Coluna 3814 10.set.2014 rnasser@autoentusiastas.com.br
Na mesma Afallterbach, cidadezinha a meia hora de Stuttgart, Alemanha, onde surgiu como oficina há 47 anos, e no novo prédio abrindo a série de 20 galpões, a AMG, assimilada e divisão da Mercedes-Benz, lançou-se o AMG GT. Automóvel de rendimento esportivo, foca no mítico Porsche 911 Carrera S, para ocupar lugar de destaque no mercado dos carros de atitude. É um superesportivo.
Produto inteiramente novo, sucede o SLS e suas portas abrindo para cima, exibindo credenciais como o chassi e carroceria em alumínio — nesta se excetua a tampa traseira, em aço, material para dar rigidez e estrutura anti-torcional.
Não é apenas mais um. Alarga a trilha aberta com o SLS para declarar ser agora fabricante, evolução do trabalho de desenvolver Mercedes-Benz, e após ter vendido 32 mil veículos em 2013. A aparência, o novo motor, a disposição esportiva, a capacidade de ser aplicado como carro de corrida, servirão como imagem aos automóveis Mercedes. Tobias Moers, condutor da AMG, foi sintético: o GT será o embaixador da marca.
Muda tudo
Chassi, interior cuidado demonstrando evolução visual, casamento com a carroceria curvácea, dimensões e conceitos do mítico 300 SL Asa de Gaivota, incluindo o longo capô, o motor recuado, entre eixos, e a exclusividade mecânica da marca de utilizar transeixo traseiro, tudo se integra em nome de criar bandeira tecnológica. Tudo feito na AMG.
As linhas se marcam pelas superfícies lisas, pela aparência musculosa oferecida pela frente baixa, os largos pára-lamas, as grandes tomadas de ar frontais para arrefecer líquidos como a água de arrefecimento e o óleo do motor, e a baixa altura permitida pelo novo motor V-8 a 90 graus, 4 litros e cárter seco, o que permitiu ser rebaixado 5,5 cm.
Formas têm indubitável caráter esportivo e a distribuição de volumes criou traseira mesclando linhas do referencial Asa de Gaivota, e as do seu mirado concorrente 911 S Porsche. Famosa estilista de moda Coco Chanel dizia, elegância era se produzir simplesmente e depois tirar 50% do conjunto. Parece, os designers, time próprio e novo arrebanhado pela AMG, sabiam disto. O GT dispensa riscos, rasgos, reentrâncias, dobras. As formas são limpas, lisas, sem adereços ou frescuras. Transforma os naturalmente comparados Ferraris e Lamborghinis em coisas barrocas perto de sua limpeza. Um belo design.
Interior segue a filosofia. Não é espartano com o Ford GT, de fugaz porém marcante passagem. É cuidado, harmonioso, rico em materiais e cuidada combinação, incluindo as linhas de harmonização do painel e a centralização dos comandos no largo, alto e estrutural console sobre o tubo de torque, ligando o motor à transmissão. Mudanças de marcha por alavanca no console ou pelas borboletas sob o volante.
Futuro
Dieter Zetsche, o comandante da Mercedes automóveis, responsável pela renovação de modelos em nome da reconquista da liderança do mercado premium, em conversa com os jornalistas brasileiros, e com saudação em português, concordou com a postura não exposta nas apresentações, quanto ao nascimento de outra marca para a Mercedes e, também, que a iniciativa não se resumirá ao novo GT, desdobrando-se em outros produtos. Passo corajoso.
Não se falou de capacidade industrial produtiva. Construir em alumínio, buscando compatibilizar baixo peso com resistência estrutural exige muitas intervenções e muitos elementos, processo muito distante do fazer uma plataforma convencional com meia dúzia de solenes golpes por prensas e linhas de solda. É um limitador quantitativo.
Oficialmente não se falou em preço. Crê-se, seja anunciado no Salão de Paris, neste mês, mas as especulações projetam-no superior aos US$ 90 mil do visado Porsche 911 Carrera S. Projeções entre material, mão de obra, o delta valorativo de ser um Mercedes, e o objetivo de concorrer com o 911 o detenha entre US$ 100 mil e US$ 120 mil. No Brasil, sem prazo para chegar, o modelo anterior SLS, de aquecimento industrial para chegar aos atuais produto e postura da AMG, foi vendido inicialmente a R$ 700 mil. Chegará à Europa em dezembro, aos EUA em março, pós-Salão de Detroit e na China, maior mercado do mundo, em abril.
Informação atribuída a fontes da Mercedes diziam ser maior: em 115 mil e 130 mil — euros.
