Cada vez mais raros no mercado nacional, os esportivos estão partindo de vez, e quando se olha pra trás, bate uma saudade de tudo o que a indústria nacional já ousou fazer por aqui. Agora, uma coisa é fato: quando se quer fazer, se faz! Dois carros que tenho convivido ultimamente, e que são a prova disso, são o Ford Ka XR e o Renault Sandero R.S. Em épocas e momentos diferentes, mas com aquele intuito único, proporcionar uma experiência sensorial e prazerosa ao condutor. E a receita? Bem, a receita pode ter peculiaridades de cada fabricante mas, na prática, o objetivo é sempre alcançado.
Ka XR, quem imaginaria que um dia alguém iluminado tivesse esta brilhante ideia de colocar um motor de maior cilindrada no diminuto automóvel, e que a Ford Experimental Research fosse aprimorando suas características dinâmicas, a cada volta de teste, apostando no feeling e na sensorialidade, com base nos erros e acertos, e transformando este pequeno subestimado num devorador de curvas. Mesmo 20 anos depois este pequeno ainda surpreende, e é difícil encontrar algo tão divertido quanto ele. Tenho trabalhado para restaurar o meu exemplar, e logo quero postar um pouco de sua história!
Também tenho a alegria de uma vez ao mês lavar o Sandero R.S. de um grande amigo, e ele faz questão que eu o busque e leve posteriormente, como se me brindasse com esta árdua tarefa de dirigi-lo! É um momento único dirigindo este hot hatch nacional, que se parece muito com o Ka em sua proposta, só que, logicamente, tudo mais extremo. A Renault também sabia a receita da felicidade ao enxergar no Sandero este potencial, assinado nada menos que pela divisão Renault Sport.
Não quero me atentar a detalhes técnicos, já que estes você pode encontrar de ambos no AE e em várias páginas da internet, mas sim ao feeling de cada um! Respostas rápidas de direção, câmbio de escalonamento fechado (close ratio) mantendo o motor sempre pronto para qualquer retomada. O próprio som do motor invadindo o habitáculo, comportamento sobre-esterçante (sair de traseira) do Ka mesmo sendo de tração dianteira, e mais neutro no Sandero, transmitindo muita estabilidade, frenagem excelente, e por aí vai.
Se olharmos apenas para a frieza dos números isso não empolga, e há quem diga que nem esportivos são, pois esportivos precisam de potência elevada! Têm que ser caros! Terem números de desempenho surpreendentes, mas, na verdade, este pensamento não passa de um mito na minha humilde opinião. Afina,l eu acredito que a esportividade está mais ligada a comportamento e sensorialidade do que a números e preços.
Quando dirijo o Ka XR vejo como a simplicidade pode trazer encanto. Não há nada demais ali, apenas uma boa posição de dirigir, pedais corretos, bancos competentes, mas entregam muito prazer ao dirigir, despertando no motorista entusiasta todo o desejo de dirigir rápido, e ao mesmo tempo suave. E ao volante do Sandero R..S, com muito mais comodidade, é claro, mas mantendo aquela essência de que foi concebido apenas para provocar sensações, prazeres, deleite em todo autoentusiasta.
Encerro meu texto fazendo uma menção honrosa a todos os esportivos nacionais que já foram fabricados por aqui! Você pode citá-los nos comentários, vamos lá!
Um abraço a todos!
Rodrigo Canozi
Piraquara – PR