O ritmo de vendas diárias alcançado em novembro último foi praticamente de um ano sem pandemia. Foram 10.724 emplacamentos/dia de automóveis e comerciais leves, índice somente 7% inferior ao mesmo mês do ano passado. Fôssemos considerar apenas o varejo, a diferença cairia para meros 2%.
Na reunião com a imprensa no dia sete deste mês, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, apontou haver vários fatores que nos fazem ver 2021 com ainda mais otimismo. Onze dias depois, em novo comunicado da entidade, publicou-se um estudo da Webmotors com entrevistados, que mostrava haver maior interesse na aquisição de veículos zero-km, do que na mesma entrevista um ano atrás e ainda com maior expectativa para concretizar negócios no primeiro semestre de ’21. Tal estudo se contrapõe a outros que recebera ao longo do último mês, que procuravam explicar a alta de vendas como um reflexo temporário da demanda reprimida pela pandemia e que a normalização seriam vendas menores adiante, com as explicações de praxe, desemprego, inflação, ausência das reformas fiscal e administrativa, desempenho fiscal, etc. Todas preocupações corretas, porém ainda não se sabe o efeito direto ou indireto nas vendas, compradores exibem otimismo acima do normal.
Ainda em momento delicado e que deve perdurar até atingir-se significativo número de vacinações anti-covid no país, as incertezas à frente são maiores do que as certezas de costume. Quem faz planejamento para o ano que vem sabe bem o que estou falando. Enquanto o segmento do varejo já encontra vendas em níveis pré-pandemia, o fim do coronavoucher lhes deve trazer um impacto bem superior do que o segmento de bens duráveis, como o de automóveis, evidente. Como então projetar crescimento adiante de 3%, 5% ou mesmo dois dígitos percentuais?
Voltemos ao mês de novembro. As vendas de comerciais leves foram 8% superiores, puxadas pelo fator Nova Fiat Strada. Alguns modelos de comerciais leves, utilizados para trabalho e já maduros de mercado também registraram alta nesse comparativo.
Ao todo, emplacaram-se 225.010 autoveículos, sendo 214.486 automóveis e comerciais leves, 9.143 caminhões e 1.381 ônibus. Exportações também apresentaram leve crescimento com a reabertura do mercado de nossos tradicionais clientes.
As vendas diretas também tiveram leve avanço, 40,6% para automóveis e 68,6% para comerciais leves, ainda distantes de mesmos patamares observados um ano atrás e com uma explicação lógica. Alguns fabricantes optaram por reduzir sua participação com o canal a frotistas — leia-se locadoras — o que tem lhes causado falta de veículos de locação, por um lado e por outro lado vemos deve haver certa queda de braço mais à frente até que haja novo equilíbrio.
Nas análise do desempenho de mercado por região, as vendas para o norte e centro-oeste se recuperam melhor que para a região sudeste, que justamente é onde estão concentradas as principais locadoras.
Notou-se alguns modelos em forte queda nos faturamentos a concessionários, falamos do VW up! e os modelos Etios da Toyota. Houve rumores que estes últimos da marca japonesa teriam sua produção encerrada e espera-se de ambos fabricantes um pronunciamento a respeito em breve.
Neste dezembro a Mercedes comunicou o encerramento de suas operações de montagem de automóveis no país, o que causou certo lamento para alguns e apreensão para outros. Há ainda mais três operações de fabricação de veículos do segmento de luxo, a BMW, a Land Rover e a Audi. Curiosamente foi a marca bávara que registrou melhor desempenho, com vendas 2% superiores a novembro do ano passado, ou 1.202 unidades. Seu carro-chefe, o sedã Serie 3, figurou em 44º lugar no ranking dos mais vendidos do mês e em 50º lugar no acumulado de onze meses, o que é um feito, em se considerando ser um modelo de nicho diminuto e elevado preço.
RANKING DO MÊS E DOS ONZE MESES
Fiat voltou a liderar as vendas pelo terceiro mês consecutivo, ainda graças ao desempenho excepcional da Nova Strada. Com 21% de crescimento sobre mesmo mês de ’19, a marca italiana vive momento particularmente favorável. A GM reagiu e recuperou uma posição, sendo que emplacou três modelos entre os dez mais vendidos, Onix (foto de abertura) em 1º, Onix Plus em 2º e Tracker, em 8º.
No acumulado do ano a marca da gravatinha dourada permanece líder, com 296.339 unidades vendidas e espera-se encerre o ano na frente. Sem grandes trocas de posição à vista. Importante registrar que no mês passado, das dez maiores marcas, três tiveram avanço sobre novembro de ’19.
Onix seguiu na frente e com bom crescimento sobre o mês anterior, a despeito de a GM haver tirado concentração nas vendas diretas (ranking diretas na última seção desta coluna). Em seguida Onix Plus, HB20, Argo, Gol. Três suves entre os dez primeiros.
Nos comerciais leves a Strada e Toro em 1º e 2º, respectivamente, dominando mais de 50% do segmento de picapes. Em seguida S10, Hilux, Saveiro. No acumulado do ano a picape compacta da Fiat é a única cujas vendas empatam com 2019, num segmento que encolheu 18%.
Um ano difícil e uma pandemia ainda fora de controle, que pode levar à nova onda de restrições de circulação nas próximas semanas.
Desejo a todos nossos leitores um Feliz Natal e um Ano Novo de saúde segura, esperança e otimismo redobrados.
Até mês que vem!
MAS