nesta versão Trekking, pois elevaram o carro em praticamente 50 milímetros, sendo parte pelo pneu de maior diâmetro e a outra parte pelas molas, deixando o carro com vão livre de 210 mm. A barra antirrolagem dianteira e o eixo de torção na traseira conseguem fazer seu trabalho e minimizar a rolagem da carroceria, além de proporcionam boa estabilidade em curvas. No limite de aderência nota-se uma tendência de escorregamento dianteiro, mas facilmente corrigido com uma pequena levantada de pé do acelerador, e sem o inconveniente do carro passar a sobre-esterçante nessa manobra.
A utilização de pneus Pirelli Scorpion ATR 205/60R15H trouxeram a facilidade de enfrentar terrenos fora de estrada sem o medo de maiores danos aos pneus, e ao mesmo tempo não causam forte ruído de rodagem em asfalto. A aspereza geral também foi beneficiada com a utilização desse tipo de pneu mais borrachudo.
Na calibração da suspensão os cursos da suspensão dianteira e traseira são bem generosos e não apresentam ruído de final de curso ao passar por qualquer tipo de obstáculo, como lombadas. Quando o final de curso de compressãoé atingido não há ruídos indesejáveis. O balanço de movimentação entre os eixos é muito bom e o carro ficou macio, confortável e bem adequado para seu propósito de uso.
O mesmo padrão de qualidade foi obtido na calibração do sistema de direção com assistência elétrica através de motor de passo na árvore de direção. O esforço estático é muito bom e a progressão indexada à velocidade do carro cresce continuamente. Apenas a centragem do volante poderia ser mais positiva, mas já aprendi que os engenheiros da Fiat têm a tendência de deixar esse ajuste no limiar inferior. Isso já faz parte do DNA Fiat de calibração de direção.
Conteúdo limitado
O visual externo do carro é bem chamativo, principalmente este carro avaliado de cor externa branca com todas as faixas e molduras em preto. O carro aparenta ter maior comprimento, mas não tem. É mais alto, em parte pela levantada da suspensão e pneus, e complementado pelas barras longitudinais no teto. Estas têm encaixes que permitem instalar barras transversais constantes do catálogo de acessórios Mopar, da FCA
Mas ao se aproximar do carro aparecem algumas decepções. Os bancos são revestidos em tecido e o volante de direção não tem revestimento. Apesar do câmbio automático seria esperado o controle de velocidade de cruzeiro, mas essa funcionalidade não é disponível em nenhum dos dois pacotes de opcionais disponíveis, que são:.
Kit Trekking Plus – Câmera de ré, chave presencial e ar-condicionado digital – R$ 2.600
Kit Trekking Full – Câmera de ré, chave presencial, ar-condicionado digital, retrovisor externo rebatível elétrico e com luz de cortesia, descansa-braço central para motorista, volante revestido em couro, bancos revestidos com tecido que imita couro e encosto do banco traseiro dividido – R$ 6.000.
Fica o consolo para o para-brisa com faixa degradê de série, a central multimídia com tecnologia Android Auto e Apple CarPlay, porém que ainda exige a conexão via cabo. No console central há uma porta USB frontal e uma traseira, além de uma tomada 12 V.
O controle digital e automático do ar-condicionado funciona muito bem com a vantagem do botão de AC Max, onde o sistema comuta para a mais baixa temperatura e mais alta velocidade do ventilador, obtendo-se assim um rápido resfriamento da cabine. Manter a temperatura da cabine não é um problema principalmente com o bom fluxo de ar obtido com os três difusores centrais.
Conclusão
Trata-se de um carro bem adequado para uso urbano ou rodoviário com a versatilidade de enfrentar estradas de terra com boa desenvoltura. Os níveis de ruído interno e vibrações não incomodam e permitem boa interlocução entre os passageiros.
