Falar em Alfa Romeo sempre nos recorda dos sedãs, cupês e conversíveis de belas linhas, admirados por todos os entusiastas por automóveis. Para quem já era nascido na década de 1940, ver nas ruas os FNM 2000 JK, depois o timb (Turismo Internacional Modelo Brasileiro), o 2150 e finalmente o 2300, era sempre um deleite para os olhos. E os importados mais lembrados da marca, trazidos por Piero Gancia e Emilio Zambello, da Jolly, eram os Giulia TI (Turismo Internazionale), Giulia Sprint GT Veloce e Spider. Nas corridas nacionais víamos os Giulia TI Super e Giulia GTA, entre outros. A esposa de Piero, Lulla Gancia, começou nas pistas com um Giulietta TI, um lindo carro.
Elevada à posição de marca premium no grupo Stellantis, a tradicional e icônica Alfa Romeo acaba de receber a garantia de investimentos pelos próximos dez anos, para que regresse aos tempos de glória. Ela é uma das 14 marcas que fazem parte da Stellantis: Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS Automobiles, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram, Vauxhall. Além dessas, também são do grupo as seis marcas relacionadas com automóveis: Comali, Free2move, Leasys, Mopar, SRT e Teksid.
O português Carlos Tavares, presidente-executivo da Stellantis, disse que “faremos o que for preciso para que a Alfa Romeo se torne altamente rentável, com a tecnologia certa”. Essa declaração foi proferida durante o evento “Future of the Car”, do Financial Times. Tavares recordou que “no passado, foram muitos os concorrentes que tentaram comprar a Alfa Romeo. Para esses interessados, a marca tem, efetivamente, um grande valor. Penso que estão certos. Tem realmente um grande valor”. Garantiu que quer proporcionar condições à Alfa Romeo para que esta volte aos seus tempos áureos. A Stellantis assume, desde já, que isso envolverá algum tipo de eletrificação, embora mantendo sempre o foco na dinâmica de condução.
Nesse mesmo momento, chegam ao mercado as versões Giulia GTA e GTAm, baseadas no Giulia Quadrifoglio. O motor V-6 de 2,9 litros e dois turbocompressores, de 517 cv, desse modelo que serve de base, passou para 548 cv nos GTA e GTAm. A produção será limitada a apenas 500 unidades, numeradas. Serão pintadas apenas em verde, branco e vermelho, as cores da bandeira italiana.
A história começa em 1961, em Balocco, na província italiana de Vercelli, onde a Auto-Delta desenvolveu o mítico “Gran Turismo Alleggerita” em 1965, baseado na linha de cupês Giulia Sprint GT, muito populares aqui no Brasil naquela época. Em 1963 a empresa se tornou Autodelta SpA ao ser comprada pela Alfa Romeo.
Para as versões atuais, as soluções técnicas contaram com a competência da Sauber Engineering e a contribuição dos pilotos da Alfa Romeo Racing Orlen, Antonio Giovinazzi e Kimi Räikkönen. São aperfeiçoamentos nas áreas de aerodinâmica e suspensão, para um comportamento ainda mais esportivo.
A aerodinâmica foi especialmente projetada para aumentar a downforce, a força vertical descendente, recorrendo no caso do GTAm, ao novo aerofólio traseiro, ajustável em quatro posições e ao defletor dianteiro ativo, que pode ser prolongado em até 40 mm para utilização nas pistas. A pesquisa aerodinâmica em túnel de vento não se limitou aos apêndices aerodinâmicos, mas também no desenvolvimento da parte inferior da carroceria. Os GTA e GTAm receberam novo extrator de ar, capaz de aumentar o efeito-solo, garantindo excelente comportamento em altas velocidades. No Giulia GTAm a configuração aerodinâmica triplica a downforce em comparação com o Giulia Quadrifoglio e duplica a obtida pelo GTA.
Outras das funcionalidades desenvolvidas incluem o sistema de escapamento central Akrapovic de titânio, integrado ao difusor traseiro em compósito de fibra de carbono. As rodas de 20 polegadas de diâmetro têm porca central, montadas com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2, especialmente desenvolvidos para o carro. As bitolas foram alargadas, em relação ao Quadrifoglio, são mais 25 mm na dianteira e 50 mm na traseira. A evolução da suspensão e da direção assegura maior velocidade em curva, mas sem prejudicar o conforto.
O motor V-6 de 2,9 litros, com bloco, cabeçotes e cárter de alumínio, passou para 548 cv nos GTA e GTAm. Com dois turbocompressores, recebeu meticuloso trabalho de desenvolvimento e calibração pelos engenheiros da Alfa Romeo e da Bosch. Arrefecimento do motor e do câmbio, desenho de pistões e bielas foram os principais pontos revistos. No GTAm a Bosch produziu duas unidades de controle eletrônico, uma para cada bancada de cilindros, que controlam a injeção e a pressão dos turbos, entre outros parâmetros. A empresa alemã também é responsável pela direção eletroassistida dos carros.
O veículo inteiro teve seu peso reduzido em 100 kg, graças à adoção de materiais leves, como compósito de fibra de carbono nos para-choques, paral-amas e caixas de rodas dianteiras. Assim como o Quadrifoglio, o mesmo material é usado no teto e no capô. Os bancos são de compósito de fibra de carbono e no GTAm o policarbonato é utilizado no lugar dos vidros laterais e traseiro, contribuindo ainda mais para a redução do peso.
Diferentemente do GTA, o Giulia GTAm — que é homologado para utilização normal — tem apenas dois lugares, com estrutura traseira para proteção em caso de capotagem. A versão GTA tem cinco lugares e é um verdadeiro supercarro familiar. Graças ao controle de largada, são necessários apenas 3,6 segundos para acelerar de zero a 100 km/h.
Parece que não será muito difícil para a Alfa Romeo continuar produzindo belos carros, de estilo arrebatador e desempenho esportivo. Amém.
AB