Mercedes não quer pagar pela nova imagem. Quer, com o GT, a divisão AMG sustentável e lucrativa.
Resumo
Motor V-8, novo, 32 válvulas, injeção direta, dois turbos no vale do “V”, 462 cv na versão de entrada e 510 na S, torque de 66,3 m·kgf entre 1.750 e 4.500 rpm, pressão dos turbos entre 1,2 e 2 bar. Versão S acelera de 0 a 100 km/h em 3,8 s e final de 310 km/h. câmbio de sete marchas no eixo traseiro, controle eletrônico na versão S, 1540 kg e consumo com motor 462-cv, ciclo europeu, quase 11 km/l, baixas emissões. E um som grave e viril.
Ferrari: crise com Fiat. E venda?
Ao fim do GP da Itália de F-1, em Monza, domingo passado, após outra dupla vitória da até agora pouco batida Mercedes, Sergio Marchionne, o executivo nº. 1 da Fiat Chrysler, perguntado sobre mais uma derrota da Ferrari, e em sua terra, cobrou publicamente ações de Luca di Montezemolo, presidente da companhia. E, instigado, sobre a possibilidade do executivo, de carreira brilhante, deixar a empresa, disse que ninguém é insubstituível. Poucos dias depois a Fiat anunciava que Montezemolo deixará o cargo em 13 de outubro, que passará a ser ocupado por Marchionne.
A então eventual possibilidade, que mais parecia recado, foi vista pelo sistema bancário italiano como a abertura da possibilidade de venda da Ferrari, pertencente à Fiat, e hoje avaliada em US$ 5 bilhões, em especial pelo fato das derrotas da empresa diminuírem o valor de suas cotas. Tal montante, pela parte pertencente à Fiat, é ansiado como reforço de caixa ante muitas contas geradas pela compra da Chrysler e os planos de renovação dos produtos da marca.
Na crise que quase degolou a empresa há alguns anos, a família Agnelli, controladora, desfez-se de muito patrimônio extra-automóvel para salvar a Fiat. E, para blindar a Ferrari, ícone nacional e símbolo da italianidade, sobre a possibilidade de perda ou venda, excetuou-a, sem incluir no pacote que reuniu todas as suas marcas sob o controle da Fiat Auto SpA.
Agora situação parece diferente. Montezemolo, 67, é executivo vitorioso, ex-presidente da Cofindustria, a confederação das indústrias italianas, dono de negócios de charme, como os óculos WEB, dos relógios Girard-Perregaux, recém criou companhia de estradas de ferro para concorrer com a rede estatal. Na Fiat, então braço direito do capo di tutti capi, o mandão maior Gianni Agnelli, fez boa gestão, e na Ferrari transformou-a em marca de griffe, aumentando produção, preços, lucros, gerando o valor muito superior aos bens físicos.
Há dias foi convidado a dirigir a fusão das companhias aéreas Alitalia e Etihad.
Montezemolo tomou estrada da dignidade e demitiu-se. Mas a saída não parece problema. Este será vender a Ferrari a cliente não italiano. Causará trauma na Itália.
Picape, o segundo produto Jeep em Goiana
Após o Jeep Renegade – vendas pós-Carnaval, pois nem Jeep consegue superar os obstáculos da mídia e atenções durante a festa – a fábrica de Goiana, PE, terá segundo produto: um picape.
Coisa arrumada, diferenciada, situando-se em porte e preço acima de Strada e Saveiro, e abaixo de Nissan Frontier, Mitsubishi, VW Amarok, Ranger, Toyota Hilux e Chevrolet S10. Terá dimensões assemelhadas a estes picapes, então ditos médios, quando surgiram há 20 anos.
Nas diferenças, além do porte está estrutura monobloco — demais ditos médios aplicam chassis em longarinas e travessas —, e suspensão independente nas 4 rodas.
Motorização flex e diesel. Motores 2,0, 160 cv, e 2,4, 170 cv, ciclo Otto, flex, e turbodiesel 2,0 170 cv, importados, de produção Fiat. Câmbio em estudo de viabilidade: manual de seis marchas e versões de topo com caixa robotizada de dupla embreagem, oito ou nove marchas – como em versão do Jeep Renegade.
Ao lançamento, os dois extremos, com motor flex, tração simples, dianteira, e o diesel 2,0, tração nas quatro rodas e reduzida.
