No momento em que a GM segue com falta de componentes e é impedida de produzir Onix, o HB20, juntamente com o Fiat Argo, ganha a simpatia dos consumidores e apresenta bons resultados de vendas. A grade frontal que gerou tanta controvérsia no seu lançamento já tem melhor aceitação, assim como as lanternas traseiras, que aparentavam estar invertidas, mas não estão. Foram desenhadas para ficar nessa posição mesmo.

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Nesta semana a Hyundai nos emprestou esse modelo de entrada para que eu pudesse dar uma segunda opinião. O Bob Sharp dirigiu e fez uma avaliação completa em novembro 2020, agora é minha vez de analisar os principais atributos desde modelo de entrada que tem preço público sugerido a partir de R$ 61.890.

Motor e câmbio

Anos atrás se alguém dissesse que os motores 1-litro de três cilindros com aspiração atmosférica e quatro válvulas por cilindro atingiriam 80 cv de potência máxima, muitos diriam que seria impossível, apesar da marca mítica de 100 cv por litro ser o objetivo de todos os fabricantes. Acredito que ainda chegarão lá. O motor Kappa 1-litro tricilindro do HB20 entrega 75/80 cv a 6.000 rpm e tem torque máximo de 9,4/10,2 m·kgf a 4.500 rpm.

Os números de desempenho podem até ser frustrantes para os tempos atuais onde temos muitos carros atingindo os 100 km/h em menos de 10 segundos, portanto os 15,4/14,5 segundos podem decepcionar. Porém, dirigindo o carro, onde nem sempre estamos em plena aceleração (TPS 100%) a sensação em acelerações parciais é bem agradável, e percebe-se a força que ainda sobra caso se progrida um pouco mais no pedal da direita. A velocidade máxima de 158/161 km/h é facilmente alcançável, demonstrando a boa aerodinâmica dessa carroceria.

Com apenas 989 kg de peso em ordem de marcha, o consumo de combustível é um ponto positivo a realçar. No trecho de 110 km da rodovia dos Bandeirantes a 120 km/h (real no GPS) entre São Paulo e Campinas o consumo foi 12,9 km/l de álcool, enquanto os números homologados junto ao Inmetro indicam 12,8/8,1 km/l em cidade e 14,6/10,1 km/l em rodovia.

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Outro destaque positivo fica para o câmbio manual de 5 marchas com engates muito leves e precisos. Poderia ter uma sexta marcha para melhorar consumo e reduzir ainda mais o nível de ruído interno. O esforço do pedal de embreagem também é agradável com boa modulação e a saída em rampa fica facilitada pelo assistente de partida em aclive. E como o Bob observou, o escalonamento do câmbio é bem adequado, e à medida que sobe marcha, as quedas de rotações são menores entre as marchas.

O gráfico mostra um escalonamento “acadêmico”, perfeito, com queda de rotação na trocas cada vez menores. Trocando no corte a 6.500 rpm, de 1ª para 2ª a rotação cai para 3.600 rpm; 2ª-3ª, 4.040 rpm; 3ª-4ª, 4.650; e 4ª-5ª, 5.220. À velocidade máxima em 5ª, o motor está a 5.730 rpm, apenas 270 rpm abaixo da rotação de pico de potência.

Para condução mais esportiva fica devendo um melhor escalonamento de pedal de freio com acelerador para permitir punta-tacco com maior facilidade. É possível faze-lo, mas exige uma reacomodação do pé direito.

Dinâmica veicular

Poderia dividir a avaliação em dois aspectos. O primeiro é quanto a conforto e movimentação geral da suspensão. Não tem nada que desabone o trabalho de calibração feito pelos engenheiros da Hyundai para o HB20 rodar no nosso solo lunar. O equilíbrio entre os eixos é bom e traz sensação de conforto para os ocupantes. A aspereza de rodagem é similar a outros veículos dessa categoria, e para ser melhor teriam que investir muito mais em buchas de suspensão e/ou subchassi montado por elastômeros, o que encareceria o produto.