O Argo Trekking, assim como toda linha Argo tem bom espaço interno, boa posição de dirigir com a vantagem desta versão ter ajuste de altura do volante e do banco do motorista. Bom espaço para acomodar dois adultos no banco traseiro, já o terceiro ocupante fica com conforto prejudicado.
É esperado que a Fiat introduza novos motores de menor cilindrada e turbocarregado em sua linha de produtos em um futuro próximo. Isso deve proporcionar menor consumo de combustível e trazer maior prazer ao dirigir que também pode ser expressado como fun to drive. Por enquanto, o Fiat Trekking 1,8-l é vendido apenas com câmbio automático de 6 marchas por R$ 72.990 e pode ser acrescido dos pacotes de opcionais mencionados acima. A versão câmbio manual é encontrada apenas com motor 1,3-l, já avaliado por Bob Sharp.
GB
FICHA TÉCNICA FIAT ARGO TREKKING 1,8-L AUTOMÁTICO | |
MOTOR | |
Designação | 1.8 E.torQ VIS FLEX |
Descrição | 4 cilindros em linha, dianteiro transversal, aspiração natural, comando único no cabeçote com variação de fase, corrente, 4 válvulas por cilindro, atuação indireta por alavanca, fulcrum com compensação hidráulica da folga de válvulas, coletor de admissão de dois roteiros, flex |
Diâmetro x curso (mm) | 80,5 x 85,8 |
Cilindrada (cm³) | 1.747 |
Potência (cv/rpm, G/A) | 135/139/5.750 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 18,8/19,3/3.750 |
Comprimento da biela (mm) | n.d. |
Taxa de compressão (:1) | 12,5 |
Injeção / Ignição | Marelli, eletrônica digital com bobinas individuais incorporada ao sistema de injeção nos dutos |
TRANSMISSÃO | |
Fabricante | Aisin |
Tipo | Transeixo dianteiro com câmbio automático de engrenagens epicíclicas de 6 marchas à frente mais ré; com conversor de torque, trocas manuais sequenciais pela alavanca, tração dianteira |
Relações de transmissão (:1) | 1ª 4,459; 2ª 2,508; 3ª 1,556; 4ª 1,142; 5ª 0,852; 6ª 0,672; ré 3,185 |
Relação do diferencial (:1) | 3,683 |
Estol do conversor de torque (rpm) | 2.600 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Relação de direção | |
Voltas entre batentes | 2,7 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,5 |
Diâmetro do volante de direção (mm) | 370 |
FREIOS | |
Atuação | Servoassistido a vácuo, ABS e distribuição eletrônica das forças de frenagem |
Dianteiro (Ø mm) | Disco ventilado (284) |
Traseiro (Ø mm) | Tambor (203) |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 6Jx15 |
Pneus | 205/60R15H |
Estepe | Temporário, roda de aço, pneu 185/60R15 |
Marca dos pneus | Pirelli Scorpion ATR M+S |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,34 |
Área frontal calculada (m²) | 2,33 |
Área frontal corrigida (m²( | 0,792 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.002 |
Largura sem espelhos | 1749/2.005 |
Altura (vazio) | 1.568 |
Distância entre eixos | 2.520 |
Bitola dianteira/traseira | 1.461/1.496 |
Distância mín. do solo (vazio/carregado) | 210/185 |
Ângulo de entrada (graus) | 20,4 |
Ângulo de saída (graus) | 33,2 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.264 |
Carga útil | 400 |
Peso rebocável (sem freio) | 400 |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 300 |
Tanque de combustível | 48 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV (km/l) | |
Cidade (G/A) | 9,4/6,6 |
Estrada (G/A) | 11,9/8,6 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 10,4 |
Retomada de velocidade 80-120 km/h (s) | 7,9 |
Velocidade máxima (km/h) | 180 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 na relação mais longa (km/h) | 46,3 |
Rotação a 120 km/h, últ. marcha (rpm) | 2.600 |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 4.900 |
GARANTIA | |
Veículo todo (anos) | 3 |
Plano de garantia estendida (opcional) | até 3 anos adicionais |
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