Piloto de avaliação de uma das mulas — veículo disfarçado para não conseguir ser definido — foi sintético: rodar muito mais para automóvel que para picape. Coerente. Todos os picapes de tração traseira feitos no Brasil utilizam-se do secular eixo traseiro rígido, desconfortável no andar por transmitir as irregularidades sentidas por uma roda à outra, além da vibração e da pouca aderência em frenagens de emergência. Têm andar encabritado e sensações de caminhão pequeno. A suspensão independente nas 4 rodas muito amplia o conforto no rodar.
Ciclo
Repete a história. A marca Jeep, mais emblemática variante de automóvel, ao lançar seu picape, na virada dos anos 1940, optou por tê-lo menor ante os então concorrentes. Renova o enfoque e a perceptível diferença para seduzir clientela: conforto de rolagem, melhor dirigibilidade e segurança em estabilidade e frenagem, permitidos pela suspensão independente em todas as rodas.
Negócio
Fiat, agora uma das marcas da FCA — Fiat Chrysler Automobiles —, implanta grande área industrial no Nordeste. Não é tão somente mais um endereço, enclave para produzir mais Fiats. Pode ser, venha a êlos. Mas base do negócio é relançar marcas Alfa Romeo, Dodge, e Jeep no Brasil.
Novas linhas, novos produtos, novas redes de revendedores. Empreendimento impactante, para 250 mil unidades anuais, fornecedores instalados no sítio industrial, grande passo para sedimentar a ousadia da matriz Fiat que, em menos de uma década, se transformou: de empresa quase falida, a preocupante concorrente no mercado, líder no Brasil, quinto mercado mundial.
RODA-A-RODA
Mudou – Após seu Fit 2015 receber pontuação marginal em teste de impacto do Insurance Institute for Highway Safety, IIHS, de seguradoras — Honda mudou suporte do pára-choque frontal. Trocará em 12.000 unidades vendidas.
Aqui – Honda Brasil interpreta a ação como correção e não a aplicará aqui. Diz: “A informação divulgada pela Honda americana sobre o novo Fit nos EUA não se referiu a um recall por falha de produto. Em alguns mercados existem ações chamadas de PUD — Product Update — onde é possível chamar clientes para efetuar atualizações de produto. A alteração em pauta significa uma mudança do produto a fim de se obter melhores classificações no índice ISSH. Dessa forma, não existe relação com a especificação do Fit produzido no Brasil.”
Bom começo – Série First Edition, inicial de 1.927 unidades — número registra o ano de criação da companhia — do novo utilitário esportivo Volvo XC90, lançado pela Internet, vendeu em 47 horas.
Conceito – Marca tão forte, clientela nem quis saber se o novo motor, de projeto chinês, substituindo os antigos Ford EcoBoost, é bom ou não.
Atualidades – Volvo de automóveis, investe seriamente em segurança e resistência, há anos foi comprada pela Ford e, pré-crise econômica dos EUA, vendida aos chineses da Geely.
Audi + – Apesar de economia instável no mundo, Audi consegue superar performance do mercado. E agora quer vender 1,7M de unidades em 2014. Previsão anterior era 1,5M.
O Gato – Jaguar fez enorme festa, criou música, envolveu personalidades inglesas, lembrou ações do agente 007, incluindo trazer o carro de helicóptero sobre o rio Tâmisa até uma lancha de alta velocidade que o levou até o final.
Razão – Com o modelo XE, sedã médio, quer triplicar as vendas. O espaço estava vazio desde a saída de produção do modelo X-Type, um Mazda de motor transversal e tração dianteira, repelido pelos compradores.
Armas – Intenso uso de alumínio na plataforma modular e na carroceria, motor V-6, 3,0, turbo com 340 cv, tração traseira, câmbio de oito marchas, aceleração de 0 a 100 km/h em 5,1 s, grande espaço interno, o XE foca competir com BMW Serie 3 e Mercedes Classe C. Lançamento em setembro no Salão de Paris. No Brasil, Salão do Automóvel, outubro.
2008 – Vazaram na Internet fotos do 2008, mini-utilitário esportivo a ser lançado pela Peugeot. Thomas Merchant, diretor da marca na matriz, confirma lançamento para o Salão do Automóvel, outubro.
Foco – Peugeot, disse o executivo, aplicará enorme plano de reestruturação no Mercosul para implementar negócios, melhorar as más vendas do bom 208 no Brasil. Investirá para promover imagem da marca aqui, Uruguai e Chile. Plano de reestruturação é nome elegante de corte de pessoal.
Mercado – Vendas de 19.132 veículos em agosto significou à Renault crescer 0,4% relativamente aos números de agosto 2013, no período mercado encolheu 17%. Novo Sandero e Logan lideram a marca.