O outro aspecto observado é o roll steer (esterço pela rolagem da carroceria). Ao entrar em curvas de raio médio, a rolagem da carroceria, mesmo que bem contida, provoca um aumento do esterço das rodas, fazendo com que o carro tenda a fechar mais a curva. Esse efeito é mais sensível em velocidades mais elevadas e apesar de não trazer insegurança ao veículo a ponto de perder a dirigibilidade, causa desconforto pelas correções de volante que são necessárias para manter a trajetória ideal.

Diâmetro do volante e empunhadura estão bem ajustadosO sistema de direção com assistência elétrica tem bom ajuste de esforço para todas as faixas de velocidade, com progressão indexada à velocidade. O volante de 370 mm de diâmetro permite boa empunhadura e possui os comandos do sistema de som e telefonia incorporado ao raio esquerdo.

Freios a disco ventilados na dianteira e tambor na traseira são suficientes para o tamanho, peso e carga máxima de 431 kg do HB20, e a modulação do pedal de freio quanto a esforço x curso x desaceleração tem bom equilíbrio.

Carroceria

Por fora tem desenho compacto com tampa do porta-malas bem inclinada e destacada pelo defletor superior que vem incorporado. Na coluna traseira, a moldura plástica na cor preta faz a emenda do vidro da porta traseira com o vidro vigia traseiro, e passa a sensação de teto flutuante.

Os frisos cromados que proporcionam o efeito joia (jewell effect) foram suprimidos e deram lugar a peças pintadas de preto fosco ou preto brilhante, o conhecido Black Piano, um recurso para reduzir o preço dos componentes sem perder tanto em aparência, e ainda dando um ar jovial ao carro.

O conjunto final da obra ficou bom pois as linhas do carro ajudam, e por si só, os vincos que se vê desde o para-choque dianteiro, passando pelas laterais e finalizando na traseira, invocam o sentido de movimento ao veículo. Essas linhas são complementadas e realçadas pelos enormes faróis e lanternas traseira.

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No interior encontra-se a simplicidade sem ser pobre. Apesar de não vir equipado com central multimídia, coisa rara no momento atual, o rádio tem o mostrador montado de forma flutuante no centro do painel de instrumentos, os botões de operação são mecânicos e traz a comodidade de pareamento Bluetooth para reprodução de música ou chamadas telefônicas.

O sistema de ar-condicionado tem funcionamento silencioso e eficiente com comandos de operação bem posicionados na porção central do painel. O resfriamento da cabine é rápido e a manutenção de temperatura também. Adota o recurso de cortar o funcionamento do compressor em arrancadas e retomadas de velocidade, retomando a operação após alguns segundos, sem que chegue a ocorrer aquecimento da cabine. Recurso este muito bom para motores de menor potência, porém é utilizado também em carros de todas as faixas de potência.

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A simplicidade é vista também no ajuste manual dos espelhos retrovisores externos, nas calotas das rodas e na inexistência de regulagem do volante de direção. Mas o bom posicionamento do volante em relação ao banco do motorista permite boa posição de dirigir. Os bancos são revestidos em tecido e tem conforto acima da média para carros desse segmento.

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O conforto acústico é obtido através de ressonador no duto de admissão de ar, e bom trabalho de calibração de coxins de motor que filtram as vibrações inerentes ao motor de três cilindros. O painel corta-fogo (dash) tem revestimento fonoabsorvente, e a falta de revestimento na parte interna do capô não prejudicou o resultado final. Somente em rotações acima de 5.000 rpm é notado maior pressão sonora dentro da cabine.

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Veredicto

Se a busca é por um carro de baixo custo de aquisição e baixo custo de manutenção, visto que o HB20 tem preços de revisões tabelados, este pode ser uma das boas opções do mercado. Não tem um tamanho diminuto como os carros pequenos, e tem espaço suficiente para até 5 adultos. Quatro viajam confortavelmente.

A garantia é de 5 anos sem limite de quilometragem, e é dada por uma marca que se solidifica cada vez mais neste mercado, com ótimos índices de qualidade e reduzido nível de crítica de seus consumidores. Estaria aí a fórmula para o bom resultado de vendas que vem apresentando mês a mês?

GB