Acerto – Decisão da Renault em fazer localmente veículos da romena linha Dacia — Logan, Sandero e Duster —, sugeria condenar o mercado a produtos de segundo nível. Entretanto salvou a operação, fê-la rentável e a mais vendida após as quatro grandes.
Finalmente – Quase um ano após, executivo da Fiat recordou o Leão de Ouro, recebido no último festival do filme publicitário em Cannes, França. Primeiro da América do Sul, disputando contra empresas grandes e de enormes orçamentos — IBM, Google et cetera.
Festa – O prêmio à companhia não tem sido capitalizado como conquista diferenciativa. Foi lembrado por Lélio Ramos, diretor comercial. Durante a apresentação do Uno Novo De Novo, mantinha a estatueta em mãos.
Vem aí – Sobre a nota da Coluna passada quanto ao início da produção local do Golf, Volkswagen esclarece: começará em 2015. Golfs mexicanos, com algumas simplificações relativamente aos modelos alemães atualmente à venda, iniciam ser importados até início da comercialização dos nacionais.
Charme – Nova atividade da Mercedes, alugar carros e utilitários esportivos com e sem blindagem mais Sprinter, tem promoção para os finais de semana: locação de sexta feira ao meio dia, até segunda, mesmo horário, pagará apenas duas diárias. Mais? Gestor de Negócio-Locação de Veículos Eduardo Mamede (11) 99882-5727 / Nextel:ID.94*131796.
Tecnologia – O sistema de partida Start-Stop, desenvolvido pela Bosch e equipando o Novo Uno exige motor de arranque mais forte, cremalheira reforçada no motor e bateria para suportar seguidamente as demandas. Fiat estreia as novas Heliar EFB, com placas positivas revestidas por malha, capacidade de 60 A·h e partida de 500 A.
DNA – Pedro, 16, o mais novo dos Piquet, é campeão de Fórmula 3 Sul-Americana, mesmo faltando duas provas para terminar o campeonato. Venceu 13 das 18 provas e é o único piloto a marcar pontos em todas.
Desinteresse – Cadillac sedã de 1951, serie 62, ex do ex-presidente argentino Juan Domingo Perón, e pertencente a outro argentino famoso, o pentacampeão de F-1 Juan Manuel Fangio, leiloado pela Silverstone Auctions. Autorização por herdeiros, atingiu US$ 203.504 – uns R$ 450 mil.
Não combina – Fangio implantou em Balcarce, sua terra natal, o melhor museu de automóveis na Argentina doando, obtendo, reunindo excelente acervo. Passou e os herdeiros vendem o que podem. Há meses trocaram por moedas um Torino Gran Routier, o modelo sedã, também do ex-campeão. Ninguém na Argentina, governo ou colecionadores se mexeu.
Gente – Sydney Latini, economista, passou. OOOO O Dr Latini, como reverenciado, foi o secretário-geral do Geia. OOOO No grupo encarregado de implantar a indústria automobilística, assunto novo, conseguiu gerir desenho de reconhecida eficiência. OOOO Deixou um livro, o melhor do tema, sobre a implantação desta indústria, e amigos agradecidos pelo convívio rico. OOOO
Um novo Uno para liderar
Quatro anos após lançá-lo, Fiat apresentou nova edição do Novo Uno. Assume o nome, e o antigo será mantido em produção, como veículo de menor preço. Ampla reformulação em todos os grupos, de mecânica, estilo e conteúdo, contém diferenciadores como o sistema Dualogic de automatização do câmbio através de botões, como o fazem Ferrari e o Alfa Romeo 4C e, para os conscientes do meio ambiente, o sistema Start-Stop, desligando o motor ao parar em sinais, cruzamentos. Reduz consumo e emissões, em circuito de pára e anda, em até 20% do volume. Opcional sistema fixo ao painel, o Easy For You recebe o smartphone, utiliza sua tela, faz e recebe ligações por Bluetooth, vira GPS.
A colocação de atrativos diferenciados e as numerosas mudanças, atingindo até a estrutura, tem a pretensão de ampliar suas vendas em 30%. Hoje quarto lugar na lista dos mais vendidos no mercado, tal percentual somado às vendas atuais o levariam a 13.000 vendidos mensalmente. Tal número embolará a disputa pelo primeiro lugar nas vendas domésticas, lideradas por outro Fiat, o Palio, disputando com o VW Gol a posição de mais vendido. Outro da marca, o picape Strada, comanda as vendas dos picapes pequenos, e é tremendo adjutório na soma que leva a Fiat à liderança do mercado, como o faz há 13 anos.
RN